Uma volta pelos anos 1990
Para os momentos de descanso da semana que passou, escolhi mergulhar numa série clássica dos anos 1990. Nada que exigisse muito raciocínio, algo mesmo para descansar a mente. A escolhida foi Arquivo X, estrelada por Gillian Anderson, no papel da agente do FBI Dana Scully, e David Duchovny, como Fox Mulder, seu parceiro na divisão de casos sobrenaturais do bureau.
Como havia visto os episódios mais antigos não fazia muito tempo — nove temporadas foram ao ar entre 1993 e 2001 —, resolvi começar pelos inéditos (para mim). Foram duas temporadas finais, a décima e a décima primeira, lançadas em 2016 e em 2018. Apesar de gostar do tema, devo dizer que dei um pouco de azar na escolha se a intenção era me desconectar da realidade.
Quem conhece a série deve se lembrar que vários episódios contam histórias de supostos monstros que cometem crimes que só os agentes da unidade especializada parecem ser capazes de desvendar e apenas um deles acredita na possibilidade de terem ocorrido por obra de algo sobrenatural. Cientista, a doutora Scully quase sempre duvida dessa hipótese e tenta encontrar explicações mais racionais para casos que envolvem vampiros, alienígenas e até o que se assemelha a uma versão do nosso curupira.
O fio que liga a história principal do seriado, no entanto, que conecta os personagens centrais e cria o antagonismo entre bem e mal, sempre envolve uma ameaça extraterrestre. Qual a minha surpresa então ao começar a assistir à telinha e perceber que o que vai guiar essas duas novas temporadas é um vírus mortal, que infectará e matará a maior parte da humanidade, exceto poucos “privilegiados” que, após passarem por experimentos laboratoriais escusos e sombrios, têm sangue alienígena em seus genomas.
Pensar que o episódio final — a Fox informou ainda em 2018 que não há planos para uma nova temporada — foi ao ar no ano anterior ao início da pandemia de covid-19 na China pode levar fãs do seriado, como eu, a imaginar a ironia. Fosse a vida um episódio de Arquivo X, certamente Mulder e Scully estariam à procura de uma cura imediata e praticamente milagrosa para a ameaça global. Bastaria descobrir onde estavam os “bad guys” e encontrar o antídoto, provavelmente algum soro disseminado por nanopartículas no ar, que nos livraria para sempre das máscaras e permitiria andar com segurança pelas ruas.
No fim das contas, até que valeu a pena investir na série, mesmo depois de encontrar tantas semelhanças assustadoras com a vida real. Pelo menos foi possível, também, imaginar e sonhar com uma solução mágica para esse problema da humanidade, mesmo que por alguns segundos. E você? Qual série ou filme dos anos 1990 te leva a flutuar por momentos de entretenimento livre de preocupações?
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