>> entrevista Cláudio Luiz Lottenberg / do Instituto Coalizão Saúde

Politização da pandemia preocupa

O médico critica o negacionismo e defende o investimento nos imunizantes como a principal forma de combate à covid-19

» SAMARA SCHWINGEL
postado em 09/06/2021 21:25 / atualizado em 09/06/2021 21:25
 (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

As vacinas contra a covid-19 devem ser a prioridade das autoridades públicas no combate à pandemia. Em entrevista ao CB.Poder — uma parceria do Correio com a TV Brasília —, de ontem, o presidente do Instituto Coalizão Saúde e do conselho da sociedade beneficente israelita Albert Einstein, Cláudio Luiz Lottenberg, afirmou que, neste momento, é preciso investir na vacinação e que, além de trabalhar na operacionalização da campanha, é preciso pensar em respostas personalizadas para os problemas enfrentados em cada região, seja o abandono vacinal ou a baixa adesão à campanha.

À jornalista Carmen Souza, Lottenberg afirmou que o país tem capacidade e tradição de vacinar entre 40 e 60 milhões de pessoas por mês. Porém, com questões políticas e negacionistas ligadas às vacinas, o processo não ocorre da forma desejada. “Há uma disputa política exagerada, uma politização. Enquanto não houver uma voz de comando, para que nós possamos uniformizar tudo isso, um exemplo de liderança, acho muito difícil que a gente possa contornar”, disse.


Quais pontos estão em destaque neste período de crise sanitária?
Eu acho que fica muito claro um esquema de fragilidade sanitária. Se nós olharmos todo o perfil daqueles que lideraram a saúde, independentemente do atual governo, muito pouco se fala a respeito disso. Nós discutimos a participação do setor privado dentro do sistema público de saúde, a importância de programas — como é o caso do programa de saúde da família — falamos da questão regulatória, de planos de saúde, mas muito pouco se falava sobre pandemias.

O senhor pode destacar quais são os principais desafios?
Temos uma falta de entendimento e compromisso na busca de soluções que, neste momento, efetivamente, seriam as buscas das vacinas. A tal da diplomacia da vacina aconteceu tarde e, quando veio, não veio de maneira própria, ainda veio com muito negacionismo. Temos também uma falta de um discurso uniforme, ou seja, aquilo que acontece no plano federal não conversa com aquilo que está acontecendo no estadual. Há uma disputa política exagerada, uma politização.

Essa semana estamos falando da chegada dos lotes da vacina
da Janssen, doses, inclusive, com um prazo de vencimento
muito curto. Vem aí outra semana preocupante?
De acordo com números levantados e apontados pelo próprio Ministério (da Saúde), 40 mil pontos estariam aptos a exercer a vacinação de forma simultânea. Significa que o Brasil poderia ter entre 40 e 60 milhões de aplicações por mês. Então, não seria um cenário trágico se nós tivéssemos a competência para organizar esse processo logístico.

Estamos em um momento em que vários estados começam a chegar no
final do grupo prioritário de idosos. E surge a discussão do “quem vem agora?”.
Estamos em um cenário de enfrentamento, de guerra. E, nesses cenários, não temos uma resposta única, ainda mais para um país da dimensão continental como é o Brasil. A vacina é uma questão de direito social, mas as soluções têm que ser regionalizadas. Tem que existir a criatividade do gestor local com transparência e compromisso ético.

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