Em março, o Distrito Federal registrou o menor número de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) — o que inclui homicídio, latrocínio e lesão corporal seguida de morte — para o mês, em 22 anos, segundo balanço divulgado, ontem, pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF). De acordo com o levantamento, no primeiro trimestre deste ano, a redução chegou a 35,3%, o que significa 48 vidas poupadas nesse período.
Entre janeiro e março do ano passado, 116 pessoas foram assassinadas na capital. No mesmo período de 2021, o número de vítimas caiu para 82, uma redução de 29,3%. Com relação aos homicídios, os anos que apresentaram maior número de assassinatos foram 2012 (91), 2009 (77) e 2008 (75).
Em 2020, 44 pessoas perderam a vida vítimas de homicídio em março e, neste ano, foram 13. “Em 2019, antes da pandemia, tivemos a menor taxa de vítimas de homicídio dos últimos 35 anos. Isso mostrou que a estratégia estava dando certo, mas precisávamos avançar. Em 2020, superamos esse recorde com a menor taxa dos últimos 41 anos, mesmo diante das incertezas da pandemia”, enfatizou o secretário da SSP-DF, delegado Júlio Danilo.
Forças integradas
O secretário Júlio Danilo atribui a redução dos números à atuação integrada das forças de segurança e destaca a importância da Polícia Civil do DF (PCDF) no processo de identificação e prisão de autores que impactam na incidência dos crimes violentos. Desde julho de 2020, a SSP-DF junto às forças de segurança do DF promove a operação Quinto Mandamento, com o objetivo de coibir crimes. Júlio Danilo destaca a intensificação da operação integrada, que realizou 3 mil abordagens a pessoas e mais de 700 veículos nos três primeiros meses deste ano.
Para o diretor-geral da PCDF, delegado Robson Cândido, a alta capacidade técnica dos policiais e os investimentos em tecnologia e inteligência são essenciais para a efetividade das investigações. “Toda delegacia tem, hoje, um protocolo de atuação que define prioridades e procedimentos das investigações”, frisou. Segundo o comandante-geral da PMDF, coronel Márcio Vasconcelos, as diversas operações integradas coordenadas pela SSP-DF contribuíram para a redução de quase 35% nos Crimes Contra o Patrimônio (CPP). “Ter as forças de segurança e outros órgãos trabalhando de forma integrada foi primordial para o DF atingir números tão importantes de redução da criminalidade”, analisa.
Na avaliação do especialista em segurança pública Leonardo Sant’Anna, ex-consultor da Organização das Nações Unidas (ONU), a pandemia causada pelo novo coronavírus contribuiu para a diminuição das taxas de criminalidade “Isso se une ao esfriamento do comércio e dos serviços em mais de 10% a partir de 2020. Isso significa menos dinheiro e menos pessoas usufruindo de tudo o que depende desse cenário. Inclusive os bandidos”, ressalta.
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Três perguntas para Júlio Danilo, secretário de Segurança Pública do DF
As medidas de restrição impostas pela covid-19 contribuíram para a redução de homicídios?
Não há estudo conclusivo sobre o assunto. Desde 2019 até os três primeiros meses de 2020, a maior parte dos crimes estavam em queda. Com o início da pandemia e com todas as mudanças e restrições sociais, sabíamos da possibilidade de migração do crime, ou seja, alguns poderiam deixar de acontecer e outros poderiam ocorrer com mais frequência. Tivemos que nos adaptar a essa mudança e criar formas de atuação. Outro fator a ser considerado é que, com a proibição de shows e eventos, foi possível redirecionar esforços no policiamento, na fiscalização e no atendimento à sociedade.
Como o senhor vai atuar para conseguir reduzir ainda mais os dados da criminalidade do DF?
Ano passado, tínhamos como meta superar o recorde histórico da menor taxa de homicídio dos últimos 35 anos. Superamos e temos, agora, a menor taxa em 41 anos. Nos primeiros três meses deste ano, este crime se mantém em queda em relação ao ano passado. Uma das estratégias para manter a redução de ocorrências será atuar nos detalhes, com ações focadas na realidade de cada Região Administrativa. O estudo detalhado por microrregiões que fazemos na SSP-DF nos ajuda a entender a necessidade da população e dos profissionais de segurança pública que atuam na linha de frente nas cidades.
Entre todos os crimes, qual exigirá mais atenção das forças de segurança nos aspectos da prevenção e combate?
A redução dos crimes contra a vida, contra o patrimônio e os relacionados à violência contra a mulher continuarão a ser prioridade. Temos dois programas em andamento — o DF Mais Seguro e o Mulher Mais Segura — voltados ao enfrentamento qualificado desses crimes. Ano passado, reduzimos os feminicídios em quase 50%. Nosso objetivo é que nenhum crime dessa natureza aconteça. Os crimes contra o patrimônio também merecem uma atenção especial. A redução de quase 35% nos principais crimes contra o patrimônio, no semestre, significa que 3,7 mil roubos e furtos deixaram de acontecer.