Feminicídio

Atirou na ex após sair da cadeia

Paulo Augusto dos Santos, 31 anos, acusado de matar Gabriela Cardoso, 35, havia sido solto da prisão dias antes de cometer o assassinato. Ele ficou preso durante 22 dias por ameaçar a vítima

» DARCIANNE DIOGO
postado em 18/04/2021 00:00 / atualizado em 18/04/2021 00:13
 (crédito: Redes sociais)
(crédito: Redes sociais)

Acusado de assassinar a ex-companheira a tiros na Quadra 8 do Paranoá, na noite de sexta-feira, Paulo Augusto dos Santos Rodrigues, 31 anos, foi preso em 22 de março por ameaçar a vítima, Gabriela Cardoso de Brito, 35, e, na última segunda-feira, recebeu a liberdade, dias antes de cometer o feminicídio. A mulher morreu atingida por dois tiros na porta de casa, no Conjunto Q, enquanto conversava com uma vizinha, que também foi baleada. Esse é o segundo caso de feminicídio em menos de uma semana no Distrito Federal.

Gabriela e a vizinha, identificada como Maria Gilene, 62, estavam na porta de casa, quando foram surpreendidas por Paulo. O homem efetuou disparos contra a ex-companheira, que atingiram o rosto e o ombro. A idosa foi ferida no fêmur, socorrida pelo Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBM-DF) e encaminhada ao Hospital da Região Leste (Paranoá) consciente, orientada e estável. Maria recebeu alta médica e deve prestar depoimento na 6ª Delegacia de Polícia — unidade que investiga o caso — nos próximos dias.

Após matar a ex-mulher, com quem manteve relação por seis anos, o agressor caminhou por, aproximadamente, 10 metros e se matou com a mesma arma que cometeu o feminicídio. “Tivemos um homicídio qualificado pelo feminicídio, tentativa de homicídio e um suicídio”, enumera o delegado-chefe da 6ª DP, Ricardo Viana. Segundo relatos de conhecidos, Gabriela trabalhava em um salão da cidade. Ela deixa um filho de 15 anos, fruto de outro relacionamento.

O Correio conversou com a filha de Maria, Ingrid Silva, 40. “Minha mãe relata que foi tudo muito rápido. Ela estava de cabeça baixa, quando ele (Paulo) chegou atirando. Minha mãe levou um tiro de raspão na perna e fraturou o osso. Agora, ela está se recuperando”, conta. Ingrid frisa que dona Maria chegou a ver o agressor ameaçando Gabriela de morte. “Eles estavam há alguns meses separados, mas ele vivia a perturbando”, completa.

Ocorrências

Paulo acumulava uma extensa ficha criminal na Lei Maria da Penha contra Gabriela e por outros delitos, como furto. “Ao chegarmos ao local do crime, tomamos ciência de que o autor era um ‘velho’ conhecido nosso e tinha nove ocorrências por Maria da Penha”, destaca o delegado.

Mesmo separados por quase seis meses, o autor continuava a ameaçar e a perturbar Gabriela. Em 22 de março, Paulo recebeu sentença condenatória de ameaça contra a ex-companheira e ficou preso no Complexo Penitenciário da Papuda por 22 dias. Na última segunda-feira, recebeu alvará de soltura e foi posto em regime domiciliar. Na sexta-feira, ele matou Gabriela e tirou a própria vida em seguida.

Estatísticas

Levantamento da Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP) mostra que, em 2020, houve queda de 46,8% dos feminicídios. Em todo o ano passado, 17 mulheres morreram vítimas nesse tipo de crime. Entre janeiro e abril deste ano, foram seis mulheres assassinadas.

Quanto às tentativas de feminicídio, comparando os consolidados de 2020 e 2019, a redução foi de 32,6%. Sendo 60 registros no ano passado, contra 89. No primeiro trimestre desse ano, foram registradas 14 crimes tentados, quatro a mais do que em 2020 (10).

Entre as medidas da SSP-DF para reduzir os índices de violência contra a mulher estão o programa do Dispositivo de Monitoramento de Pessoas Protegidas (DMPP) e a disponibilização mensal do estudo realizado pela Câmara Técnica de Monitoramento de Homicídio e Feminicídio (CTMHF). Uma nova Delegacia de Atendimento Especial à Mulher (Deam), da Polícia Civil, foi inaugurada durante a pandemia no DF. Situada em Ceilândia e atende, também, a população do Sol Nascente/Pôr do Sol.

Além disso, existe a campanha #MetaaColher. Com o slogan “A melhor arma contra o feminicídio é a colher”, o movimento busca incentivar a denúncia como ferramenta de prevenção a este crime.


Peça Ajuda

» Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência; Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República Telefone: 180 (disque-denúncia)

» Centro de Atendimento à Mulher (Ceam)
De segunda a sexta-feira, das 8h às 18h; Locais: 102 Sul (Estação do Metrô), Ceilândia, Planaltina

» Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam)
Entrequadra 204/205 Sul — Asa Sul. Telefone: (61) 3207-6172

» Disque 100 — Ministério dos Direitos Humanos
Telefone: 100

» Programa de Prevenção à Violência Doméstica (Provid) da Polícia Militar
Telefones: (61) 3910-1349 / (61) 3910-1350

 

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