RECURSOS HÍDRICOS

Adasa lança campanha para destacar importância da água aos brasilienses

Com o conceito "Quem tem água, cuida. O maior presente é ter água no futuro", o conjunto de ações será divulgado em painéis luminosos instalados em rodovias, mídia em ônibus e metrô, rádio, redes sociais, sites, blogs e portais, até 21 de abril.

A água é fonte da vida. Não importa quem somos, o que fazemos ou onde vivemos, nós dependemos dela. A semana da água coloca em pauta a importância do recurso hídrico, e o Dia Mundial da Água, celebrado no domingo, reforça o cuidado que se deve ter com o recurso e faz o alerta quanto aos impactos da ação humana sobre os rios e a necessidade de preservação.

Para destacar a importância da água no cotidiano da população brasiliense, a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa) lançou uma campanha institucional. Com o conceito “Quem tem água, cuida. O maior presente é ter água no futuro”, a iniciativa motiva a manutenção do consumo responsável no ambiente rural e urbano.

O conjunto de ações será divulgado em painéis luminosos instalados em rodovias, mídia em ônibus e metrô, rádio, redes sociais, sites, blogs e portais, até 21 de abril. De acordo com a Agência, a intenção da campanha, que ocorre em meio a uma crise sanitária e humanitária no Brasil e no mundo, é trazer uma mensagem de esperança em relação às oportunidades de conservação da água.

“O objetivo é incentivar a manutenção do consumo responsável no dia a dia da população e trazer uma mensagem de esperança quanto às oportunidades de conservação da água no ambiente rural e urbano”, explica o diretor-presidente da Adasa, Raimundo Ribeiro. De acordo com ele, a ação está sendo realizada no momento em que os principais mananciais do DF operam com sua capacidade máxima e o período de seca se aproxima. “Por meio da campanha, a Adasa convida a população a continuar fazendo sua parte, utilizando a água de forma racional no seu dia a dia, fato que contribui com a segurança hídrica no DF”, afirma Ribeiro.

Nesta quarta-feira (24/3), a Adasa lançará virtualmente o Manual de outorgas. O documento, que ficará disponível no site da instituição, será utilizado como ferramenta para orientação e análise no processo de concessão de outorgas e contribuirá com a gestão sustentável dos recursos hídricos do DF. “Ele traz regras claras, como critérios e limitações, para quem estiver fazendo requerimento do uso da água”, detalha o diretor-presidente.

Outra atividade que será realizada na Semana da Água é a homenagem aos produtores rurais que participam do Projeto Produtor de Água no Pipiripau. Em reconhecimento pelo segundo lugar conquistado no início deste ano no concurso “Water ChangeMaker Award”, a Agência entregará aos agricultores um diploma, e a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) emitirá moção de louvor pelos serviços ambientais prestados por eles na Bacia Hidrográfica do Ribeirão Pipiripau.

De acordo com Ribeiro, a Adasa tem buscado o aprimoramento contínuo dos seus processos de gestão de recursos hídricos para garantir água em quantidade e qualidade para os diversos usos no DF. “Essa gestão só é possível se puder contar com o engajamento da sociedade, que é quem, de fato, faz o uso desse recurso tão precioso. Por isso, nesta data, ressaltamos a importância do uso racional e consciente da água, para garantirmos a segurança hídrica no DF”, reforça. “A população faz a diferença, quem consome água é quem tem a capacidade de reduzir o consumo mudando hábitos”, completa.

Consumo

Mas, afinal, para onde vai esse recurso? Desde 2009, a Agência Nacional de Águas (ANA) divulga a cada quatro anos o relatório Conjuntura dos Recursos Hídricos, com objetivo de medir a carga de consumo de água no país, indicando quantidades, qualidades, gerenciamento, ciclo das águas e dispositivos de controle de crises hídricas.

Segundo levantamento feito em 2019, as principais demandas de água estão na irrigação, com 68,4%, e o abastecimento animal, com 10,8% do total. Estima-se que o agronegócio tem possibilidades de expansão de pelo menos 76 milhões de hectares no Centro-Oeste, o que deve aumentar o consumo de água.

Por isso a importância de os produtores buscarem constantemente um melhor aproveitamento do solo, da água e das florestas visando à sustentabilidade. A indústria é a terceira da lista, consumindo 8,8% da água do país. Apesar do gasto elevado, muitos agricultores resolveram adotar medidas em suas plantações com o intuito de fazer uma boa gestão da água e evitar gastos desnecessários.

É o caso da aposentada e produtora rural Suely Damasceno Takeda, 67 anos, que é responsável pela plantação de hortaliças, ervas medicinais e frutas orgânicas. A chácara, localizada na Apa da Cafuringa, comunidade da Fercal, conta com técnicas de plantio que visam a uma boa gestão do recurso hídrico. Dentre elas, água por gravidade que vem de nascentes recuperadas e a técnica de gotejamento e aspersão.

“Na nossa comunidade, a preservação é o ponto primordial. Com essas técnicas, conservamos as árvores nativas do cerrado, mantemos as grotas reflorestadas, replantamos árvores do bioma, gerando assim economia de água que cria biodiversidade”, conta a produtora. Para Suely, é importante que os produtores saibam como preservar com respeito e o devido conhecimento.

Suely explica que o local antes não era bem cuidado. “O fogo vinha e matava todas as mudinhas novas do cerrado, sementes que estavam guardadas há tempos e que estavam conseguindo renascer. Os antigos donos não tinham a preocupação de cuidar das nascentes”, lembra. A partir de então, a produtora começou a cuidar do local. “Muitas pessoas queriam vir conhecer como poderíamos, no meio do mato, manter e conseguir colher tudo isso, porque não acreditavam que seria possível plantar dessa forma, e continuamos. Hoje, conseguimos colher hortaliças, frutas, plantas para chás”, celebra.

De acordo com a produtora, o objetivo se mantém: “Queremos salvar cada vez mais uma mudinha nascendo e o solo e nascentes se mantendo intocados. A partir do momento que se mantém assim, as Minas irão brotar de novo”. “Acredito que, como produtora rural, esse é o lema que todos devem seguir: cuidar, cuidar, cuidar. Sem água não sobrevivemos, a plantinha não vai sobreviver, assim como os animais. Se nós tivermos essa consciência vamos mostrar para os nossos jovens e crianças que é possível fazer isso sem magoar ou machucar o meio ambiente”, arremata.

Saulo Brandão/Divulgação - O agricultor José Wellington Alves dos Santos, 46, também optou por estratégias de uso racional da água

Uso Racional

O agricultor José Wellington Alves dos Santos, 46, também optou por estratégias de uso racional da água. Ele explica que produz hortaliças de frutos, como tomate italiano, pepino japonês e pimentão, e diz que as medidas se dividem em duas frentes. “Por um lado, evitamos fornecer mais água do que uma cultura necessita. Calculamos a lâmina d’água necessária para cada cultura que plantamos e, por meio do uso de fitas gotejadoras de baixa vazão, aplicamos a quantidade necessária durante um turno de irrigação (inicio da manhã) para cada área”, afirma.

A iniciativa dá uma aplicação localizada da água na área de interesse que é a raiz da planta. “Por outro lado, reduzimos a perda por evaporação de qualquer excedente cobrindo o solo com uma camada de palha, a chamada cobertura morta, ou mulching”, pontua. Além de maximizar recursos e diminuir custos, existe a vantagem de dar à planta apenas o necessário. “Diferente do que se pode pensar intuitivamente, no caso da água, mais é menos. Em outras palavras, alcançamos um equilíbrio tanto produtivo, como no controle doenças de solo causadas por excesso de água no solo”, acrescenta.

Para José, a água não é um bem individual, mas um recurso de uso comum. “Considerando que a agricultura é uma das atividades que mais consome água como insumo produtivo, todo esforço no sentido de maximizar o uso do recurso, reduzindo ao máximo o desperdício, se reverte em ganho para a comunidade na forma de manutenção racional dos aquíferos.”

Hoje em dia, com a disponibilidade abundante de informação sobre o rareamento dos recursos, o agricultor diz que não se pode mais se esconder sob a desculpa de não saber que a água é um bem de uso comum, raro, e precioso. “Eu não faço muito, mas faço o que posso por senso de responsabilidade com o meio ambiente e por dever cívico, comunitário. Ambos critérios muito raros na vasta maioria das propriedades agrícolas do DF”, observa.

Água potável

Estima-se que apenas 0,77% da água do mundo esteja disponível para o consumo humano. Essa quantidade não está distribuída igualmente por todo o território e, por isso, existem locais onde esse recurso é bastante escasso. Além da escassez de água, enfrentamos o problema da baixa qualidade desse recurso. A poluição causada pelas atividades humanas torna a água disponível imprópria para o consumo.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), uma em cada três pessoas no mundo não possui acesso à água potável e três bilhões de pessoas não possuem instalações básicas para lavar as mãos de forma adequada. Esse quadro é preocupante, pois está relacionado com uma série de doenças, e o hábito de lavar as mãos pode prevenir várias enfermidades. Entre elas, a covid-19, doença que tem se alastrado no mundo sendo responsável por milhões de mortes.

Como toda a população necessita de água para a sua sobrevivência, em julho de 2010, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou, por meio da Resolução A/RES/64/292, que a água limpa e segura e o saneamento básico são Direitos Humanos. Sendo assim, a água de qualidade e o saneamento básico passaram a ser um direito garantido por lei. Entretanto, ainda falta muito para que todas as pessoas tenham esse direito realmente garantido.