BENEFÍCIO

Impacto do auxílio emergencial na economia do DF será tímido

Isso ocorre devido à redução no valor, na quantidade de parcelas e no número de famílias beneficiadas, avaliam especialistas. Para os atendidos, montante será usado apenas em despesas mais essenciais

O pagamento do novo auxílio emergencial deve impactar timidamente na economia do Distrito Federal, e aos beneficiários, vai contribuir apenas para cobrir as despesas mais essenciais. Como a extensão do benefício foi reduzida, tanto o valor quanto a quantidade das parcelas pagas, especialistas avaliam que os impactos da medida serão menos expressivos do que os registrados em 2020.

O economista Newton Marques ressalta que, com o benefício, além da alimentação, as famílias podem negociar contas em atraso, como água e luz, para continuar tendo acesso a esses serviços. “O impacto desse dinheiro vai ser pequeno e localizado, mas será maior onde houver mais pessoas pobres sendo contempladas. O pouco é melhor do que nada”, pondera.

As parcelas, que variavam de R$ 300 a R$ 1,2 mil, em 2020, de acordo com o perfil do beneficiário, agora são de R$ 150 (pessoas que moram sozinhas), R$ 250 e R$ 375 (mães chefes de família). Além disso, dessa vez, o pagamento foi limitado a uma pessoa por família e, em vez de cinco, serão quatro pagamentos.

A perspectiva dos empresários é que apenas setores específicos, como mercados e farmácias, consigam alguma recuperação. “Não vão ser R$ 250 que vão resolver o problema do lojista”, diz o presidente do Sindicato do Comércio Varejista (Sindvarejista), Edson de Castro. No ano passado, com o auxílio, o comércio chegou a recuperar parte das perdas. “Dessa vez, estamos vendo que não vai sobrar. Tem muita gente preocupada com desemprego, não estão gastando”, ressaltou.

No ano passado, 795,9 mil cidadãos foram contemplados no Distrito Federal pelo auxílio emergencial, o que representou uma injeção de R$ 3,4 bilhões na economia do DF. Ainda não há uma lista com o total de contemplados pela nova rodada de pagamentos, mas a estimativa do volume total de repasses é que chegue a R$ 967,1 milhões, uma redução de 70%.

Incerteza

A dona de casa Maria Rita de Souza, 28 anos, o marido e os quatro filhos vivem em meio a dificuldades e medo em um frágil barraco de madeira, na comunidade Santa Luzia, Estrutural. “Minha maior preocupação é acordar, meus filhos pedirem leite e pão, e não ter”, conta Maria.

Com a pandemia, a família pagava as contas de água e luz com os R$ 600 do auxílio emergencial. “Aquele dinheirinho ficava para isso, e o restinho para fazer as compras”, recorda. Quando o benefício acabou, a família precisou recorrer aos “bicos”. “Um dia a gente come, um dia a gente não come. Eu e ela deixamos para os pequenos”, pontua Givanildo Xavier, marido de Maria Rita.

Maria explica que não sabe qual o valor do benefício que receberá agora. “A gente nem sabe se vai dar para comprar leite, material de limpeza ou, até mesmo, se vamos conseguir comprar material para manter o coronavírus longe da gente”, relata. Atualmente, a família não tem outros benefícios. Para ajudar, basta entrar em contato com a família pelo telefone (77) 98858-3133. O valor da cesta básica, em fevereiro, em Brasília foi de R$591,44, ou seja, 136% maior que o valor médio do auxílio.

Pobreza

Cada vez mais pessoas perdem renda e passam a integrar camadas mais pobres da sociedade. Antes da pandemia, em 2019, 69,1 mil pessoas viviam no faixa da extrema pobreza no Distrito Federal. Em 2021, essa parcela cresceu 15,7%, elevando o total para 79.960 cidadãos com renda familiar per capta de R$ 89 por mês. “O nível de pobreza não vai amenizar, pode até adiar um pouco, mas não muda”, avalia o economista Newton Marques.


Pagamento

O pagamento da nova rodada do auxílio emergencial está sendo feito diretamente em conta poupança digital da Caixa, que pode ser movimentada, por enquanto, apenas pelo aplicativo Caixa TEM. Os recursos só poderão ser sacados nas agências a partir de 4 de maio.