Devido à pandemia causada pelo novo coronavírus, os alunos da rede pública de ensino do Distrito Federal estão com aulas remotas desde 13 de julho. Em 2020, o ano letivo nas escolas do DF teve início em 10 de fevereiro, mas, em 12 de março, as aulas foram suspensas como medida de prevenção contra a covid-19. Durante esse período, a Secretaria de Educação aproveitou para realizar reformas e construir unidades de ensino na capital do país. Ao todo, foram investidos pela pasta R$ 152 milhões em projetos de infraestrutura.
Do total de 686 escolas da rede pública do DF, cerca de 90% receberam alguma obra, desde pequenos reparos até a reconstrução total. Uma das regiões administrativas beneficiadas foi o Recanto das Emas. Em 31 de março, o secretário de Educação, Leandro Cruz, visitou as melhorias feitas em cinco escolas da regional de ensino. O Recanto RA recebeu aproximadamente R$ 1 milhão em investimentos ao longo de 2020 e começo de 2021. E a Secretaria garante que, para os próximos meses, mais R$ 2,35 milhões serão desembolsados. Os projetos beneficiarão os 29.385 estudantes e 1.670 professores da região.
Segundo o subsecretário de Infraestrutura Escolar da Secretaria de Educação, engenheiro Leonardo Balduíno, o trabalho é para ampliar a capacidade de atendimento da rede e dar mais conforto e segurança aos estudantes, professores e aos que frequentam os espaços escolares. “Atendendo ao apelo de toda a comunidade escolar, anunciamos a execução de mais cinco grandes obras no início de 2021: reconstrução do Caic Carlos Castello Branco no Gama; reconstrução da EC 59 e reforma do CEM 10, em Ceilândia; construção de mais duas escolas técnicas em Santa Maria e no Paranoá. São obras historicamente demandadas pelas comunidades e que estão sendo realizadas a partir de projetos inovadores e adequados às práticas pedagógicas atuais”, explicou.
O subsecretário afirmou que oito creches em diversas regiões da capital estão em licitação ou prestes a terem a construção contratada. “Vamos licitar ainda novas escolas na Estrutural, Jardins Mangueiral, Samambaia e Paranoá. É importante frisar que as unidades escolares da rede pública de ensino também estão passando por intervenções de manutenção para garantir o funcionamento adequado das suas instalações quando houver a reabertura para atividades pedagógicas presenciais”, ressaltou.
Infraestrutura
A diretora do Sindicato dos Professores no Distrito Federal, Rosilene Corrêa, pontua que as reformas são de suma importância para o ensino. “Durante esse período que estamos em trabalho remoto, não acompanhamos de perto o que está sendo feito, mas recebemos os relatórios da Secretaria. É muito importante que se utilize esse momento para fazer reparos, até porque, mais do que nunca, precisamos de escolas bem preparadas para um possível retorno presencial quando for viável”, ressaltou.
Rosilene disse que, antes da pandemia, muitas escolas estavam precisando de reparos e reformas urgentes. “Há unidades muito necessitadas de uma intervenção, salas com ventilação ruim, sem janelas adequadas, sem ventiladores, com superlotação de alunos e com baixa iluminação. E, além de os professores ficarem muito tempo dentro das salas de aula, porque é o nosso ambiente de trabalho, temos os alunos que ficam ao menos 5 horas por dia. E, obviamente, ter conforto e qualidade de estrutura pode ajudar. No fim, a qualidade da educação também é influenciada por esses fatores”, frisou.
A doutora em educação e neuropsicóloga Simone Lavorato explicou que o processo de ensino e aprendizagem depende da infraestrutura. “Se o ambiente em que o aluno está não for adequado, isso afetará o seu desenvolvimento. A sensação de bem-estar e segurança faz toda a diferença na hora de aprender. Isso acontece porque, em uma situação de estresse, o cérebro libera cortisol, e o cortisol inibe esse processo de absorção de conhecimento. Além disso, a sala depende de diversos estímulos, como ilustrações, por exemplo, para impulsionar a cognição da criança”.
Simone salientou que não se trata de um ambiente de luxo, mas confortável. “Não é questão de ter uma cadeira acolchoada, um ar-condicionado ou ter luxo, claro que, quanto melhor forem as condições, mais confortável essa criança vai se sentir e terá mais tranquilidade no processo de ensino e aprendizado. Mas há escolas em que chove dentro das salas, que, na frente do portão, tem uma poça de lama, que as áreas de atendimento especializado são em salas mal iluminadas, escondidas. Esses fatores, é importante explicar, não impedem o aprendizado, obviamente, mas dificultam o processo”, pontuou.
Reformas
Do total dos investimentos, R$ 110 milhões foram em obras e reformas de maior porte para melhorar a infraestrutura oferecida aos estudantes de 300 escolas. Os outros R$ 42 milhões foram aplicados, até o fim de 2020, em serviços de manutenção de 294 unidades. Para este ano, a Secretaria planeja atender 300 escolas com reformas.
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BenefÃcios para a comunidade
A Secretaria de Educação já abriu cinco licitações para a construção de novas escolas, além de publicar o edital de reconstrução da Escola Classe 425, de Samambaia. O presidente da Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do Distrito Federal (Aspa-DF), Alexandre Veloso, contou que a comunidade recebeu com alegria as ações da pasta. “Como associação, tivemos a oportunidade de acompanhar muito os processos de construção, reformas e reconstrução. E essas ações são fundamentais, porque a infraestrutura é um dos pilares para os alunos terem um ambiente acolhedor. E, claro, também é importante essa qualidade aos professores para terem um ambiente de trabalho que não os adoeça”.
Para Veloso, é primordial que os pais e a comunidade sejam ouvidos na tomada de decisões da Secretaria. “Quando o pai é valorizado, a escola só tem a ganhar, pois muitas soluções são encontradas com dicas simples dos responsáveis que fazem parte do dia a dia das escolas. Cada escola é um organismo vivo, e essa dinâmica de ouvir os lados é importante. Principalmente, daqueles que são diretamente afetados”, finalizou.
Cobrança
Paula Lorenzon, da clínica pedagógica Trevo, frisou que o primeiro passo para recuperar o tempo perdido quando houver a volta do ensino presencial é o acolhimento dos alunos. “Quando as aulas puderem voltar, vai ter uma euforia muito grande pelo reencontro, tanto da criança com a vontade de brincar, conversar e rever os amigos, quanto da questão de recuperar o tempo perdido de aprendizagem. Nesse período, como sabemos, está ocorrendo uma defasagem muito grande, pois nem todos possuem recursos tecnológicos para acompanhar as aulas, acesso à internet e computadores. E há a pressão pessoal dos professores, a cobrança da escola, dos alunos e dos pais para um resultado rápido”, explicou.