A vacinação da primeira dose (D1) contra a covid-19 em idosos com 66 anos ou mais teve pouco movimento, ontem, no Distrito Federal. Pela manhã, o drive-thru do Estacionamento 13 do Parque da Cidade teve baixa procura do público alvo. A expectativa da Secretaria de Saúde foi de aplicar todas as 14 mil doses disponibilizadas pelo Ministério da Saúde. A ampliação da campanha para as pessoas com 66 anos só foi possível após o GDF receber 67,9 mil doses de imunizantes para os grupos prioritários.
Ontem, 950 pessoas receberam a primeira dose da vacina contra a covid-19. No total, 326.242 brasilienses estão imunizados com ao menos uma dose da vacina. Desses, 99.961 (30,6%) também receberam o reforço com a segunda aplicação do imunizante — 1.174 apenas ontem.
O dono de restaurante João Alves de Oliveira, 67 anos, encarou o medo de agulha para se sentir mais protegido contra o novo coronavírus. "Eu fico mais tranquilo agora com a vacina, porque eu tive covid-19 há cerca de 30 dias. Me deu febre, mas não senti mais nada. Acho que peguei do meu filho, que estava com covid-19 e eu não sabia. Ele foi em casa com uns primos, que também se infectaram. Eu e minha esposa fizemos o teste, mas somente eu peguei o vírus. Fica de aprendizado para a gente se cuidar mais", reconhece João, morador da 208 Norte.
O aposentado Gaspar Gonçalves de Andrade, 66, mora em Águas Claras e decidiu se vacinar ontem por trabalhar como capelão há 20 anos — serviço voluntário que presta auxílio a pessoas hospitalizadas ou não, familiares e profissionais de saúde — no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), principalmente. "Me senti na obrigação de vacinar, porque atuo em unidades de saúde. Como estou sempre nesse tipo de local, preciso estar bem imunizado devido ao contágio do vírus. Vim tomar a primeira dose da AstraZeneca", esclarece.
Há 40 dias isolado na fazenda da esposa do filho, em São Luís de Montes Belos (GO), — a mais de 330 km de Brasília — o morador do Guará I José Edvaldo da Silva, 68, retornou à capital federal somente para ser vacinado no drive-thru do Parque da Cidade. “Essa vacina representa muito para mim e para a minha vida. Perdi um concunhado de Pernambuco em 15 de fevereiro para essa doença. Ele ficou internado por uma semana na UTI antes de morrer. Ainda perdi outro amigo que trabalhava na Marinha. A minha orientação é para as pessoas ficarem em casa e saírem só para o necessário, com uso de máscara”, aconselha.
Com alegria
O sábado foi de animação com a presença do grupo de cinco palhaços da Trupe Raiz do Circo. Os artistas comemoraram a imunização da primeira dose junto dos idosos com 66 anos ou mais que passaram pelas tendas ao som de batucadas e música. O palhaço Mandioca Frita esteve no local e descreve a felicidade em ter ajudado a exaltar a importância da vacina aos idosos. “Juntar a vacina com a alegria do circo é muito bom, pois a maioria chega antes do horário, quando a gente tem a oportunidade de mostrar a arte do circo, que é de passar alegria para as pessoas. Tem gente que traz até crianças. Vi que as nossas brincadeiras deram uma acordada no interior deles. Viemos mostrar que é o melhor dia deles nesta pandemia”, afirma o palhaço, interpretado pelo morador de Santa Maria, Júlio César, 55.
Os pontos de vacinação drive-thru em funcionamento hoje serão os seguintes: Estacionamento 13 do Parque da Cidade; shopping Iguatemi no Lago Norte; e Faculdade Unieuro, em Águas Claras. O horário de funcionamento, a princípio, será das 9h às 17h.
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Espera por vagas de UTI
Em meio à expectativa da inauguração de mais três hospitais de campanha, prometidos pelo GDF para a primeira quinzena de abril, o Distrito Federal tinha, ontem, 371 pacientes na fila de espera por um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Desses, 277 (74,6%) estavam com confirmação ou suspeita de covid-19. A atualização da Secretaria de Saúde (SES-DF) foi feita às 18h10 de ontem. Na rede pública do DF, a ocupação dos leitos de UTI para a doença estava em 94,63%; nos hospitais particulares, havia apenas uma cama disponível de terapia intensiva separada para o tratamento da doença. Entre as 405 pessoas que ocupam um leito de UTI para covid-19 na rede pública do DF, 37 (9,13%) são moradoras de outras localidades. No total, os hospitais particulares têm 403 camas de UTI para a doença e a rede pública, 451.
Ontem, a SES notificou mais 33 mortes por covid-19 — elevando o total de óbitos a 6.709 — e 1.203 novos casos da doença, totalizando 357.761 infectados, dos quais 338.387 (94,6%) são considerados recuperados. A média móvel de mortes estava em 67,7 — aumento de 33% na comparação com 27 de março, 14 dias atrás. A mediana de casos era de 1.296,3 ontem, queda de 18,3% em relação às duas últimas semanas. Das pessoas cujas mortes foram registradas, duas eram moradoras de Goiás. A idade das vítimas variava entre 30 e 80 anos ou mais. Apenas cinco pacientes não apresentavam nenhuma comorbidade; 28 sofriam de doença cardiovascular e 14, de distúrbios metabólicos. Dez pessoas eram obesas, quatro tinham pneumopatia e nefropatia acometia duas vítimas. Os óbitos registrados ocorreram na quinta (3), na sexta (20) e ontem (10).
Regiões administrativas
Ceilândia concentra 16,3% das mortes por covid-19 na capital federal, com 1.094 registros, cinco a mais do que na sexta-feira. Em seguida, estão Taguatinga (680) e Samambaia (505), que perderam uma vida cada em 24 horas. Em relação ao total de pessoas infectadas pela doença, Ceilândia também aparece à frente na lista das regiões administrativas, com 38.806 casos. O Plano Piloto está em segundo lugar, com 34.251 contaminados e Taguatinga, com 28.682 registros, ocupa a terceira posição do ranking.