Vacina

Tomei a vacina contra covid-19 e tive reação. É normal?

Todas as vacinas disponíveis no Brasil passaram por testes clínicos que atestaram a eficácia e a segurança dos imunizantes; entenda as reações esperadas

Thays Martins
postado em 27/04/2021 09:44 / atualizado em 27/04/2021 09:53
 (crédito: Minervino Junior/CB D.A Press)
(crédito: Minervino Junior/CB D.A Press)

Tomou a vacina da covid-19 e teve alguma reação? Na maior parte das vezes não há com o que se preocupar. A maioria das reações esperadas são leves, como dor no local da aplicação, dores de cabeça ou musculares e até mesmo febre. Segundo Anna Cláudia Castelo Branco, imunologista da Universidade de São Paulo (USP), esses eventos adversos podem, inclusive, significar algo bom: que a vacina está agindo. “Todos os medicamentos têm efeitos adversos. A vacina induz uma resposta imunológica que, dependendo da pessoa, pode gerar algum desconforto. Mas isso é esperado. Inclusive pode ser um indício de que o sistema imunológico está se preparando para te proteger”, explica.

Por isso, não há com o que se preocupar caso sinta algum desconforto após ser imunizado. “É esperado uma pequena inflamação local, então pode aparecer dor no braço, cansaço, dor de cabeça. É esperado, de maneira geral, que a taxa de efeitos adversos seja maior na primeira dose do que na segunda. Mas isso varia muito de pessoa para pessoa”, ressalta. A bula de cada vacina traz quais são os efeitos mais comuns que podem ocorrer. De maneira geral, é esperado dor no local, dor de cabeça, dores musculares, cansaço, enjôo e até mesmo febre. Nem todo mundo sente, mas uma parcela da população pode ter esses desconfortos iniciais.

No Brasil estão sendo aplicadas duas vacinas: a Coronavac, da fabricante Sinovac, produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, e a Covishield, da farmacêutica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, no Brasil, produzida pela Fiocruz. A expectativa é que nesta semana se junte a essas duas um novo imunizante. A previsão é de que chegue ao Brasil, na quinta-feira (29/4), o primeiro lote da vacina da farmacêutica Pfizer de um total de 100 milhões de doses adquiridas pelo governo brasileiro.

Esses imunizantes serão destinados somente às capitais, porque precisam ser armazenados em uma temperatura inferior a 70°C negativos. No caso desse imunizante, um evento adverso que outros países já relataram é a anafilaxia, uma reação alérgica cujos relatos incluem dor de garganta, urticária e dificuldade para respirar entre 15 e 30 minutos após serem vacinados.

Quando se preocupar

Todas as vacinas aprovadas passaram por testes que comprovaram a sua segurança, mas um efeito em específico tem preocupado a população em geral. Algumas pessoas que tomaram a vacina da AstraZeneca apresentaram uma redução nos níveis de plaquetas e a formação de coágulos sanguíneos. No Reino Unido, onde a vacina está sendo aplicada há mais tempo, foram registrados 168 casos graves de coágulos entre as 21,2 milhões de doses administradas até agora. Dessas, 32 pessoas morreram. A Agência Europeia de Medicamentos (EMA), equivalente à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil, disse que a vacina é segura e que os benefícios gerais ainda superam os riscos. Segundo a EMA, esses eventos graves foram relatados em uma taxa de cerca de 1 em 100 mil.

Anna Castelo Branco explica que ainda não há uma comprovação de que os casos tenham sido causados pela vacina, até mesmo por terem sido uma quantidade pequena de casos. “Em alguns países foram relatados casos de trombose. Apesar dos casos acontecerem de forma geral, a agência europeia resolveu alterar a bula. A gente ainda precisa de mais estudos para saber se está relacionado à vacina. A hipótese é de que alguns indivíduos têm uma resposta alterada que daria uma baixa no número de plaquetas que pode favorecer essa formação de trombos. Mas são eventos raríssimos e não há nenhum motivo para não tomar a vacina”, ressalta.

No caso dessa vacina, os eventos adversos mais comuns são sensibilidade no local da injeção, fadiga, dores de cabeça, náuseas, calafrios ou uma sensação geral de mal-estar. No DF, das mais de 70 mil doses aplicadas da vacina, 546 pessoas relataram algum evento adverso. A maior parte ainda está em análise pela Secretaria de Saúde para saber se realmente foi causado pelo imunizante. Entre os analisados, somente um evento foi considerado grave.

Eventos adversos relatados vacina AstraZeneca
Eventos adversos relatados vacina AstraZeneca (foto: CB)

Eventos adversos relatados vacina Coronavac
Eventos adversos relatados vacina Coronavac (foto: CB)

 

Segundo a Agência Europeia de Medicamentos (EMA), quem se vacinou com o imunizante da AstraZeneca deve procurar um médico caso apresente sintomas como falta de ar, dor no peito, inchaço nas pernas, dor persistente no estômago, sintomas neurológicos, como fortes dores de cabeça ou visão turva, ou pequenas manchas de sangue sob a pele.

A orientação da Secretaria de Saúde do DF é sempre informar ao profissional qualquer condição de saúde que tenha ou alergia antes de vacinar. E caso sinta qualquer reação após a tomada do imunizante, deve-se procurar um posto de saúde para orientações. Essa também é a orientação da mestre pelo programa de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) Anna Castelo Branco. “Caso sejam efeitos leves, não tem motivo para se preocupar. Mas caso seja mais intenso é importante procurar o médico. É importante também antes de vacinar a pessoa avisar qualquer alteração de saúde para os enfermeiros. Caso tenha algum risco ele será informado”, destaca.

Em março, a Anvisa emitiu uma nota técnica que manteve a recomendação da utilização do imunizante e concluiu que os benefícios superam os ricos. A agência ainda recomendou que a fabricante indicasse na bula o alerta sobre o possível evento adverso. O Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo também emitiu um comunicado defendendo o imunizante ressaltando que ele é seguro e eficaz, como foi comprovado em testes clínicos.

No Brasil, das mais de 4 milhões de doses do imunizante aplicadas, somente foram relatados 47 casos suspeitos de eventos tromboembólicos, mas nenhum teve comprovação de que foi causado pela vacina.

Em entrevista coletiva na semana passada, o secretário de Saúde do DF, Osnei Okumoto, disse que está havendo uma resistência das pessoas à vacina da AstraZeneca. "Tivemos muitas fake news divulgadas através das redes sociais", afirmou. Ele garantiu que a vacina é segura.

A vacina da AstraZeneca apresentou, nos testes clínicos, uma eficácia de 100% contra casos graves de covid-19. Somente com a primeira dose, o imunizante já apresenta uma eficácia de 72%. A segunda dose deve ser tomada 90 dias após a primeira. Devido ao prazo maior, só na semana passada o DF começou a aplicar o reforço nos primeiros imunizados com a vacina. São profissionais de saúde e idosos com 80 anos ou mais.

 

 

 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

  • Eventos adversos relatados vacina Coronavac
    Eventos adversos relatados vacina Coronavac Foto: CB
  • Eventos adversos relatados vacina AstraZeneca
    Eventos adversos relatados vacina AstraZeneca Foto: CB
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação