Entrevista Lizandra Paravidine Sasaki, chefe da Unidade Materno-Infantil do Hospital Universitário de Brasília

Vacina para gestantes é segura

Ana Maria da Silva
postado em 29/04/2021 20:19 / atualizado em 29/04/2021 20:21
"Estudos mostram que pacientes que engravidam e têm uma infecção por Sars-CoV-2 correm outros riscos, como a pré-eclâmpsia, que é a pressão alta; parto prematuro; ontrações uterinas antes da parte final; e de desenvolver diabetes gestacional" - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Após o Ministério da Saúde autorizar a vacinação contra a covid-19 em grávidas, a Secretaria de Saúde incluiu esse grupo na campanha do Distrito Federal. Ao programa CB.Saúde — parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília — a chefe da Unidade Materno-Infantil do Hospital Universitário de Brasília (HUB), Lizandra Paravidine Sasaki, em entrevista para a jornalista Carmem Souza, ontem, garantiu que as vacinas disponíveis no Brasil são seguras e reforçou a importância da aplicação em mulheres puérperas. “É uma fase com baixa imunidade, a gente não se alimenta bem, não dorme adequadamente, tem todos os perigos e alterações metabólicas e hormonais”, alertou.

A vacinação é segura?
Sim, é segura. A gente sabe que não temos um tempo que, em geral, é definido para estudos em gestantes, mas já há outros países que têm feito a vacinação em gestantes com uma segurança excelente, assim como em outros grupos. Sabemos que entre o risco da vacinação e o risco da covid-19 na gravidez, a vacinação é infinitamente menor. Elas podem se vacinar.

A vacinação da gripe está ocorrendo, e as gestantes estão recebendo as doses. Que cuidado deve ser tomado?
A recomendação é de que se aguarde 15 dias entre uma vacina e a outra. Como nós ainda não temos disponível a vacina para a gestante, orientamos que elas façam essa vacinação da gripe, que está disponível nos postos de saúde, e aguardem 15 dias para receber a dose da vacina contra a covid-19, se aparecer neste momento.

Alguns estudos mostram que a mortalidade entre gestantes pode ser maior. Qual o motivo?
O risco de mortalidade entre as gestantes é maior, porque a própria gestação aumenta a taxa de infecções e altera a parte imunológica. Então, a defesa do organismo das mulheres gestantes é alterada. No pico da primeira onda, tivemos mais de cem mortes maternas no mês, mas, agora, houve uma piora. No ano passado, tivemos mais de 500 mortes. Só até o mês de abril de 2021, foram mais de 400. É um número muito alto.

Falando no DF, temos números? Essa situação é uma realidade aqui também?
No DF, as grávidas e puérperas não fazem parte do grupo de maior mortalidade. Nós conseguimos adaptar muito bem a logística com o número de hospitais públicos da rede, que foi suficiente para direcionar. Hoje, temos o Hospital Regional da Asa Norte (Hran) como prioridade para doenças de mulheres com covid-19, gestantes na fase aguda da doença. E têm uma baixa taxa de mortalidade. Existe, mas é um número baixo.

A preocupação com o bebê e a covid-19 é cabível?
Alguns estudos mostraram que gestantes e grávidas passavam pelo cordão umbilical um certo grau de transferência de imunologia, de imunoglobulinas, para os bebês, que são protetivas. A gente não sabe qual grau de proteção a mãe passa pelo leite materno ao ser vacinada, mas pode existir. É preciso mais preocupação nesses casos, porque há estudos que mostram que a mortalidade no puerpério é maior do que em gestantes. É uma fase com baixa imunidade, a gente não se alimenta bem, não dorme adequadamente, tem todos os perigos e alterações metabólicas e hormonais dessa fase.

Qual a importância do acompanhamento para evitar complicações da covid-19?
Estudos mostram que pacientes que engravidam e têm uma infecção por Sars-CoV-2 correm outros riscos, como a pré-eclâmpsia, que é a pressão alta; parto prematuro; contrações uterinas antes da parte final; e de desenvolver diabetes gestacional. Alguns estudos têm associado o maior risco de restrição de crescimento intrauterino, que são aqueles bebês que não crescem e que não ficam com o peso ideal para a idade gestacional. Então, é importantíssimo que as gestantes façam o pré-natal, independentemente da pandemia, se há ou não risco da doença. O pré-natal é essencial para as pacientes, e as que adquiriram o Sars-CoV-2 não podem ficar fora do atendimento, precisam tomar um cuidado extra.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação