A Neoenergia Distribuição Brasília comprou a principal subsidiária da Companhia Energética de Brasília (CEB) em 2 de março e, agora, completa 100 dias de gestão. Em entrevista ao Correio, Frederico Candian, presidente da empresa, afirmou que o foco das ações tem sido a qualidade na prestação de atendimentos e a entrega de serviços à população.
A companhia, controlada pelo grupo espanhol Iberdrola, também é responsável pela distribuição da eletricidade em São Paulo, Pernambuco, Bahia e no Rio Grande do Norte. Em outros 14 estados, atua com geração, transmissão e comercialização de energia.
Frederico avaliou o período de atuação na capital federal e destacou um recorde positivo verificado em maio: de 18 minutos de interrupção dos serviços — a menor marca registrada pela companhia para o mês. O executivo também elogiou o “self-healing” da CEB, tecnologia que permite o isolamento de um eventual defeito e a recomposição automática do fornecimento de energia na maior parte da região afetada.
Qual balanço o senhor faz do período de atuação da Neoenergia no DF? Em quê já foi possível avançar e quais foram as principais dificuldades encontradas?
Foi um período positivo, de muito trabalho. O primeiro ponto de destaque foi o diferencial no atendimento à (área da) saúde, por meio da rede de hospitais e unidades. Realizamos o mapeamento e a manutenção preventiva de 324 km das redes de energia que integram os 45 centros médico-hospitalares do DF, para garantir o atendimento necessário à população neste momento tão difícil. Criamos, também, um canal exclusivo de atendimento para hospitais e unidades de saúde e, adicionalmente, fizemos a ligação da energia dos novos hospitais de campanha, agilizando todos os processos para entregar as unidades o quanto antes. Além disso, conseguimos entregar energia com maior qualidade do que tínhamos anteriormente, com o destaque do recorde para o índice que mede a duração média de interrupção por clientes. Alcançamos a marca de apenas 18 minutos, valor 44% menor que (o verificado em) 2020 e o melhor registrado na história da companhia para este mês. Geramos oportunidades para pagamentos de contas atrasadas e facilitamos o acesso à quitação. Foram quase 50 mil faturas negociadas, número 40% superior ao da gestão anterior, com mais de 8 mil planos de parcelamento. Também tivemos a campanha Saldão 30%, que conseguiu zerar a incidência de multas e juros de faturas em atraso. O foco na qualidade do serviço e no atendimento ao cliente com geração de oportunidades foi muito forte. Também formalizamos a doação ao GDF (Governo do Distrito Federal) de 15 refrigeradores científicos, para armazenamento das vacinas contra a covid-19, que estão em operação. Por fim, temos o lançamento da Escola de Eletricistas no Distrito Federal, um curso de formação de 480 horas que vai capacitar 100 homens e mulheres. Eles poderão ser contratados para a companhia ou receber capacitação para atuar no mercado do DF, por meio de parceiros e (empresas) contratadas da Neoenergia.
Algumas das principais críticas ao processo de privatização citavam os estados em que a compra tornou a energia mais cara e com pior qualidade. Com esse tempo e com as ações descritas, foi possível demonstrar que esse não será o caso no DF?
O caminho de nosso trabalho é melhorar a qualidade (do serviço prestado). Isso está previsto no trabalho e na gestão desde o primeiro dia. A tarifa de energia está ligada diretamente ao histórico de cinco anos de investimentos que ocorreram antes da entrada da Neoenergia. A revisão tarifária feita pela empresa, que pode ter juros, leva em consideração, principalmente, esse período anterior. O que estamos fazendo hoje é melhorar a qualidade dos serviços.
Quais são os resultados da mudança para a Neoenergia? O que não podia ser feito com a continuação da CEB como estava e o que tem sido feito agora?
Os pilares principais estão na qualidade dos serviços e nos investimentos. Temos uma expectativa muito grande em relação a melhorias, tanto da energia nas casas da população quanto da (diminuição da) frequência com que essa energia possa ser interrompida. Além do relacionamento com o cliente, por meio dos canais de contato e informação, de forma virtual. Incluímos atendimento via redes sociais, como Facebook, Twitter e Instagram, o que melhorou o relacionamento e deu agilidade (ao serviço). Podemos fazer inovações em tecnologia com investimentos. Isso facilita e aumenta o contato com os clientes.
A Neoenergia assumiu a gestão da CEB durante a pandemia da covid-19. O agravamento da crise no início deste ano impactou algum projeto inicial da empresa ou o pior cenário estava previsto?
Já estava previsto no plano de atuação. Como empresa sustentável, o objetivo era estar preparada para este ano. Com o plano diretor e estratégico, nós nos adaptamos à pandemia, redirecionamos as forças e aumentamos o investimento para a população. Aprendemos muitas lições nos outros quatro estados (brasileiros) de atuação e, como em outros países, temos grupos que discutem as ações que podem ser mantidas ou adaptadas durante a pandemia. Aprendemos a lidar com o momento. Parte da equipe ficou em home office, mas nosso time operacional, a grande maioria do contingente da companhia, continuou na linha de frente, com todos os cuidados e protocolos necessários.
Quais são os investimentos previstos para o próximo semestre e para 2022? Devem ser maiores, considerando uma possível desaceleração da pandemia?
Estamos trabalhando, após esses 100 primeiros dias aqui no DF, para continuar com nossos investimentos e aumentar a modernização, por meio de mais canais de relacionamento com o cliente e de estrutura para mantermos a qualidade. Tivemos o início da operação do self-healing em cinco regiões, beneficiando mais de 37 mil habitantes no Recanto das Emas, em Sobradinho, Taguatinga, Brazlândia e no Lago Sul. Até o fim do ano, mais de 20 sistemas serão instalados em outras cidades. Também instalamos 12 religadores de linha planejados para 2021 — de um total de 150 — e iniciamos a implantação do sistema de Transferência Automática de Linhas de Alta Tensão — algo inédito no DF, que vai atuar na rede de alta-tensão e evitar impactos de grandes ocorrências. Nosso time está preparado para concluir essas inovações. Temos contingente de pessoas adicionais trabalhando, com um programa de contratação (atuando) em paralelo a nossos colaboradores. Indiretamente, estamos gerando empregos no DF, para execução dos investimentos que temos feito.
Como a Neoenergia tem trabalhado com a questão da tarifa? É possível reduzir o preço ou a revisão é realmente necessária?
A questão das bandeiras é relacionada ao governo, não temos ação direta sobre isso. Em relação à tarifa, diferentemente, o valor é referente a uma série. Houve investimento de acordo com a metodologia do órgão regulador, sobre a qual é feita a base de cálculo da tarifa. Atuamos, daqui para frente, para ser os mais justos possível em termos de qualidade e preço.
Existe alguma ideia de campanha para tratar com o público a necessidade de consumo mais consciente?
Temos um programa com publicações constantes nas mídias sociais, com orientações quanto à redução do consumo, para ser mais sustentável e eficiente, e informações sobre a segurança elétrica nas residências. É uma área informativa da empresa, principalmente durante a pandemia da covid-19, para orientar os clientes sobre como é possível economizar energia.
Em relação a programas sociais e de atendimento a pessoas em vulnerabilidade, o que pode ser feito?
Fizemos recadastramento pró-ativo e dobramos a quantidade de famílias cadastradas na Tarifa Social de Energia Elétrica. Cadastramos mais de 14 mil novas, mais do que o dobro da quantidade de clientes inscritos no benefício. O total de contemplados pelo programa no DF saltou de 13 mil para 27 mil famílias (desde o início da gestão da Neoenergia).
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