O primeiro dia de flexibilização das medidas restritivas para alguns setores teve expectativa alta e preparação de ambientes, principalmente em bares e restaurantes, estabelecimentos beneficiados pelas mudanças do decreto distrital publicado nessa terça-feira (13/4). Esse setor, que, antes, só podia funcionar até as 19h, ganhou mais duas horas de liberação — o que atinge, também, a venda de bebidas alcoólicas.
Evaldo Melo, 36 anos, gerente do restaurante Boteco do Juca, na 405 Sul, comemorou o tempo extra, o que afeta, principalmente, o horário de mais procura. “Acredito que a movimentação será da mesma forma que antes do fechamento. Sem um movimento muito intenso. Mas qualquer tipo de período em que a empresa consiga vender, ela transforma em capital. Ajuda a pagar o aluguel, os funcionários”, comenta. Para ele, o ideal seria que a liberação fosse até as 23h.
Apesar das mudanças, que preveem autorização para término de competições esportivas profissionais após as 22h — desde que não tenham público e que os times voltem direto para casa ou para o hotel —, o toque de recolher permanece das 22h às 5h. Após esse horário, apenas pessoas que fazem parte de serviços essenciais, que estejam voltando para o domicílio ou procurando atendimento hospitalar e farmacêutico podem estar na rua.
Apesar da demanda reduzida nesse período, o Governo do Distrito Federal (GDF) informou que a frota de ônibus circula normalmente e sem alteração de horário. Já carros particulares ou de aplicativo estão autorizados a circular, mas só com transporte de passageiros que estejam em um dos itinerários permitidos. O Departamento de Trânsito (Detran-DF) afirma que, durante as abordagens das equipes de policiamento e fiscalização nas operações referentes ao toque de recolher, os agentes orientam os motoristas a se dirigir para casa — ou ao trabalho, se for o caso.
Filipe Freitas, 23, subchefe do bar e restaurante Bla's, na 406 Norte, está animado para ver os resultados após a ampliação. Ele conta que o local teve de se adaptar às restrições e registrou prejuízos, mas espera que o fluxo de clientes melhore. “O movimento ainda está muito devagar, comparado ao período de antes do fechamento, quando as coisas voltavam a dar certo”, relata. “Temos medo de acontecer a mesma coisa que houve durante a primeira suspensão de atividades deste ano. O restaurante estava pronto, com estoque planejado, mas acabamos ficando com dinheiro parado.”
Acompanhamento
À noite, por ser terça-feira, os estabelecimentos não tiveram aumento considerável da clientela. O cantor Cleyton Alessandro Ferreira, 21, aproveitou para sair com o amigo Thiago Rocha, 36. Ele esteve em um bar na quadra 105 do Sudoeste. O jovem acredita que a ampliação no horário de funcionamento terá efeitos positivos. “A redução faz com que as pessoas se aglomerem nos espaços para aproveitar até as 19h. Com essas duas horas, há possibilidade de ter um fluxo melhor e sem gente aglomerada. Aqui (no bar) está tranquilo, tem bastante fiscalização, mas há outros lugares que podem estar mais cheios”, avalia o morador de Águas Claras.
Para o analista de sistemas Geraldo Magela Ferreira, 56, o horário estendido até as 21h é necessário para “fazer a economia girar”. “Moro aqui perto (do estabelecimento no Sudoeste). Sempre que possível, chamo um amigo para abstrairmos um pouco, conversar e fazer a comida chegar na mesa de quem precisa. É uma transferência de renda que vai garantir o emprego e o sustento de várias pessoas”, pondera o morador do Cruzeiro.
Para o infectologista Hemerson Luz, a taxa de transmissão abaixo de 1 mostra que as medidas restritivas e o andamento da vacinação surtiram efeito. Isso, segundo ele, abre espaço para ampliar o horário de funcionamento de bares e restaurantes ou até para outras flexibilizações. “Mas sempre seguindo todas as medidas para prevenção da covid-19. Temos de acompanhar os números da pandemia, principalmente quanto à ocupação das unidades de terapia intensiva (UTIs) e ao avanço do número diário de casos, porque isso pode nos indicar a necessidade de voltar às restrições”, comenta. “Lembrando que toda aglomeração deve ser evitada e que o uso da máscara deve continuar, inclusive para quem foi vacinado”, ressalta o médico.
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