CLIMA

Época de gripe e resfriado

As baixas temperaturas associadas à queda na umidade favorecem o comprometimento do sistema respiratório. Surgimento de infecções e crises alérgicas tornam-se mais frequentes. Massas de ar polar são esperadas para a segunda quinzena deste mês

» JÉSSICA MOURA
postado em 02/05/2021 23:24
 (crédito: Minervino J?nior/CB/D.A Press               )
(crédito: Minervino J?nior/CB/D.A Press )


Com o fim do outono e a proximidade do inverno, as temperaturas ficam cada vez mais baixas e o tempo mais seco. Nessas condições, com pouca chuva, a poluição se acumula na atmosfera e prejudica o sistema respiratório. Além disso, por conta do frio, as pessoas tendem a permanecer em locais fechados, o que favorece o aparecimento das infecções sazonais.
“Em Brasília, a chegada do frio coincide com a chegada da seca. São duas condições que comprometem muito o sistema respiratório. As pessoas têm mais chance de desenvolver infecções respiratórias e alergias”, explica o pneumologista Ricardo Melo. Entre essas doenças, estão resfriados, gripes, sinusites, pneumonias e alergias como rinites e asma.
“Nesta época, as gripes podem precipitar quadros de sinusite e asma, e o agravamento de doenças pré-existentes, e a própria pneumonia. Todo esse conjunto de fatores e infecções levam à precipitação de alergias que, se não forem bem cuidadas, podem levar à infecções. É um ciclo vicioso”, ressalta o especialista.
Sempre que os ventos ficam mais gelados no fim de abril, a estudante Zayne Marques, 25 anos, que sofre de sinusite, já pressente os sinais dessas infecções. “Eu não consigo respirar direito. Meu nariz arde muito e ele costuma sangrar por causa da oscilação de temperatura. É complicado também porque minha dor de cabeça aumenta ainda mais e meus
olhos lacrimejam muito”.
Zayne relata que o incômodo maior é na hora de dormir, já que costuma ter congestão nasal e resfriados. Por isso, ela procura reforçar os cuidados para evitar que os sintomas fiquem mais fortes. “Lavo bastante o meu nariz com soro fisiológico e bebo muita água”, explica.
Uma vez que todas as infecções e alergias têm sintomas parecidos — entupimento das vias aéreas superiores, tosse, espirro, dor de garganta e falta de ar — em geral, é o exame médico mais minucioso que vai definir o diagnóstico, a partir do histórico do paciente.
“O mais importante é a população não desmerecer os sintomas, que podem ser uma sinalização de uma doença mais grave”, orienta o pneumologista Ricardo Medo. “Com os sinais de alerta, já procurar assistência médica por causa da situação de pandemia que estamos vivendo”. O médico ainda afirma que as pessoas não devem se automedicar, e lembra que o Sistema Único de Saúde (SUS) fornece medicamentos para tratar essas infecções.
O resfriado está entre as doenças mais comuns e é frequentemente confundido com a gripe. Contudo, os sintomas são mais brandos e incluem espirro, coriza, congestão nasal e mal-estar. No caso da gripe, é comum febre, dor no corpo, dor de cabeça e calafrios.
O ar seco irrita as mucosas e desencadeia quadros alérgicos como a rinite, que não é contagiosa. Com isso, há a inflamação da mucosa nas cavidades nasais e nos seios da face. Também é comum a coceira nos olhos e nariz e irritação de garganta.
Cuidados

A prevenção segue uma cartilha bastante conhecida e repetida ao longo da pandemia de covid-19: lavar as mãos com água e sabão ou álcool em gel, e evitar tocar olhos, nariz e boca após o contato com superfícies, assim como evitar o contato com pessoas doentes.
As crianças e os idosos compõem a parcela da população que mais inspira cuidados em relação a doenças respiratórias. “Nos extremos de idade, há uma tendência a apresentar sinais mais graves da gripe. No coronavírus não, qualquer pessoa pode apresentar uma má resposta”, pondera Melo.
O maior risco é que infecções como a gripe evoluam para quadros mais graves como a pneumonia, ou piorem outras doenças crônicas como diabetes e hipertensão. Neste ano, assim como em 2020, a covid-19 também é uma preocupação, já que a propagação do coronavírus ocorre sobretudo pelo ar, e cujos sintomas são muito semelhantes aos das infecções respiratórias.

Vacinação

Para evitar que a gripe se alastre entre a população mais vulnerável, a Secretaria de Saúde deu início à campanha de vacinação contra a influenza em 12 de abril. Mais de 54,5 mil pessoas já foram imunizadas. O público-alvo da campanha inclui crianças de 6 meses a menores de 6 anos, grávidas, puérperas, idosos acima de 60 anos e trabalhadores da saúde.

» Sintomas das doenças respiratórias

» Resfriado: espirro, coriza, congestão nasal e mal-estar
» Gripe: febre, dor no corpo, dor de cabeça e calafrios
» Sinusite: dor de cabeça, secreção nasal, febre, cansaço, coriza e dor muscular
» Rinite: espirros, coriza e nariz entupido
» Asma: dificuldade de respirar, chiado e aperto no peito, respiração curta e rápida
» Covid-19: casos assintomáticos, leves, moderados, graves e críticos. Sintomas podem evoluir de tosse, dor de garganta ou coriza, seguido ou não de anosmia, ageusia, diarreia, dor abdominal, febre, calafrios, mialgia, fadiga e/ou cefaleia a insuficiência respiratória grave, disfunção de múltiplos órgãos, pneumonia grave, por exemplo

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Frio cada vez mais intenso

Nas últimas semanas, com a chegada do outono, as temperaturas entre o fim da tarde e a madrugada caem consideravelmente. Mas o frio ainda não se instalou por completo no Distrito Federal: com poucas nuvens, os termômetros ainda marcam índices elevados durante o dia.
Para hoje, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê mínima de 13°C nas primeiras horas da manhã, e máxima de 26°C. A umidade fica entre 90% e 40%. Por ser uma estação de transição entre o verão, mais úmido e chuvoso, e o inverno, mais frio e seco, o outono agrega características dos dois períodos.
Segundo o professor de geografia da Universidade de Brasília (UnB) Rafael Franca, a sensação de frio só vai aumentar com a chegada das massas de ar polar, previstas para meados de maio. “Vamos sentir a queda da temperatura durante o dia, as tardes ficam mais frias, bem ventiladas e o ar mais fresco. Os dias ficam lindos, bom para tirar foto”. Segundo Franca, o “frio de verdade” ainda está para chegar. “Com certeza, pode fazer menos do que os 8°C ainda neste ano”, prevê.
A redução no volume de chuvas contribui com a queda na qualidade do ar, de acordo com o especialista. “As queimadas também acabam emitindo produtos na atmosfera. Até setembro, há um aumento das “ites”: rinite, sinusite, gripes e resfriados”, alerta Rafael Franca.

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