Pela prioridade na fila

Entidades pedem inclusão no grupo prioritário da campanha de vacinação. Entre os que fizeram manifestações, ontem, no DF, estão representantes de rodoviários, portadores da Síndrome de Down e conselheiros tutelares

Ana Maria Silva - Cibele Moreira - Larissa Passos
postado em 07/04/2021 21:15
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)


A luta pela inclusão na lista do grupo prioritário para vacinação contra a covid-19 é urgente para diferentes setores e associações do Distrito Federal. Ontem, três grupos realizaram protestos na Esplanada dos Ministérios, solicitando a imunização imediata. Dentre eles, os rodoviários, que fizeram uma carreata reivindicando a chegada de mais doses para que a categoria seja imunizada. De acordo com o Sindicato dos Rodoviários do DF, o ato foi para cobrar a agilidade do Ministério da Saúde na distribuição dos imunizantes, já que o GDF se comprometeu a colocar motoristas e cobradores como prioridade na campanha de imunização.

“Esse ato é exclusivamente para cobrar do governo federal a entrega de vacinas com mais agilidade. Estamos atendendo um clamor da categoria”, destacou o vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários do DF, João Jesus de Oliveira. A categoria soma 22 mortes em decorrência do novo coronavírus. Oliveira destacou que, mesmo tomando todos os cuidados para evitar a contaminação pela doença, os profissionais correm riscos diariamente ao enfrentar ônibus lotados na capital. “O sindicato vem orientando os trabalhadores, com o uso de máscara, que não fiquem mais de duas horas com a mesma e a troquem, que usem álcool em gel e evitem passar a mão nos olhos. Mesmo com a precaução, a categoria é contaminada. Não vamos esperar que morra mais gente”, afirma.

Cerca de 200 ônibus foram usados no protesto. De acordo com Oliveira, os coletivos que participaram na manifestação não estavam em horário de expediente.

Síndrome de Down

Também preocupados com a vacinação, a Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (FBASD) foi às ruas ao lado das entidades DFDown, Movimento Down, Ápice Down e da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE-DF) para solicitar ao governo local a imunização imediata de pessoas acima de 18 anos com síndrome de Down. O ato teve cerca de 50 veículos em frente ao Palácio do Buriti.

A funcionária pública aposentada Rosângela Santos Rosa, 61 anos, mãe de Wagner Rodrigo, de 30 anos, que tem Down, revela que a vacinação contra a covid-19 é muito importante para esse grupo, já que são pessoas sensíveis e que costumam ter muitos problemas de saúde. “Desde que eles nascem têm problemas, até de coração. Então, é muito importante que eles se vacinem e tenham prioridade para evitar mortes, caso contraiam o vírus”, disse.

Embora a vacinação desse grupo esteja prevista para a terceira fase da campanha, com as pessoas com comorbidades, a presidente da DFDown e diretora da FBASD, Cléo Bohn, disse que o processo precisa ser antecipado levando em consideração a extrema vulnerabilidade, devido à dificuldade em manter as medidas de segurança, à intolerância sensorial ao uso de máscara, à dificuldade em reconhecer os sintomas e à baixa imunidade. Pessoas com Down também têm alta incidência de obesidade, diabetes, problemas cardíacos e problemas respiratórios, o que os torna mais vulneráveis.

Conselheiros

Após a terceira morte pela covid-19 entre conselheiros tutelares do DF, servidores da categoria também foram para a frente do Palácio do Buriti pedir prioridade na vacinação para os profissionais. A manifestação durou cerca de uma hora. Em seguida, o grupo se dirigiu ao cemitério Campo da Esperança, em Taguatinga, para se despedir da colega Irailma Ribeiro Lima Passos, 36, vítima do novo coronavírus.

Ela estava hospitalizada há 30 dias para tratar a doença, e, ontem, não resistiu. Irailma estava grávida de quatro meses do primeiro filho. A morte da conselheira foi um alerta para a categoria, que perdeu três servidores, dois conselheiros tutelares e um suplente.

Para a conselheira Raglene Ferreira Vicente, 38, a preocupação é enorme, principalmente com as novas cepas e os casos mais graves que estão ocorrendo. “Eu mesma estou com muito medo. Em agosto, estive acometida pela doença e passei para meus familiares. Foi bem difícil. Agora com os casos de reinfecção, e bem mais graves do que antes, tenho muito receio de pegar novamente”, relata.

A Secretaria de Saúde informou que não há previsão para a inclusão das categorias nas primeiras etapas da campanha de vacinação. “A ampliação dos grupos prioritários depende do número de doses a serem disponibilizadas pelo Ministério da Saúde, órgão responsável pela distribuição de vacinas para todo o país”, pontua a pasta.

 

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