Em entrevista ao CB.Poder — programa do Correio em parceria com a TV Brasília — a secretária de Desenvolvimento Social e primeira-dama, Mayara Noronha, ressaltou o alcance do cartão Prato Cheio, que atende cerca de 32 mil famílias, e explicou o trabalho de recepção provisória e imediata de famílias em situação de rua nas casas de passagem. Mayara Noronha anunciou que está trabalhando para abrir uma república de acolhimento de pessoas LGBT+. A secretária também avaliou a recente desocupação, feita em plena pandemia da covid-19, em local próximo ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), na L4 Norte, onde moravam 27 famílias. Leia os principais trechos da entrevista, feita pelo repórter Carlos Alexandre.
Qual balanço a senhora faz desses 12 meses de gestão?
Não tenho como começar sem mencionar o Prato Cheio, programa de referência mundial e inovador, que oferece com dignidade auxílio de R$ 250 em forma de cartão. Estamos trabalhando para chegar, até o fim do ano, em 40 mil famílias contempladas.
Uma das vantagens é a comodidade, a pessoa pode escolher quais alimentos vai comprar.
É a dignidade e a movimentação do orçamento aqui no DF. Tive a felicidade de conversar com famílias contempladas, e uma das mães me disse que foi a primeira vez que ela pôde perguntar para o filho o que ele queria comprar. Um dos objetivos da Secretaria é também ensinar como conseguir segurança alimentar das crianças, principalmente.
Foram três casas de passagem inauguradas neste ano. Como vem sendo desenvolvido, em
específico, esse trabalho?
Elas são referência no mundo, porque tem características de lar de requinte, com churrasqueira, banheira, televisão, objetos lúdicos para as crianças, e a cama e as roupas de cama são novas e de qualidade. Todas as casas têm um cantinho de biblioteca. São mais humanizadas, e o programa acontece em intersetorialidade com outras secretarias. Em gestões passadas, acontecia a institucionalização fria. Estamos trabalhando para construir uma casa inclusiva para pessoas com deficiência, e a primeira república LGBTt+, que tem enfrentado algumas resistências. Alguns donos de casas, quando observam que público será LGBT+, encerram o contrato.
A senhora assumiu a secretaria em plena pandemia, em abril de 2020. Quais ações foram adotadas em caráter emergencial por conta do momento?
Primeiro, o cartão Prato Cheio. Não tinha como suprir com celeridade esse pleito necessário de alimentação. Em segundo, a moradia, com as casas de passagem. É preciso olhar com atenção para a população em situação de rua e dar o que ela necessita para sair dessa condição. O Estado tem de dar todas as condições para que a pessoa saia daquela situação de vulnerabilidade.
Como o brasiliense pode ajudar pessoas em vulnerabilidade nesse cenário difícil de pandemia?
O brasiliense pode ligar para o 162 e relatar a situação. Muitas vezes, produtos comprados, como leite e fraldas, podem ser moeda de troca com o tráfico de drogas. A equipe de abordagem se dirige ao local e faz o mapeamento. A responsabilidade do brasiliense é fortalecer a política de divulgação da informação. Em relação às pessoas que estavam no CCBB, é um assunto muito politizado. Eram 27 famílias, que já estão mapeadas pela central de monitoramento. Todas recebem o DF sem Miséria e o Bolsa Família. Junto a isso, podemos colocá-las em casas de passagem e inseri-las no pagamento dos benefícios do GDF. Mas tudo isso leva um tempo. Existem ativistas que trabalham com pautas positivas, de realmente ajudar essas pessoas em vulnerabilidade. Mas tem ativistas que só entram com a bandeira de “quanto pior, melhor”. Aqui no DF, temos mais ou menos 2.260 pessoas em situação de rua, número considerado pequeno. Então, temos condições de trabalhar com essa pauta, mas a população precisa contribuir, levando informação sobre os direitos, para que essas pessoas não temam o Estado. Quando tem ação com a PM ou o DF Legal, já houve atendimento prévio ali. Parte da população precisa incentivar as pessoas a aceitarem o acolhimento do governo.
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