CORONAVÍRUS

Debate sobre a vacinação

Com a faixa etária de 60 anos se aproximando da imunização, o número de pessoas à procura dos postos de saúde deve aumentar consideravelmente. Especialistas alertam para necessidade de mudança e ampliação do modelo

» LUANA PATRIOLINO
postado em 20/04/2021 23:29
 (crédito:  Ed Alves/CB/D.A Press                               )
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press )

Com a expectativa de atender um número cada vez maior de pessoas, a campanha de vacinação do Distrito Federal terá de repensar a estratégia para imunizar o público de 50 a 60 anos. Isso porque essa faixa etária tem muito mais pessoas a serem vacinadas. Como evitar a aglomeração e falta de doses, diante deste cenário? O Correio consultou especialistas para saber qual deve ser o protocolo de segurança a partir de agora.

De acordo com dados da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), existem, no DF, 437.271 pessoas entre 50 e 64 anos (atualmente, a vacinação está em 64 anos). Na avaliação do médico infectologista Julival Ribeiro, a solução é aumentar o número de postos de saúde e locais para vacinação. “Por que não pode pedir o apoio, por exemplo, das farmácias? O governo tem que procurar estratégias para vacinar mais rápido e evitar aglomerações”, destaca.

Para o médico, comprar outros tipos de imunizante vai ajudar na tarefa de vacinar a população com mais agilidade. “Temos que ter muito mais vacinas. Só tem duas maneiras para controlar a pandemia: vacina ou usando as medidas restritivas. Se, além da Coronavac e da Astrazeneca, trabalhássemos com outros tipos de vacina, como a Sputnik V, a população seria imunizada mais rápido”, diz Ribeiro.

O médico epidemiologista Jonas Brant destaca que é preciso fazer um escalonamento gradativo para atender todo o público. Na avaliação do especialista, um ponto crucial da campanha de vacinação é a questão dos locais de imunização. “A rede de atenção primária do Distrito Federal é pequena, concentrada e está, neste momento, muito fragilizada devido à necessidade do fortalecimento do atendimento hospitalar para o volume de casos graves. Precisa ser investido na vacinação primária. Todas as unidades de saúde deveriam estar vacinando para a covid-19 e não somente algumas”, ressalta.

Segundo Brant, falta investimento na atenção primária — fundamental no processo de conter a pandemia. “É ela que vai nos garantir o controle dessa doença e que consegue identificar os casos mais rapidamente, orientar a comunidade, além de nos garantir preparação para emergências futuras”, diz.

A infectologista Joana Darc destaca que deve existir um pacto entre o governo e instituições da rede privada. “É hora de unir forças, aproveitar alguns espaços particulares de algumas organizações, de profissionais qualificados que têm no mercado e utilizar essa mão de obra para vacinar o maior número possível de pessoas. Existe essa necessidade de apoio”, diz.
Na avaliação da médica, faltam recursos para acelerar a campanha de vacinação. “A Secretaria de Saúde tem um número bom de postos de vacinação. Mas não tem tanto recurso humano para trabalhar e fazer toda a logística. Sem falar que muitos profissionais estão cansados porque estão trabalhando no limite por causa da pandemia”, pondera.

A estrutura também deve ser o foco na tarefa de vacinar o público. “Principalmente de drive-thru para que não haja aglomeração e as pessoas fiquem menos expostas. Utilização de alguns locais, como já estão sendo utilizados, próximo ao estádio, com tendas, áreas abertas e arejadas e pessoas mantendo um certo distanciamento”, explica Darc.
A campanha ainda está muito lenta para realidade do país, de acordo com a visão da médica. “Falhamos muito nas medidas de contenção da pandemia. A nossa perda é gigantesca em questão de mortalidade porque não fizemos a lição anterior de contenção da pandemia. Então, a gente precisa correr atrás desse prejuízo”, conclui.

Por meio de nota, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) afirmou que ampliará os grupos prioritários de vacinação conforme o recebimento de mais doses de vacina por parte do Ministério da Saúde e que “tão logo haja definição, por parte do Gestor de Operacionalização da Vacinação, as informações serão amplamente divulgadas em nossos canais de comunicação”.

Preocupação

A Comissão Especial da Vacina da Câmara Legislativa contra a covid-19 tem manifestado preocupação com a quantidade de doses da vacina contra a doença na capital. Ao Correio, o presidente da comissão, deputado Fábio Felix (Psol), ressaltou que o colegiado tem se reunido com frequência para analisar a situação, inclusive, na presença do secretário da Saúde, Osnei Okumoto. “O plano de vacinação não tem vacinas suficientes. E também tem outro problema quanto à regularidade (por parte do Ministério da Saúde). Não dá para confiar nas doses que chegam e no quantitativo que vai chegar. Isso coloca em risco a falta de CoronaVac para a segunda dose”, afirmou.

O deputado Rodrigo Delmasso (Podemos) também ressaltou preocupação com as doses e lamentou a queda do DF na quantidade de vacinados em relação ao resto do país. “O Distrito Federal estava entre as primeiras unidades da Federação no ranking de vacinados e caímos. Chegamos a figurar o terceiro lugar e hoje somos a 15ª unidade da federação em quantidade de vacinados”, disse.

O secretário da Saúde, Osnei Okumoto, afirmou que a definição sobre a quantidade de vacinas é do Plano Nacional de Imunização do governo federal. “Eles (Ministério da Saúde) que têm o cronograma e o contrato com as farmacêuticas que produzem a vacina”, disse.

 

Mais 60 mortes

Em 24 horas, o Distrito Federal registrou mais 60 mortes pela covid-19 e 955 novas contaminações. Os dados são da Secretaria de Saúde (SES-DF), por meio do boletim epidemiológico. A média móvel de casos está em 1129 — queda de 11,78% em relação o registrado há duas semanas. O índice para as mortes está em 62,57 — diminuição de 18% em relação ao mesmo período.


Pontos de vacinação neste feriado
[FOTO3]
O público-alvo são as pessoas com 64 anos ou mais.

As unidades funcionam das 9h às 17h

Atendimento drive-thru

» Parque da Cidade
(Estacionamento 12)

» Taguaparque

» Estádio Mané Garrincha

» Uniplan - Águas Claras

» Sesc Ceilândia


Atendimento a pedestres

» Recanto das Emas
Espaço Céu das Artes

» Itapoã
(Del Lago, Quadra 203)

» Ceilândia
(Praça dos Direitos)

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