Entrevista Marcela Passamani / secretária de Justiça e Cidadania

Suporte aos vulneráveis é o foco da Sejus

Em parceria com a Secretaria de Saúde (SES-DF), Marcela Passamani, titular da Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania (Sejus), conseguiu autorização para vacinar o restante dos conselheiros tutelares da capital do país. Cinquenta profissionais da categoria já haviam sido imunizados no Hospital do Guará, e na última segunda-feira, mais 152 receberam a primeira dose da vacina contra a covid-19. Marcela foi a entrevistada do CB Poder — uma parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília. A secretária explicou ao repórter Alexandre de Paula que as secretarias trabalham em conjunto em todo o Distrito Federal, pois assim o auxílio à população é mais eficaz.

A Sejus está coordenando algumas ações nos pontos de vacinação aqui no DF. Qual a importância dessa medida?
A Secretaria de Justiça, desde o início da pandemia, não parou. A cada dia estamos lançando mais projetos porque sabemos que a população tem muitas demandas. Um dos nossos programas é “Sua Vida Vale Muito”, que começou no início da pandemia com a hotelaria solidária. Depois, passamos a fazer nossos atendimentos de forma itinerante pelas regiões do DF. Quando veio a questão da vacinação, de imediato disponibilizamos os nossos equipamentos públicos, presentes no Recanto das Emas, Itapoã e em Ceilândia, para poder dar esse suporte para os idosos se vacinarem de forma segura. A Sejus atende esse público em quadras cobertas, onde levamos cadeiras de rodas e água, por exemplo, para esse momento da vacinação ocorrer de forma segura e confortável. Além da vacinação, estamos oferecendo para a cidade nosso atendimento psicossocial. Nós sabemos que a pandemia afeta muito a saúde psicológica. Os psicólogos e assistentes sociais também fazem atendimento nas praças e no CEU das Artes (Centro de Artes e Esportes Unificados).

Como foi coordenar a vacinação com a SES-DF?
O secretário de Saúde, Osnei Okumoto, é muito competente, trabalha com maestria na SES-DF. E seguimos o plano nacional do Ministério da Saúde. O que a gente faz é trabalhar a logística quando as vacinas chegam ao ambiente da Secretaria de Justiça para disponibilizá-las por meio de acordos com secretários, universidades e servidores, para que consigamos fazer a imunização com toda a responsabilidade, de forma mais confortável e digna.

Um dos exemplos é a vacinação dos conselheiros tutelares. Qual a importância de imunizar essa categoria?
Todos os conselheiros tutelares foram vacinados ontem (segunda-feira), e isso foi uma vitória muito grande da categoria e da Sejus. Eu, particularmente, lutei muito para que essa vacinação ocorresse. Hoje, com alguns estabelecimentos fechados, os conselheiros são a porta de entrada para a população mais vulnerável. O conselheiro acolhe as famílias, e a gente precisa dar suporte e condições de trabalho, sabendo que, desde o primeiro dia, eles foram incluídos como serviço essencial e não fecharam as portas. A população tem se sentido muito grata e acolhida pelos conselheiros neste momento tão difícil. Eles são multiplicadores de boas práticas e boas ações. Orientam a população em relação ao uso de máscaras, higienização e como conduzir as famílias e os filhos.

Como garantir aos jovens oportunidades que permitam quebrar o ciclo de violência?
Somos uma pasta que faz política pública, e não tem uma palavra que cabe mais do que “oportunidade”. Estamos falando de oportunidades para romper com ciclos e iniciar uma nova fase. Eu acredito que a educação é capaz de transformar esses jovens. O nosso objetivo é levar às unidades de internação acompanhamento socioeducativo, oportunidades para que eles possam se qualificar, e em um momento iniciar no mercado de trabalho. Dar oportunidade e dignidade é o nosso trabalho.

Como tem sido esse acompanhamento na pandemia, em que o número de denúncias e casos aumentou?
Estamos falando de todos os públicos que sofrem violência: crianças, adolescentes, idosos e mulheres. O nosso olhar é sempre atento para fornecer auxílio para essas vítimas. Temos seis núcleos do Pró-Vítima espalhados no DF e estamos fazendo uma expansão para o Recanto das Emas. Trabalhamos para romper todos os círculos de violência que existem, seja ela física, psicológica, patrimonial ou emocional.

E nos casos de violência doméstica, quando o homem está ao lado?
A questão da violência contra a mulher está sendo muito bem trabalhada na Secretaria da Mulher, mas eu sempre entendo, como a primeira mulher secretária de Justiça do DF, que tenho um papel de motivação e exemplo. Eu sempre falo que tudo começa com o acreditar em si próprio, quando as mulheres acreditam no seu potencial e passam a saber que são capazes de romper com aquele ciclo. E a gente melhora essa autoestima fornecendo cursos profissionalizantes, suporte para os filhos terem acesso às escolas e ao mercado de trabalho, por exemplo. Nós, mulheres que estamos nessas posições de decisão, precisamos ter consciência do papel e da importância do nosso trabalho. Eu estou aqui para mostrar que a mulher é capaz de estar na frente de uma pasta tão grande como a Sejus, que tem três mil servidores, e que é possível fazer esse trabalho com competência, maestria e com o olhar ímpar que a mulher tem. Hoje eu tenho esse compromisso com todas as mulheres para que amanhã exista uma outra mulher na Secretaria de Justiça.