“Em meio a tantos problemas, a fé é justamente o que nos dá o sustento, nos faz ter forças e uma orientação. Ela é o que nos coloca no caminho”. O depoimento do servidor público Tadeu Rocha explica a presença dele e de mais 200 pessoas na missa de Corpus Christi da Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, celebrada ontem.
Junto aos sacerdotes, os fiéis cantaram, rezaram, fizeram votos de agradecimento e pedidos de proteção, enquanto raios de sol que transpassavam os vitrais da igreja iluminavam o salão durante toda a celebração. Apesar da grande participação presencial, o distanciamento foi respeitado, assim como o uso da máscara. Além disso, os religiosos tiveram de aferir a temperatura para entrar no templo. A hóstia, tradicionalmente entregue pelo ministro da fé na boca do fiel, foi distribuída na mão de cada participante.
Este é o segundo ano em que a data é vivenciada com restrições para evitar o contágio da covid-19. No entanto, as medidas não impediram o exercício da fé e as ações de graça, símbolo da data.
“É uma data muito importante, um dia esperado, que celebra o Corpo de Cristo e a presença dele que continua entre nós. E celebramos aqui, comungando”, explica Amanda Rocha, esposa de Tadeu. Os dois são pais de Clarissa, de 1 ano e seis meses, que explorou a Catedral e observou atentamente cada rito. A família afirma que a fé que cultivam, principalmente neste tempo, traz esperança e a segurança de que cada dia pertence a Deus.
Já o empresário Marcos dos Santos, 36 anos, aproveitou a missa para compartilhar com os filhos, Caio, 5 anos, e Nathan, 8, a importância da Catedral na história dele. Marcos chegou a dormir em frente à igreja para conseguir uma vaga para realizar o casamento dele no local, em 2017. “A Catedral tem um valor sentimental e espiritual muito grande. Estar aqui e ver tudo de perto é maravilhoso demais”, conta. “Também quero que eles tenham vivência de fé, como eu”, afirma.
Mensagem de ânimo
A palavra ministrada pelo bispo auxiliar de Brasília dom Marcony Vinícius encorajou os fiéis a terem esperança e fé durante a pandemia. “Esses tempos difíceis vão passar. Não desanimem. Agradeçam a Deus e peçam que ele aumente a nossa fé”, aconselhou o religioso. Ele também convocou os participantes a viverem de acordo com o que aprendem com Jesus, e que “o maior problema da fé é a diferença entre o que ouve e o que se vive”.
Isabela Rodrigues, 17 anos, conta que a mensagem a renovou. A jovem sonha em cursar psicologia e afirma que a missa a ajudou a ter mais confiança no planejamento. “Saio com mais esperança de um mundo melhor, e sonhando também com o meu futuro”, conta. Ela foi à missa com o irmão, Pedro Henrique Rodrigues, 18, e o primo Gabriel Rodrigues, 19.
Moradores de Sobradinho 2, eles reservaram o sábado para participar de mais uma missa e conhecer outros pontos turísticos. Gabriel, natural do Maranhão, esteve pela primeira vez no local. “A Catedral é muito linda e a missa daqui foi algo que eu nunca tinha visto antes. Incrível”, diz.
Tradição
A Paróquia Santa Rita de Cássia, no Lago Sul, manteve a produção do tradicional tapete, que representa o preparo do caminho para o corpo de Cristo. Para evitar o contágio contra a covid-19, a montagem foi feita durante a noite, quando não há circulação de fiéis, e com número reduzido de pessoas na produção, além de uso de máscaras em todo processo de criação. O resultado foi um tapete com cerca de 14 metros, feito com areia e serragem tingida, com a reprodução de símbolos sagrados, como o cálice e a Nossa Senhora de Aparecida.
Para o padre Iran Preusse, líder da Paróquia, tanto a tradição do tapete quanto a missa de Corpus Christi em si é um “testemunho público da fé”. “Esta é uma solenidade de tradição secular, que nasce na Bélgica. Cremos que a Eucaristia é o corpo, alma e divindade de Cristo. Por isso, é um dia especial por excelência”, pontua.
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