PANDEMIA

Denúncia: funerárias apontam falhas na liberação das vítimas de covid-19

Corpos sem a identificação correta, sem o saco mortuário ou deixados em locais inadequados são algumas das principais queixas de quem trabalha no serviço funerário no DF

Cibele Moreira
postado em 24/03/2021 12:06 / atualizado em 24/03/2021 12:07
Homem que morreu em decorrência da covid-19 é enrolado em lençóis por falta de saco mortuário no Hospital de Ceilândia -  (crédito: imagem cedida ao Correio)
Homem que morreu em decorrência da covid-19 é enrolado em lençóis por falta de saco mortuário no Hospital de Ceilândia - (crédito: imagem cedida ao Correio)

O serviço funerário — profissão essencial no período da pandemia — tem sofrido na hora de retirar os corpos vítimas da covid-19 nos hospitais do Distrito Federal. De acordo com a presidente da Associação das Empresas Funerárias do DF, Tania Batista da Silva, é recorrente que agentes funerários encontrem situações inadequadas referentes aos protocolos definidos para os casos de óbitos pelo novo coronavírus. “Temos casos de corpos sem a identificação da pessoa, tendo que abrir o saco mortuário para conferir se é a pessoa. E isso é todo dia”, ressalta.

Tania Batista relata ainda um episódio grave que ocorreu no último sábado (20/3), no Hospital Regional de Ceilândia (HRC). “Recebi uma denúncia de que um homem, obeso, estava enrolado em vários lençóis brancos, no corredor, por falta do saco mortuário adequado. Fui lá e tinha cinco corpos lá, na mesma situação, por falta de saco. A funerária não aceitou pegar o corpo que faleceu no dia 20, às 16h53. E só foi retirado no domingo (21/3), às 15h, para ser sepultado às 16h, após resolver a questão do invólucro", relata. De acordo com ela, no protocolo, está especificada a necessidade de dois invólucros em corpos de vítimas de covid-19, para ter maior segurança — o que, segundo Tania, não é feito.

Em nota, a Secretaria de Saúde informou que não procede a informação de que o corpo, no Hospital de Ceilândia tenha ficado por pelo menos 24h em um corredor. “Houve, sim, um atraso no procedimento em função do volume corporal e da indisponibilidade, naquele momento, de invólucro compatível com as dimensões do corpo, que foi transferido para a anatomia”, ressaltou a nota.

Uma outra denúncia, relatada por Tania, ocorreu no Hospital Regional do Guará, no qual vários corpos aguardavam no chão à espera do serviço funerário. “Isso é muito triste. Penso nas famílias que têm seus entes queridos nessa situação. É lamentável que isso continue acontecendo. Nós estamos aí a um ano de pandemia, a um ano do protocolo. Não é falta de conhecimento. É muito triste o que está acontecendo”, pontua a presidente da Associação das Empresas Funerárias do DF.

Sobre esse caso, a pasta informou que os cadáveres estavam em um tablado de madeira, e não no chão. "São casos isolados e precisam ser vistos dessa forma para que não sejam divulgadas informações equivocadas para a população do DF", destacou a Secretaria de Saúde. 

Desde 26 de março de 2020, os protocolos de segurança sanitária são obrigatórios em casos de mortes pelo novo coronavírus. Entre as regras estabelecidas está a recomendação de como deve ser feita a transferência do corpo para o necrotério e, posteriormente, à mortuária das funerárias. A exigência é de se colocar em uma bolsa sanitária biodegradável e impermeável (sacos de remoção) que atenda às características técnicas sanitárias de resistência à pressão dos gases internos, estanqueidade e impermeabilidade. A introdução na bolsa deve ser feita dentro da própria sala de isolamento, pelo servidor da unidade hospitalar. Uma vez fechada a bolsa, ela não poderá mais ser aberta. Além disso, é necessário borrifar uma solução sanitizante em toda a área externa do saco para evitar contaminações à terceiros.

Em nota, a Secretaria de Saúde informou que segue todos os protocolos estabelecidos e que, havendo denúncias serão apuradas. 

 

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