Situação se agrava no Entorno

Jéssica Moura
Ana Isabel Mansur
postado em 22/03/2021 23:10 / atualizado em 23/03/2021 08:22
 (crédito: Ed Alves / CB / D.A. Press                                )
(crédito: Ed Alves / CB / D.A. Press )

A situação da covid-19 no Entorno do Distrito Federal segue alarmante. Até a tarde de ontem, segundo dados da Secretaria de Saúde de Goiás (SES-GO), das 18 regiões consideradas, 17 estavam em situação de calamidade, e uma em alerta crítico. No Entorno Sul — formado por Águas Lindas, Cidade Ocidental, Cristalina, Luziânia, Novo Gama, Santo Antônio do Descoberto e Valparaíso — a taxa de transmissão do vírus está em 1,69 — cada 100 pessoas podem contaminar, em média, outras 169. Além disso, a mortalidade por covid-19 nessa área aumentou 19,23%, e a ocupação de leitos em unidades de terapia intensiva (UTIs) públicas e privadas para pacientes com a doença chegou a 99,67% (leia Raio-X).

No Hospital de Campanha de Luziânia, visitado pelo Correio ontem, não havia vagas disponíveis para tratamento da doença. Temendo o agravamento da situação, os prefeitos de Águas Lindas, Cidade Ocidental, Luziânia, Valparaíso e do Novo Gama resolveram aderir ao lockdown estadual. Algumas delas adotaram as medidas restritivas na semana passada, com validade inicial até 30 de março. As demais começaram a seguir novas normas ontem.

Antes da publicação do decreto que detalha as restrições, a reportagem havia percorrido alguns desses municípios. Na Cidade Ocidental, apesar do movimento menos intenso, as lojas estavam abertas. No Hospital Municipal, porém, uma fila se formava à porta da unidade de saúde, e os pacientes chegavam a esperar por mais de uma hora pela triagem. Na iminência do fechamento das atividades não essenciais, o comércio no Novo Gama e em Luziânia funcionou de maneira praticamente normal: lojas abertas, transporte público em operação, moradores nas praças e pessoas sem máscaras ou usando-as de modo incorreto.

Em Santo Antônio do Descoberto, as atividades não essenciais funcionavam de forma restrita desde 17 de março — das 5h às 18h e só durante a semana. Entregas em domicílio podem ocorrer até meia-noite, inclusive aos fins de semana. Mas a venda de bebidas alcoólicas está liberada só de segunda a quinta-feira, das 8h às 18h. Já os serviços essenciais podem funcionar todos os dias, porém, das 5h às 20h. No Novo Gama, filas se formavam na calçada da principal avenida comercial da cidade, à entrada de da casa lotérica. Contudo, muitas lojas não estavam abertas e tinham os toldos abaixados.

Colapso

Mesmo com o comércio funcionando com ressalvas, o movimento nas ruas de Valparaíso era intenso, ontem. As medidas restritivas estavam em vigor e, no fim de semana, os estabelecimentos tiveram de manter as portas fechadas. Valdenir Rodrigues, 40 anos, é gerente de uma loja de colchões e teme que as medidas restritivas se prolonguem por mais do que duas semanas. “É difícil. Precisamos trabalhar, tenho dois filhos para criar. Se fecharem, vou ter de voltar a fazer serviço de moto para conseguir uma renda extra. Tento segurar (o dinheiro) o máximo possível”, afirma.

Em Luziânia, à porta do hospital inaugurado em maio do ano passado para atender infectados pela covid-19, acumulavam-se pacientes em busca de atendimento. O hospital conta com 40 leitos de UTI, 20 de enfermaria e dois na sala vermelha. Contudo, todos estavam ocupados, segundo uma funcionária da unidade de saúde que preferiu não se identificar.

Depois de apresentar sintomas da infecção pelo coronavírus, a estudante Bruna de Oliveira, 16, visitou o hospital da cidade com o pai, o técnico administrativo Cleiton de Oliveira, 36. “Os comerciantes acham ruim (o fechamento das atividades). Entendo o lado deles, mas é necessário, para diminuir o contágio. Falta um equilíbrio, uma medida que dê certo para todo mundo. Tenho medo de chegar em nossa casa. E acabou de chegar uma pessoa intubada (no hospital, ontem). Dá uma aflição”, diz Bruna.

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  • Comércio às vésperas do lockdown em Luziânia (GO)
    Comércio às vésperas do lockdown em Luziânia (GO) Foto: Ed Alves / CB / D.A. Press
  • Movimento intenso no comércio de Luziânia
    Movimento intenso no comércio de Luziânia Foto: Ed Alves / CB / D.A. Press
  • Chegada de cilindros de oxigênio reabastecidos
    Chegada de cilindros de oxigênio reabastecidos Foto: Ed Alves / CB / D.A. Press
  • Fila para testagem de covid-19 no centro de saúde de Valparaíso (GO)
    Fila para testagem de covid-19 no centro de saúde de Valparaíso (GO) Foto: Ed Alves / CB / D.A. Press
  • Valdenir Rodrigues é gerente em loja de colchões no Valparaíso (GO). Primeiro cliente só apareceu às 11h
    Valdenir Rodrigues é gerente em loja de colchões no Valparaíso (GO). Primeiro cliente só apareceu às 11h Foto: Ed Alves / CB / D.A. Press
  • Fila em lotérica do Novo Gama (GO)
    Fila em lotérica do Novo Gama (GO) Foto: Ed Alves / CB / D.A. Press
  • Ruas movimentadas em Luziânia (GO)
    Ruas movimentadas em Luziânia (GO) Foto: Ed Alves / CB / D.A. Press
  • Aglomeração em ponto de ônibus do Novo Gama (GO)
    Aglomeração em ponto de ônibus do Novo Gama (GO) Foto: Ed Alves / CB / D.A. Press

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