BB quer recuperar espaço perdido
Não foi por acaso que o novo presidente do Banco do Brasil, Fausto Ribeiro, escolheu uma região produtora de grãos e carnes, com forte presença de cooperativas, como primeiro local a ser visitado desde que tomou posse. Nos últimos nove anos, a instituição perdeu participação no crédito agrícola. A fatia de mercado caiu 10 pontos percentuais, de 63,7% para 53,7%, quando considerados os balanços referentes aos primeiros trimestres.
Para Ribeiro, o BB precisa reforçar a sua tradição no agronegócio, que responde por mais de um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) e teve crescimento recorde de 24,36% em 2020. O executivo passou os últimos dias no oeste do Paraná, onde se encontrou com representantes das duas maiores cooperativas da região, a Lar e a Frimesa. Juntas, elas faturam R$ 36 bilhões por ano e geram mais de 55 mil empregos.
Com a Lar, o Banco do Brasil fechou um Convênio de Integração no valor de R$ 80 milhões. O dinheiro facilitará o acesso dos produtores a linhas de crédito e fortalecerá toda a cadeia de valor da avicultura na região. Mais: a cooperativa escolheu o BB como líder do sindicato de uma operação de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), que pode chegar a R$ 600 milhões.
Nesse movimento de perda de mercado, o BB enfrentou forte concorrência do Santander e do Bradesco e das cooperativas de crédito, que têm sido impulsionadas pelo Banco Central. Fausto Ribeiro sabe que a competição pelas riquezas do agronegócio só tende a aumentar com o incremento das agrotechs, startups que prometem revolucionar o campo por meio da tecnologia.
O reforço da importância do agro como negócio foi levado em conta no processo de reestruturação pelo qual passou o Banco do Brasil nos primeiros meses deste ano. Ao mesmo tempo em que foram fechados 354 pontos de atendimento, a instituição abriu 14 agências especializadas em agronegócios, totalizando, agora, 28. O banco também criou mais 276 cargos de gerentes de relacionamento para atendimento a mais 71 mil produtores rurais no modelo especializado.
De olho na riqueza do campo
» Os bancos não estão de olho apenas na oferta de crédito ao agronegócio. Querem, também, administrar a renda gerada pelo campo. Para isso, a Safra Invest está fincando os pés em Goiânia por meio da Speed Invest, escritório de agentes autônomos. Será o primeiro empreendimento da rede fora da capital paulista.
» Chefe de operações da nova unidade, Angélica Leite diz que não há como ficar distante da principal atividade econômica da região Centro-Oeste. “Há uma demanda reprimida voltada para o portfólio desse público, não só em carteiras de investimento, mas em soluções apropriadas e personalizadas”, frisa.
» Para Maurício Ceará, head da Safra Invest, o sucesso dessa plataforma decorre da solidez e da segurança oferecidas aos investidores. Segundo Fábio Tolin, sócio-fundador da Speed Invest, outros três escritórios devem ser abertos ainda neste ano, ajudando a empresa a atingir a meta de R$ 1 bilhão em ativos sob gestão.
Canola do DF
» O Distrito Federal caminha para ser um dos principais produtores de canola do país. O plantio, que começou por meio de um projeto experimental da Embrapa, mostrou-se muito promissor na região e começa a atrair a atenção de agricultores.
» A canola é a terceira oleaginosa mais consumida no mundo, com forte valor nutricional, tanto no óleo quanto no farelo para a engorda de animais. A perspectiva é de que, ao longo do tempo, o Centro-Oeste supere o Sul nessa cultura.
O etanol corrói o bolso
» No meio da guerra de versões travada entre a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis (Fecombustíveis) e a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), são os consumidores os grandes perdedores. Com os preços do etanol nas alturas, aqueles que precisam abastecer os carros têm pagado cada vez mais caro pela gasolina.
» A Fecombustíveis pediu ao Ministério de Minas e Energia que reduza o percentual de mistura do etanol a gasolina dos atuais 27% para 18%. Dessa forma, os preços dos combustíveis cairiam nas bombas. A Unica afirma que, se tal medida for acatada, o governo está sancionando o aumento da emissão de gás de efeito estufa.
» A Unica garante que, mesmo com a quebra da safra de cana-de-açúcar, por causa da falta de chuvas, o abastecimento do mercado de etanol voltará brevemente à normalidade. A moagem da cana, que deveria ter começado entre março e abril, está iniciando agora. Mais de 80% da safra já foi contratada.
BBB da produção
» O estado de Mato Grosso está servindo de piloto para a disseminação do 5G em áreas rurais. A TIM e a Nokia instalaram a primeira torre com essa tecnologia em uma fazenda em Rondonópolis, sede do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMA), que possibilitará o aumento da produtividade e a inovação para soluções no agronegócio.
» O 5G ainda depende de regulamentação pelo governo, mas há um empenho grande para a conectividade do campo. Pelo projeto, será possível fazer a inspeção do plantio em tempo real, movimentar máquinas, controlar a irrigação do solo e evitar incidentes.
Carne suína alimenta a China
» Os suinocultores estão contando os lucros da forte demanda vinda da China. Em alguns casos, as exportações para o país asiático, que foi afetado por novos surtos de peste suína africana, praticamente dobraram nos primeiros quatro meses deste ano ante o mesmo período do ano passado. Tão cedo, não se espera reversão desse quadro alvissareiro para os produtores.
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