Eixo capital

Ana Maria Campos
postado em 22/05/2021 22:14
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Prioridade na UnB caiu na última década

Ano a ano a Universidade de Brasília (UnB) vem perdendo espaço no orçamento federal. A dotação autorizada do custeio da instituição caiu 59% de 2013 para cá. Naquele ano, a rubrica foi abastecida com R$ 736,2 milhões. Neste ano, o montante previsto é de R$ 301,9 milhões, segundo levantamento do gabinete do deputado Chico Vigilante (PT). Impossível manter a qualidade do ensino ao longo do tempo com pesquisas, laboratórios e bons professores. Mas já foi pior. Em 2017 e 2019, a dotação foi de R$ 266 milhões.


Candidatura provável

O atual presidente da OAB-DF, Délio Lins e Silva Júnior, deve ser candidato à reeleição. Mas o grupo que está no comando da entidade ainda não fechou posição oficial.


Deputada quer jornalistas na lista de prioridades para vacinação

A deputada federal Paula Belmonte (Cidadania-DF) fez uma indicação ao Ministério da Saúde para que os jornalistas, técnicos e radialistas sejam incluídos na lista de prioridades do Plano Nacional de Imunização (PNI), como são tratados policiais, profissionais de saúde e professores. “Desde o início da pandemia, 169 profissionais de imprensa morreram de covid-19, de acordo com a Fenaj. Faça chuva ou faça sol, são trabalhadores que têm que correr risco para levar informação aos brasileiros”, justificou.


Barreira para quem vem do Maranhão

Por temor de uma nova onda no Brasil e no DF, o vice-presidente da Câmara Legislativa, Rodrigo Delmasso (Republicanos-DF), pediu à Anvisa que instale uma barreira sanitária no Aeroporto Internacional de Brasília e na rodoviária interestadual, com o objetivo de fazer testagem para covid-19 nos passageiros oriundos do Maranhão. Objetivo é identificar contaminados com a covid-19. Seis pacientes estão internados no estado, infectados com a cepa indiana do novo coronavírus, possivelmente mais letal e transmissível. Em vários países, evitar esse tipo de barreira tem funcionado bem.


Sem problemas

O governador Ibaneis Rocha (MDB) tem dito a interlocutores que a CPI da Pandemia não vai derrubar o presidente Jair Bolsonaro. Ele acredita que os senadores vão tentar ligá-lo a irregularidades, mas, se não surgir uma bomba relacionada a corrupção, Bolsonaro passa sem muitos problemas.


Mandou bem

Os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, embora sejam adversários políticos, se sentaram na semana passada para dialogar sobre os rumos do país. Sinal de respeito aos eleitores de ambos, embora haja diferenças quase intransponíveis para uma aliança.


Mandou mal

O presidente Jair Bolsonaro programa para hoje um passeio de moto no Rio, aos moldes do que participou há três semanas em Brasília, dois dias depois de passar pelo Maranhão, onde já circula a cepa indiana. Por onde o presidente passa, promove aglomeração.


A pergunta que não quer calar….

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) vai amenizar a responsabilidade do presidente Jair Bolsonaro no relatório da CPI da Pandemia se o presidente do STJ, Humberto Martins, for nomeado ministro do STF?


Só papos


“Vi o vídeo que o senador lá de Rondônia Marcos Rogério colocou, onde vários governadores entre eles o próprio filho do Renan, o outro filho do Jader Barbalho, do Pará — o do Renan é de Alagoas; o comunistão, o comunista gordo — só no Brasil, né — o comunista gordo Flávio Dino falou da cloroquina”
Presidente Jair Bolsonaro


“Bolsonaro anda preocupado com o meu peso, algo bem estranho e dispensável. Tenho ótima saúde física e mental. E estou ocupado com vacinas, pessoas doentes, medidas sociais, coisas sérias. Trabalho muito. Não tenho tempo para molecagens, cercadinhos e passeios com dinheiro público”

Governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB)


À QUEIMA-ROUPA

Claudia Fernanda de Oliveira Pereira
Procuradora do Ministério Público de Contas do DF

“Essa doença ensina que tudo o que você pode ter de material nesta vida, status, poder, fama... não definirá se você sairá ou não vivo”

Você teve a covid-19. Como se sentiu diante da doença?
Não vou usar meias palavras porque acho que esse meu depoimento pode ajudar as pessoas. É preciso ter a certeza de que esta é uma doença real, devastadora, traiçoeira e que, caso agrave, você irá entrar numa batalha de vida ou morte. Para você ter uma ideia, o meu primeiro PCR deu em torno de 2,19 mg/L. Dias depois, já estava em 62,01, quando o médico prescreveu outro antibiótico de referência, para conter a infecção, já que a piora, no meu caso, foi a partir do 7° e 8° dias. É aí que a batalha começa de verdade, quando a pessoa sente mais medo, mais falta de ar, mais febre, que te joga em um estado lamentável, mais dor. No 10° dia, o comprometimento de um dos meus pulmões, que era de 5%, estava em 50%, e eu tive que internar. A saturação caiu. Por isso, é preciso fazer tudo certo, desde o começo, para que a pessoa consiga passar por esse tsunami da melhor forma possível. Fuja dos profissionais que banalizam os sintomas; que mandem você para casa com uma receita de dipirona, porque uma coisa é certa, se o quadro se agravar, só vai restar ao doente, familiares e amigos muito sofrimento, o risco real de óbito e o recurso à internação e UTI em leitos milionários.

Como você entendeu o seu processo de adoecimento diante da covid-19?
Na prática e ouvindo as pessoas que passaram por isso. O meu irmão, que tinha tido a doença duas semanas antes, foi fundamental para me abrir os olhos. No mesmo período, um grande amigo estava com a doença. Numa quarta-feira, tinha me enviado uma mensagem dizendo que estava ótimo. No sábado, estava na UTI. Além disso, trabalho pelo Ministério Público de Contas na área da saúde e, desde o primeiro dia da pandemia, defendi que os órgãos de controle têm que estar na linha de frente. Então, ouvi muitos relatos. Isso me ajudou também.

Você sabe como pegou a covid-19?
Essa pergunta é muito importante e difícil de responder. Aliás, é preciso dizer que eu não perdi o olfato nem o paladar. Eu tive uma indisposição gástrica, como se fosse uma má digestão, que não passava. Existe um período de incubação da doença e, fazendo os cálculos, tentando analisar o que pode ter sido, imaginei o fato de haver participado, de casa, de um evento virtual. Como havia hora para começar, aceleramos os processos, sendo provável que não tenhamos higienizado corretamente os produtos e as embalagens recebidos em tele-entrega, que chegaram com atraso. Então, o que aconselho não é parar de pedir por delivery, mas que sejam redobrados os cuidados com a higienização. Mas não dá para afirmar que tenha sido isso. Por outro lado, a minha imunidade vinha muito baixa, então, a mesma exposição viral pode atingir de forma diferente pessoas que estejam no mesmo cenário. Por isso, entre casais, por exemplo, um pode pegar e o outro, não. Também digo para as pessoas que é certo que não peguei no trabalho, já que naqueles dias prováveis de contágio não trabalhei presencial. Isso quer dizer que o vírus está por toda a parte e não está confinado no seu ambiente de trabalho. O mesmo cuidado ou temor que você tem ao sair para trabalhar deve ter, também, ao visitar seus amigos e familiares; ao se divertir; ao ir a sua igreja; ao estudar; ao se exercitar, etc.

Passado o pior, dá para ver algo de positivo em tudo isso?
Sim, a solidariedade. Eu vou te contar algo lindo que ocorreu comigo. Procurei padre Vanilson, da Paróquia do Perpétuo Socorro, um homem muito bom e que já tinha pegado a doença, além de recém-saído de um grande esgotamento por excesso de trabalho. Ele prontamente me recebeu e rezou por mim. No final, ele me deu um óleo bento. No dia seguinte, Giselle, minha estagiária de ouro, me acordou com uma mensagem, dizendo que tinha algo para me dar. O pastor da Igreja dela trouxera um óleo abençoado da Terra Santa. Era o único frasco que ela tinha. Eu argumentei com ela que ficava muito feliz, mas que não aceitaria o frasco todo e que ela poderia dar-me uma parte, porque Deus multiplicaria cada gota. Ela, no entanto, agradeceu-me, mas me disse que queria dar-me o frasco todo, pois eu precisava mais. Dois óleos, duas igrejas, um só Cristo.

E o que muda daqui para frente?
Tem que mudar, né? Você tem que ter coragem para romper com padrões desnecessários, que não te causem bem, e deve intensificar as suas ações na direção do que é o justo e o correto, porque essa doença ensina que tudo o que você pode ter de material nesta vida, status, poder, fama... não definirá se você sairá ou não vivo.

Qual a sua mensagem para as pessoas?
Gratidão. Agradeço aos médicos que me atenderam, Dr. Thiago Fuscaldi, Dr. Matheus França, Dr. Frederico, Dr. Volpe, Dr. Benício, Dr. Paulo, a cuidadora Jenifer, todas as enfermeiras, na pessoa da Dra. Kedima, mas eu preciso agradecer ao médico dos médicos, Deus, em primeiríssimo lugar, e a Maria, minha mãe. Foi Deus que me curou. Por isso, agradeço a todos os que rezaram por mim, sendo impossível nominar um por um. Mas quero registrar em nome de todos e em especial, Nardeci; todos do meu gabinete, na pessoa da Giselle, que acordava às 3 da manhã e também ia ao estacionamento do hospital só para rezar pertinho; ao Alessandro, que colocou o meu nome no fortíssimo Cerco de Jericó; à minha amiga de Deus, Luciana Asper; à família Oton de Lima; ao meu irmão Carlos Frederico e ao meu marido, Lúcio. Ele acompanhou o pior dessa doença e, graças a Deus, já tomou a primeira dose. Por fim, cuidem-se de si mesmos e de todos. Redobrem a higienização. Usem máscara. Rezem muito, é de graça! Ajudem, também. Façam todo o bem que puderem. Vocês estarão doando o óleo todo da solidariedade e farão muito a quem o receber. Além disso, é preciso não aceitar um tratamento indigno, a má gestão e a corrupção. Você é cidadão e tem todo direito a um serviço sanitário de qualidade. Se é direito, não é favor. Denuncie ao Ministério Público.

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