Prepare-se para a seca!

Com a chegada do inverno, brasilienses começam a enfrentar temperaturas menores e queda na umidade do ar, que ontem chegou a 30%. Daqui a pouco mais de uma semana, o índice deve chegar a menos de 20% nas horas mais quentes do dia

Ana Isabel Mansur
postado em 10/06/2021 22:51
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)

Garrafa de água, manteiga de cacau, soro e toalha molhada estendida durante a noite. O kit básico de sobrevivência do brasiliense pode começar a ser tirado do armário. É que, nos próximos dias, com o início do inverno em 22 de junho, a umidade relativa do ar pode chegar a menos de 20%. Ontem, o índice foi de 30% no Gama e de 35% no Plano Piloto. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) publicou aviso amarelo de perigo potencial para baixa umidade do ar, com início às 12h e término às 18h. Hoje, a umidade permanecer entre 25% e 30% ao longo do dia, sem chuvas e céu com poucas nuvens. A temperatura deve variar entre 15ºC e 27ºC.

Não chove no DF desde 10 de maio, e não há previsão de chuvas para os próximos dias. No inverno, o volume de precipitações diminui significativamente no Centro-Oeste. Desde março, o DF tem registrado volume abaixo da média. Em maio, por exemplo, choveu apenas 4,8mm, 15% do costumeiro. Fevereiro deste ano, porém, foi o mês mais chuvoso da série histórica, feita desde 1962, com acumulado superior a 473,4 mm. Para junho, o volume aguardado é menor por conta da estiagem — 4,9mm.Os meses mais secos na capital federal são agosto e setembro, quando a umidade pode chegar a 10%, como aconteceu em 4 de outubro do ano passado.

“Do final desta semana até o início da outra, começa o período de transição entre as estações. Nesses dias que antecedem o inverno, podemos ter características típicas mais presentes. Por enquanto, ainda estamos com umidade entre 25% e 30%, que é comum no outono, com temperaturas mais amenas na parte da manhã e aquecimento ao longo do dia, voltando a esfriar pela noite”, detalha Andrea Ramos, meteorologista do Inmet.

Ela explica que a estiagem é mais comum no período do inverno, mas pode acontecer antes. “No outono, há acúmulo de massa de ar seco, que vem, inclusive, circulando há alguns dias. Essa massa pode ocasionar umidade abaixo de 25%, mas não chega a ser menor do que 20% — esse índice é esperado para o inverno. Isso acontece todo ano, e em 2021 não deve ser diferente. É realmente o período mais crítico”, complementa Andrea.

Dificuldades

O estudante Gabriel da Silva Pinheiro, 21 anos, passa por dificuldades nos meses de estiagem. O jovem sofre de asma, bronquite e rinite alérgica. “Durante a seca, a gente já fica sofrendo com a pele ressecada. Para quem tem problema respiratório, é um terror. Quando eu era criança, era a época em que meu nariz não parava de sangrar. Hoje, eu sinto mais dificuldade de respirar, parece que o pulmão não enche por completo”, descreve Gabriel.

Outro agravante para a situação do estudante é o local onde mora. “A poeira que sobe com a secura deixa aquela coriza chata. E aqui em Águas Claras tem bastante poeira por conta das obras. Eu tento sobreviver ao período com um umidificador de ar. Nós, brasilienses, passamos por isso todos os anos, e parece que vamos desenvolvendo uma casca mais grossa de resistência”, reflete o jovem, acrescentando que, no período da seca, chega a tomar quatro litros de água por dia.

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Dicas para enfrentar a seca

» A baixa umidade do ar favorece à incidência de doenças respiratórias, como rinite alérgica e asma, e pode predispor à prurido (coceiras) na pele, nos olhos e sangramento nasal. Portanto, os cuidados com a hidratação devem ser redobrados

» Aumentar o consumo de água, sucos naturais e água de coco

» Pode ser comum a exacerbação dos sintomas da doença respiratória de base. Por isso, o paciente deve manter o tratamento contínuo corretamente

» Usar soro fisiológico nas narinas e umidificador de ar nos ambientes. A técnica também pode ser feita com toalha úmida estendida sobre superfícies

» Evitar exercícios físicos entre 10h e 16h, que são os horários mais quentes e com maior risco de desidratação

» Não usar ventiladores e ar-condicionado voltados para o rosto

» Manter os ambientes limpos e sem poeira

» Em casos de desidratação, com sintomas como indisposição, fraqueza, olhos fundos, cansaço extremo, tontura e dor de cabeça, principalmente em crianças e idosos, é importante procurar um médico

» Pacientes com problemas respiratórios crônicos com piora dos sintomas que não conseguirem controlá-los com os medicamentos de uso contínuo também devem procurar ajuda

» Nos casos de sangramento nasal, se não cessar espontaneamente, tentar conter deixando a cabeça elevada e inclinada para a frente, pressionando a narina com uma toalha ou papel e respirando pela boca até que o sangramento pare. Se continuar, e for em grande quantidade e prejudicar a respiração ou estiver associado a cansaço e confusão mental, procurar ajuda médica

Fonte: Carolina Moreno Cossi, médica pneumologista do Hospital Brasília

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