Entrevista / Thiago Póvoa - presidente da Sociedade de Geriatria do Distrito Federal

Em entrevista ao CB.Saúde, médico destacou redução no número de casos e internações de idosos, mas que vacinados não podem relaxar

Ana Isabel Mansur
postado em 08/04/2021 21:25
 (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press                     )
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press )

Cuidados devem continuar

Em entrevista ao CB.Saúde — programa do Correio em parceria com a TV Brasília —, o médico Thiago Póvoa, presidente da Sociedade de Geriatria do Distrito Federal, destacou que a imunização de idosos contra a covid-19 reduziu a quantidade de internação de pessoas acima de 75 anos. Os casos graves da doença e a consequente internação de idosos também diminuíram. Segundo o médico, o cenário não é completamente positivo, já que as vagas nas UTIs estão sendo ocupadas por pessoas mais novas. O médico destacou que houve também decréscimo de casos leves, explicado pela intensificação do isolamento social de idosos entre as doses da vacina. Póvoa chamou a atenção para a necessidade de manter os cuidados, mesmo após a imunização. “Estamos aos 45 do segundo tempo. Não podemos perder o jogo agora”, destacou. Confira alguns trechos da entrevista, feita pela repórter Carmen Souza:

 

A pandemia da covid-19 trouxe o foco para a terceira idade e, com a vacinação, surgem novos desafios. Qual sua avaliação dos impactos da vacinação nos idosos?
Desde o início da pandemia, temos percebido que esse grupo etário foi o mais acometido pela covid-19, já que 70% das mortes pela doença são de idosos. A vacina, mesmo em pouco tempo, atingiu uma taxa considerável de idosos e vem produzindo efeitos observados na prática diária nos consultórios e nas UTIs. Temos visto uma queda expressiva na quantidade de idosos internados após a vacinação. O sucesso é observado, e há segurança e eficácia para diminuir taxas de internação e, portanto, de óbitos.

 

E os dados têm mostrado que a vacina é eficiente para o que se propõe.
Exatamente. É necessário entender o objetivo principal da vacina, que é tornar a covid-19 uma doença mais branda. A eficácia para evitar completamente o contágio não é total, infelizmente, mas a maioria das vacinas torna as patologias mais atenuadas, sem impedir a infecção, como é o caso da vacina da gripe, que é um imunizante que não tem o intuito de evitar completamente que a pessoa tenha gripe, mas que evita o risco de as pessoas vulneráveis, como os idosos, morram pela doença. O sucesso da vacina contra a covid-19 tem sido percebido na prática. Temos observado queda na presença de idosos nos leitos de UTI, o que muito nos alegra. Infelizmente, essas vagas têm sido ocupadas por pacientes mais jovens.

 

Em relação aos casos mais leves, o senhor também tem recebido menos pacientes com suspeita da doença no consultório?
Sim, bem menos. Há algumas semanas não faço pedido de teste PCR para pacientes geriátricos sintomáticos. Tenho feito o pedido de testes, no entanto, para os filhos deles. Outro fator que contribuiu para a redução da morte de pessoas mais velhas, além da vacina, é a grande quantidade de idosos conscientes, que intensificaram o isolamento entre uma dose e outra. Um dos resultados, inclusive, têm sido a diminuição dos casos leves. Os casos mostram que a vacina pode não ter proteção completa, mas é a melhor ferramenta que temos, em termos de saúde pública, contra a doença, e a redução dos casos é real. Os benefícios estão provados. Quem está próximo de ser imunizado ou já tomou as doses deve intensificar ainda mais os cuidados. A covid-19 é uma doença que deixa sequelas. Estamos aos 45 minutos do segundo tempo, não podemos perder o jogo agora.

 

Qual imunizante tomar primeiro: contra a gripe ou contra a covid-19?
Vacinem-se primeiro contra a covid-19, que é uma espécie de gripe, mas capaz de deixar muitas sequelas. A prioridade neste momento é a imunização contra o novo coronavírus. Deve-se esperar um prazo de 15 dias entre a vacina contra a covid e a da gripe. Esse intervalo é pedido para qualquer outra vacina, justamente para não se confundir eventuais efeitos colaterais. Quem nunca sentiu dores no braço ou uma leve indisposição no corpo após tomar uma vacina? Efeitos graves foram muito poucos descritos, mas os (efeitos) leves são mais comuns, mesmo que ainda dentro da segurança da vacina.

 

 

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