CB.Agro

Por Vicente Nunes vicentenunes.df@dabr.com.br

Correio Braziliense
postado em 29/04/2021 22:18
 (crédito: Guilherme Araújo/Esp. CB/D.A Press)
(crédito: Guilherme Araújo/Esp. CB/D.A Press)

46,5%
Foi a alta das ações da Boa Safra Sementes em sua estreia, ontem, na Bolsa de Valores de São Paulo. A empresa tem sede em Formosa e captou R$ 460 milhões no mercado.

 

Comida continuará cara
Os consumidores devem preparar o bolso. Quem estava contando com um alívio dos preços dos alimentos vai se frustrar. Depois de uma pequena trégua em março, os produtos agrícolas que têm cotação internacional — as commodities — voltaram a subir com força. Carnes, soja, milho, trigo, tudo está mais caro. E isso baterá na mesa de todos, diz Eduardo Velho, economista-chefe da JF Trust Gestora de Recursos. Nos últimos 12 meses, as commodities agrícolas acumularam alta de 55,4%.

Segundo Velho, para compensar a alta dos preços dessas mercadorias e amenizar a vida da população, sobretudo a mais pobre, o dólar teria que estar bem mais barato, próximo de R$ 5 e não acima de R$ 5,30, como agora. Quando as cotações da moeda norte-americana estão mais baixas, pode-se importar alimentos por valores menores. Ao mesmo tempo, os produtores reduzem as exportações, ampliando a oferta por aqui.

Infelizmente, não é o que vemos. E o quadro atual não mudará tão cedo, pois o preço do dólar continuará acima do desejável, assim como a valorização das commodities agrícolas. A carestia da divisa dos EUA tem a ver com as incertezas políticas e econômicas no Brasil, pois a moeda é vista com um porto seguro pelos investidores. Já a China está comprando todo alimento que pode para suprir seus mais de 1,4 bilhão de habitantes.

 

Tempo mais previsível
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), órgãos vinculados aos ministérios da Agricultura, da Ciência e Tecnologia e da Defesa, anunciam, na próxima segunda-feira, a criação do Sistema Nacional de Meteorologia (SNM).


Objetivo: eliminar a sobreposição de atividades e racionalizar o uso de recursos humanos e financeiros para aumentar a eficiência dos resultados. “Vamos ampliar a pesquisa e a ciência e melhorar o acesso do público à informação meteorológica para tomar as melhores decisões”, diz o diretor do Inmet, Miguel Novato. Ele explica que, durante mais de duas décadas, o Brasil duplicou esforços e recursos nesses institutos para produzir o mesmo produto.


A mudança trará grandes avanços para o agronegócio, com maior eficiência na previsão do tempo, fundamental para o produtor decidir o momento exato de plantar e de colher. O Inmet será o grande integrador da meteorologia no Brasil, o responsável pela emissão dos alertas, o que permitirá que o Inpe se concentre na pesquisa da meteorologia, produzindo ciência para aperfeiçoar os resultados. “Esta integração é uma revolução na meteorologia brasileira”, afirma Novato.

 

Apetite chinês
Tripudiada a todo momento por integrantes do governo, a China se mantém firme e forte como maior mercado consumidor de alimentos produzidos no Brasil. Dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) mostram que, em março, o país asiático absorveu 43,3% de tudo o que foi colocado à venda pelos agricultores brasileiros, totalizando US$ 5 bilhões. Três produtos responderam por quase 90% da pauta de exportações: soja em grão (77,3%), carne bovina in natura (6,5%) e carne suína in natura (3,0%).


Produção ameaçada
A gritaria por causa dos altos preços das commodities agrícolas, que estimula as exportações, é geral. O presidente da Cooperativa Leiteira de Alagoas, Ademir Monteiro, avisa que os pequenos produtores do estado (39 mil) e de Pernambuco (100 mil) não encontram farelo de soja para alimentar o gado, o que pode inviabilizar seus negócios. Isso porque foram colhidas 132 milhões de toneladas de soja na última safra — um recorde.

 

DF dos cervejeiros
Apesar da pandemia do novo coronavírus, o Distrito Federal passou de oito para 11 cervejarias em 2020 e desbancou Santa Catarina, aparecendo, agora, em segundo lugar na relação de fábricas da bebida por quilômetro quadrado, com uma empresa habilitada a cada 525 km², atrás apenas do Rio de Janeiro, com uma cervejaria a cada 433 km².

Os dados constam no Anuário da Cerveja 2020, que será divulgado nesta sexta-feira pelo Ministério da Agricultura. No Brasil, foram abertas, no ano passado, 204 fábricas da bebida, um aumento de 14,4% ante 2019. Com isso, o total de cervejarias autorizadas a funcionar pelo ministério chegou a 1.383, e o número de registros de produtores que fornecem matérias-primas para a fabricação de cervejas atingiu 33.963. Pela primeira vez, todos os estados do país computaram ao menos uma cervejaria — o Acre tem, agora, a primeira fábrica da bebida.

 

Empregos recordes
O campo continua dando boas notícias, sobretudo quando o assunto é emprego. A agropecuária encerrou o primeiro trimestre de 2021 com saldo positivo de 60.575 novos postos de trabalho com carteira assinada, o melhor resultado para o período desde 2007, quando foram abertas 62.245 vagas. As informações foram compiladas pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).


Houve geração de empregos em quase todas as regiões
do país. O Sudeste (44.477) e o Centro-Oeste (11.668) lideraram o ranking. A exceção foi o Nordeste, que fechou 7.530 postos. São Paulo comandou as contratações no período, com 36.146 vagas, ou 59,7% do total do setor, seguido por Minas Gerais, com 7.467 empregos (12,3% do total). No Nordeste, a Bahia foi o único estado com saldo positivo: 3.085 vagas (5,1% do total).


Por atividade, as três que mais criaram empregos foram: soja (12.656), frutas de lavoura permanente, exceto laranja (10.722) e bovinos (9.782). Juntos, esses segmentos responderam por 54,7% do total das vagas.

 

 

 

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