No Distrito Federal, 555.226 pessoas receberam a primeira dose da vacina contra a covid-19, até ontem, o que representa 18,19% da população. O reforço foi aplicado em 291.624 (9,55%). Apenas nesse domingo, 1.310 moradores da capital federal foram imunizadas com a D1 e outras 701 com a D2. A Secretaria de Saúde (SES) recebeu 1.064.240 doses das três vacinas em uso no Brasil, AstraZeneca, CoronaVac e Pfizer. Desse total, 945.934 foram distribuídas e 119.470 estão armazenadas na rede de frios, 32.356 destinadas à primeira aplicação e 86.910, à segunda. A vacinação continua hoje em todos os públicos dos grupos prioritários em que a imunização começou.
A média móvel chega mortes está em 29,1, a menor desde 17 de março. A mediana de casos é de 686,7. De acordo com o boletim epidemiológico de ontem, 894 infecções e 19 mortes pelo novo coronavírus foram registrados no DF. O total de ocorrências da covid-19 é de 392.582, sendo 8.317 óbitos. Ceilândia é o epicentro da pandemia na capital, com 43.533 casos. Na sequência, estão Plano Piloto (37.434) e Taguatinga (31.445).
Deve virar rotina
Apesar da autorização para aplicação das vacinas contra o coronavírus, os estudos científicos apresentados pelas farmacêuticas à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda não respondem a uma questão fundamental: por quanto tempo permanece a imunidade à covid-19. Os estudos estão em andamento, mas especialistas avaliam que a vacinação deve se repetir todos os anos, assim como acontece com outras doenças.
Estudo divulgado em abril pela farmacêutica Pfizer indicava que a proteção da vacina permanecia detectável por pelo menos seis meses após a aplicação da segunda dose. O UK Biobank constatou que os anticorpos contra a covid-19 são identificáveis por pelo menos seis meses após a infecção.
Naquele mesmo mês, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que ainda não havia certeza se a campanha de vacinação seria anual. A pasta informou que as imunizações vão continuar mesmo após a vacinação de toda a população. No Distrito Federal, a Secretaria de Saúde aguarda a definição pelo Ministério para organizar o plano de imunização perene.
O ex-secretário nacional de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde Wanderson Oliveira lembra que ainda não faz sequer um ano desde que as primeiras doses foram aplicadas fora dos testes clínicos, mas é certo que as campanhas devem se repetir todos os anos.
A primeira pessoa a receber o imunizante foi uma idosa de 90 anos no Reino Unido, em 8 de dezembro. “Podem ocorrer mutações e a vacinação não seria nem um reforço, seria uma nova vacinação. Pode ser que essas cepas escapem dessa proteção”, afirma o enfermeiro epidemiologista.
No DF, pelo menos cinco cepas estão em circulação. Oliveira acredita que a vacinação em humanos deve ser semelhante a que já é feita em animais contra outros coronavírus, anualmente. “Creio que para os humanos não vai ser diferente”. Ele relata que, em conversa com o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, soube que a instituição realiza estudos para que na provável campanha do ano que vem seja ministrar uma vacina combinada de influenza e coronavírus.
“A gente ainda não sabe como vai ser a resposta geral com relação à imunização e quão duradouros serão os anticorpos”, ponderou a infectologista Joana D’arc Gonçalves. “Provavelmente vamos precisar de novas vacinas”, ressaltou a médica. “A boa notícia é que, com novas tecnologias de produção, é mais fácil modificar e produzir vacinas”, afirmou. Ela lembra que, ao contrário da escassez atual de imunizantes, outras vacinas estão sendo desenvolvidas e podem estar no mercado em campanhas futuras. “Vamos ter que entrar nessa corrida tecnológica e investir em tecnologia e pesquisa para ajudar a solucionar nossos problemas”, declara.
Estudos
As fabricantes de vacinas têm empreendido estudos para determinar a necessidade ou não da aplicação de doses de reforço anuais. O próprio diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, declarou em entrevista à revista Veja, em março, que a vacinação contra a covid-19 com a CoronaVac deve ser repetida todos os anos. Segundo o instituto, os estudos clínicos com os participantes dos testes com a vacina continuam, e eles serão acompanhados por 12 meses para avaliar a manutenção da proteção da vacina durante esse período.
Já a Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) informou que ainda não há estudos conclusivos quanto à validade da proteção das vacinas. A previsão da instituição é que a partir do segundo semestre deste ano, a fundação passe a entregar doses 100% nacionais, com a produção do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), matéria-prima dos imunizantes, no Brasil.
Enquanto isso, a norte-americana Pfizer deu início a estudos clínicos para avaliar a manutenção da proteção conferida pela vacina produzida em parceria com a BioNTech. Esta é a única com registro definitivo de uso no Brasil.
Na primeira etapa da pesquisa, a farmacêutica vai analisar a segurança e eficácia de administrar uma terceira dose da vacina, tendo em vista a circulação de novas variantes do Sars-Cov-2. Para tanto, 144 participantes que já receberam as duas doses do imunizante nos Estados Unidos vão receber o reforço entre seis e 12 meses após a aplicação. Voluntários entre 18 e 55 anos e na faixa etária de 65 e 85 anos, que já participaram do estudo de desenvolvimento da vacina, estão inscritos nos testes.
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