Pandemia

Covid-19: "Tirei uma cruz muito pesada dos ombros", diz idoso vacinado

No Parque da Cidade, fila é formada por mais de 500 carros. A imunização de quem tem 66 anos começou hoje (3/4) no Distrito Federal, porém, só há 1.116 doses disponíveis

Adriana Bernardes
Larissa Passos
postado em 03/04/2021 09:24 / atualizado em 03/04/2021 14:18
 (crédito: Minervino Junior/CB/D.A Press)
(crédito: Minervino Junior/CB/D.A Press)

O medo de ficar sem vacina leva centenas de idosos de 66 anos a formar longas filas na manhã deste sábado (3/4), nos três postos de drive-thrus destinados ao atendimento desta faixa etária. No Parque da Cidade, a fila tem mais de 500 carros. Em Águas Claras, a cena se repete e até um helicóptero sobrevoa a Unieuro para monitorar a situação. Para atender a demanda, a Secretaria de Saúde ampliou o horário de atendimento para até às 17h. 

Fila de carros para imunização em Águas Claras
Fila de carros para imunização em Águas Claras (foto: Joseana Siqueira/cedida ao Correio)

O primeiro da fila no Parque da Cidade é o servidor público Zacarias Pereira, 66 anos, morador do PSul, em Ceilândia. Ele chegou às 13h30 de sexta (2/4) para garantir a imunização. Voltou para casa por volta das 22h30, por conta do toque de recolher. Quando soube que há 18 mil pessoas nessa faixa etária e apenas 1.116 imunizantes na primeira fase, ele fez as contas e correu para garantir a primeira dose. 

"Estamos nessa situação, com tantas mortes no país, com tanta tristeza. Acreditamos bastante na medicina. O medo da gente é grande, porque já somos da idade e muitos de nós temos problemas de saúde, que é a tal da diabete, a pressão alta e mais outras enfermidades.

Qual a sensação de ser o primeiro da fila? Para Zacarias, que chegou às 5h de hoje e tem a senha entregue ontem pela secretaria, é como se tivesse tirado uma cruz muito pesada dos ombros. "Esse é um momento que a gente está se sentindo um pouco mais leve. É uma sensação de que algo veio nos ajudar para nos manter vivos diante da morte que nos livramos", celebra.

Poucas doses

No Parque da Cidade, a corrida pela vacina começou às 13h de sexta-feira (3/4) e, como os idosos não arredavam o pé, a Secretaria de Saúde distribuiu senhas garantindo que eles poderiam voltar para casa. Na manhã desta sábado, a situação é a mesma.

Os gestores da pasta informaram que, mesmo as pessoas que não estiveram pegaram senhas, serão imunizadas. Para isso, serão feitas duas filas. Uma para quem tem a senha e a outra, para quem não tem a ficha. Agentes do Departamento de Trânsito (Detran) vão atuar orientando os idosos e seus familiares sobre qual fila pegar.

O agravamento da pandemia, com aumento de casos e de mortes, além da pequena quantidade de doses do imunizante destinadas a este público explicam, em parte, o sacrifício das famílias. A Secretaria de Saúde abriu a vacinação para essa faixa etária com apenas 1.116 doses.

Dos 116 mil imunizantes enviados ao GDF, o Ministério da Saúde especificou, com base no Plano Nacional de Imunização, que a maior parte seria destinada ao grupo que necessita receber a segunda dose. Neste momento, 1.116 unidades devem ser aplicadas nos idosos com 66, parte de imunizantes serão para o início da vacinação das forças de segurança e, as demais, para a segunda dose. Assim que o GDF receber mais frascos, mais idosos nesta faixa etária serão vacinados. 

Luto e esperança

Carregando o luto pela perda de amigos e a experiência de ter ficado internada por 13 dias com covid-19, a aposentada Regina Coeli, 66 anos, chegou ao Parque da Cidade às 8h30, quando cerca de 500 veículos já estavam por lá.

Sem a senha, ela nutre a esperança de conseguir a primeira dose, mesmo sabendo que deverá manter rígidos protocolos sanitários, como o distanciamento social, o uso de máscaras e de álcool em gel.
Defensora da imunização, ela conta que vacinou os filhos quando pequenos. E comemora o fato de a filha e o genro, que vivem nos Estados Unidos, já terem se vacinado contra a covid-19.

Perguntada se acredita na melhoria do cenário após a população ser vacinada, ela considera imprevisível. “Primeiro porque muitas pessoas acham que, tomando a vacina, estão imunes e não é bem assim. Mas a esperança é grande”, diz.

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  • Fila de carros para imunização em Águas Claras
    Fila de carros para imunização em Águas Claras Foto: Joseana Siqueira/cedida ao Correio
  • Carros na fila para vacinar contra a covid-19, no Parque da Cidade
    Carros na fila para vacinar contra a covid-19, no Parque da Cidade Foto: Minervino Junior/CB D.A Press
  • Fila de carros para vacinar contra a covid-19, no Parque da Cidade
    Fila de carros para vacinar contra a covid-19, no Parque da Cidade Foto: Minervino Junior/CB D.A Press
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