REABERTURA DO COMÉRCIO

Comerciantes do DF se preparam em meio à incerteza sobre reabertura

GDF projeta retomada gradual a partir de segunda-feira, mas confirmação depende da taxa de transmissão da covid-19

Jéssica Moura
postado em 26/03/2021 06:00
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Diante da perspectiva de reabertura parcial do comércio a partir da próxima segunda-feira, os lojistas vivem dias de grande expectativa para saber se a medida anunciada na semana passada pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) vai se confirmar. Enquanto isso, planejam resgatar as práticas que estavam em vigor antes do fechamento dos estabelecimentos para evitar o contágio pela covid-19 nas lojas.

“A orientação é não deixar o pessoal dentro da loja sem máscara, com álcool para as pessoas limparem as mãos, colocar o tapete molhado e não permitir aglomerações”, afirma o presidente do Sindicato do Comércio Varejista (Sindvarejista), Edson de Castro.

Quando o chefe do Executivo local baixou a norma que restringiu as atividades comerciais, a taxa de transmissão do novo coronavírus estava em 1,08, mas chegou a 1,35 neste mês. O governo monitora esse valor para definir a revogação das restrições. Agora, com o isolamento, o boletim da secretaria de Saúde informa que esse índice caiu para 0,99, o que sinaliza desaceleração nos contágios, embora ainda próximo da taxa de estabilidade, que é de 1.

Por isso, Castro acredita que o governo deve voltar atrás na decisão da reabertura. “Na minha visão, não abre, pela situação que estamos vivendo, muito complicada, está morrendo muita gente”, avalia. Segundo ele, essa incerteza “causa uma insegurança muito grande nos lojistas”.

Lojistas

Denizi Nunes é proprietária de uma loja de joias na avenida Comercial, em Taguatinga Norte. Por lá, a maior parte dos estabelecimentos está com os toldos abaixados, e o movimento de clientes nas calçadas é pequeno. Denizi explica que vai aproveitar as adaptações feitas ao longo da pandemia nesta nova fase. “A gente vai colocar álcool na entrada, limpando todas as cadeiras quando o cliente sai. A loja aqui é bem grande, tem 125 m², mas se encher, a gente coloca a grade”, explica. Uma das estratégias será agendar os atendimentos.

Para ela, a restrição dos horários é ainda mais prejudicial. “Se você tem menos tempo para ir a um lugar, vai ter mais gente”, pondera. “Aqui não é a 25 de março. Eu acho que tem como conciliar o trabalho com a pandemia, porque uma das maiores fontes de contaminação é o transporte público”, defende a comerciante. “A gente tem esperança de que melhore. Com a loja aberta, você vende mais que apenas no (comércio) on-line. Se voltar ao patamar do ano passado, já é uma vitória”, diz.

Sem novos pronunciamentos sobre a situação da pandemia, Jehad Kamal, dono de uma loja de artigos esportivos, afirma que a incerteza quanto ao futuro dificulta o planejamento. “A gente só ficou sabendo que vai abrir, mas não fomos informados como vai funcionar, não temos certeza do que precisa ser feito.”

Ele calcula que o impacto do fechamento do comércio sobre as vendas neste último mês foi de quase 80%. “Acaba sobrando para o lado mais fraco”, lamenta. O que se mantém é graças ao sistema de delivery, que continua em operação: pelo número do WhatsApp, os clientes fazem os pedidos e buscam os produtos na entrada da loja.

Decreto

Segundo o decreto publicado no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) em 19 de março, o comércio de rua — como lojas de roupas, calçados, confecções, lavanderias e serviços de tecnologia — poderá funcionar em horário reduzido: das 11h às 20h. Já os shoppings poderão abrir das 13h às 21h, inclusive as praças de alimentação, onde deve ser guardado o distanciamento de pelo menos dois metros entre as mesas.

Outro segmento que poderá retomar as atividades é o de salões de beleza. Para isso, porém, esses estabelecimentos terão de atender por marcação de clientes para evitar as aglomerações, das 10h às 19h. Nas academias de ginástica, o horário é mais amplo: das 6h às 21h. Contudo esses locais precisam fechar duas vezes ao dia para desinfecção dos equipamentos.

Os bares e restaurantes também poderão reabrir, mas por menos tempo, apenas das 11h às 19h. A norma limita a quantidade de pessoas por mesa a seis clientes. Os atendimentos a consumidores em pé ou aglomerados está proibido. A permissão para reabertura se estende ainda aos cinemas, teatros, clubes e agências de viagem.

Mesmo com a flexibilização das restrições, o toque de recolher está mantido das 22h às 5h. Segundo o governo, a fiscalização do DF Legal continuará nos moldes atuais, e os agentes patrulharão as ruas do DF entre 8h e 2h.

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