Entrevista

"Nenhum estudante nosso ficará para trás", diz o secretário de Educação do DF

Vacinação dos professores ocorrerá tanto nas escolas públicas quanto na rede privada para garantir segurança nos colégios particulares e a retomada de aulas presenciais nas unidades do GDF, segundo o secretário de Educação do DF, Leandro Cruz. No entanto, início depende do envio de doses pelo Ministério da Saúde

Samara Schwingel
postado em 13/05/2021 06:00
"Todas as nossas escolas estão abertas. Nós temos entrega de cestas verdes, entrega da merenda residual e do material impresso. Tiramos dúvidas e recebemos a comunidade diariamente. Fora isso, a gente prepara as aulas. As escolas, todas elas, sem exceção, sofreram intervenções de manutenções e de reformas" - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

A vacinação contra a covid-19 de profissionais da educação do Distrito Federal é essencial para que as escolas da rede pública retomem as aulas presenciais. No entanto, depende do envio de doses pelo Ministério da Saúde. Em entrevista ao CB.Poder — parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília — nessa quarta-feira (12/5), o secretário de Educação do DF, Leandro Cruz, afirmou que o plano está pronto e contempla profissionais da rede pública e da particular. “Nosso objetivo é começar pelas equipes gestoras”, detalhou.O público estimado é de 80 mil pessoas.

O secretário explicou ao jornalista Carlos Alexandre de Souza que, enquanto a vacina não chega para a categoria, a pasta trabalha para garantir educação de qualidade aos alunos e está desenvolvendo projetos para minimizar os impactos negativos da pandemia no ensino, como um cursinho pré vestibular voltado para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Segundo o Leandro Cruz, a proposta do preparatório é ser uma espécie de quarto ano.

Quando voltam as aulas, secretário?
Isso depende muito do nosso calendário de vacinação. Eu tenho falado, desde o primeiro dia que o governador (Ibaneis Rocha) me convidou para assumir a Secretaria de Educação, que sou um defensor ferrenho do retorno presencial das aulas em Brasília desde que nós tenhamos as condições sanitárias, as condições epidemiológicas mínimas necessárias para o retorno. E essa condição mínima, hoje, passa pela vacinação dos nossos profissionais da educação.

As escolas pararam?
As escolas nunca pararam. Todas as nossas escolas estão abertas. Nós temos entrega de cestas verdes, entrega da merenda residual e do material impresso. Tiramos dúvidas e recebemos a comunidade diariamente. Fora isso, a gente prepara as aulas. As escolas, todas elas, sem exceção, sofreram intervenções de manutenções e de reformas, e nós teremos, fruto do empenho das equipes gestoras, um ambiente escolar muito melhor para os estudantes retornarem. Escolas sanitariamente seguras e estruturalmente mais adequadas.

Quais são as condições mínimas para as aulas voltarem?
As condições mínimas nós já construímos nas escolas, em todas elas. A única coisa que falta, hoje, é a vacina. Não tem condições de falar em datas. Eu gostaria muito de falar em datas e falar que seria depois de amanhã. Gostaria muito. Nossos professores estão se desdobrando em um trabalho que é absolutamente novo para eles e para todo mundo, que é dar aula a distância, mediada por tecnologia, e estamos garantindo que nossos estudantes tenham essa aula, com o empenho dos nossos professores por meio das ferramentas de tecnologia, do material impresso e com o empenho das nossas equipes gestoras.

O senhor tem, inclusive, uma experiência pessoal porque também contraiu a covid-19.
Sim. Eu fiquei cerca de 20 dias internado na UTI (unidade de terapia intensiva) com respiração mecânica. Tirando o processo de intubação, que graças a Deus não foi necessário, todo o resto, eu passei e não desejo a ninguém. Não é uma gripezinha, não é uma doença ligeira. Deixa sequelas.

Esse plano de vacinação da categoria de professores. Existe uma ordem? De quantas pessoas estamos falando?
Em torno de 80 mil pessoas. É importante salientar que é um plano de vacinação que envolve a rede pública e as escolas privadas. Os dois estão na linha de frente. Uma vida não vale mais do que a outra. Nosso objetivo é começar pelas equipes gestoras que estão dentro das escolas, e ir vacinando e reabrindo, no caso da rede pública, e garantindo a segurança mínima, no caso da rede privada. Vamos começar pela pré-escola, pela creche e subindo até o ensino médio, à medida que as vacinas forem chegando. A boa notícia é que, parece que hoje (quarta-feira) o ministério (da Saúde) vai atualizar o Plano Nacional de Imunização (PNI) colocando os professores nele.

Como está a conversa da vacinação com os sindicatos?
Com os sindicatos a conversa é boa, é respeitosa. O sindicato com a posição independente deles, e a Secretaria com a posição independente dela. É uma conversa amistosa como tem que ser entre dois entes laborais. A questão fundamental para a gente é: não há condições de retorno às aulas. Precisamos de condições de segurança para isso. Perdemos vários professores de escola, perdemos diretores. Não tenho o número exato de quantos, mas não são poucos.

Como a Secretaria deve lidar com a evasão escolar daqui para frente?
A gente está desenvolvendo todo um planejamento que visa, exatamente, tratar os danos da pandemia. E o maior dano, além do conteúdo escolar e acadêmico, acho que é o conteúdo psicológico. E, no caso do abandono, da evasão escolar, estamos fazendo um planejamento que é múltiplo. Estamos trabalhando uma série de projetos pedagógicos para tratar essa questão. Estamos nos preparando para lançar, nos próximos dias, uma espécie de pré vestibular preparatório do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), em que nosso objetivo é um quarto ano do ensino médio, digamos assim. No qual a gente trate os estudantes que, ano passado, concluíram o ensino médio. Para que a gente traga esses egressos para mais um ano, como uma forma de compensar os danos causados e, também, uma forma de reforço para os estudantes que estão no 3º ano e vão prestar o Enem. Nenhum estudante nosso ficará para trás.

E a nomeação de assistentes administrativos, quando ela vai acontecer?
Em breve. Já mandamos, há algum tempo, para a Economia o processo. Ele já saiu da Economia e acho que, nos próximos dias, teremos as nomeações desses técnicos que são fundamentais para este momento. Agora, não me recordo, exatamente, qual é o número, mas vai ser muito significativo.

O que o senhor pensa sobre as políticas de Estado?
Eu acredito que política pública tem, por necessidade, que ser política de Estado. Governos são passageiros, e as nossas políticas públicas — especialmente quando falamos de segurança, saúde, educação, cultura e esportes — são políticas que você tem que pensar nela para uma década pelo menos. Estamos começando um projeto de escola vocacionada para o esporte. No qual você faz a formação esportiva ao mesmo tempo que faz a formação educacional dos estudantes. Esse é o nosso objetivo. Temos aqui nosso Cief (Centro Integrado de Educação Física) que vai abrigar uma das nossas escolas vocacionadas para o esporte com o apoio do Elefante Branco. Teremos uma estrutura privilegiada que eu gostaria de voltar aqui, daqui 10 anos, e dizer: falei que ia dar um medalhista olímpico. Nosso desafio é formar alguns atletas de alto rendimento e 100% dos nossos jovens que passarem por aquela escola utilizando a ferramenta do esporte e da educação mais bem formados.

Vou insistir um pouco nessa questão de longo prazo para as políticas públicas. Estamos vendo que o governo federal está no seu quarto ou terceiro ministro da Educação e existem muitas queixas relacionadas a uma ausência de presença do governo federal no auxílio aos estados no que se refere aos problemas da pandemia. Como está esse diálogo?
Nós temos um relacionamento absolutamente técnico e, nesse campo, ele dialoga muito bem. Especialmente com o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). Nós resolvemos problemas de obras de escolas, em Brasília, que estavam há anos enrolados e conseguimos, por meio de uma cooperação técnica deixando outras questões de lado, desenvolver um trabalho muito proveitoso. Em relação à pandemia, tratamos com independência.

As crianças ou familiares terão algum tipo de atenção em relação à vacinação?
Nós não temos, hoje, no mundo, uma vacina segura e aprovada para crianças, então, isso não está em discussão no momento. Baseamos todo o nosso procedimento contra a pandemia na ciência.

 

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