IMUNIZAÇÃO

Números da vacinação oscilam no DF; segunda dose sofre queda

No DF, desde o início do mês de junho, a Secretaria de Saúde registra oscilações na aplicação da segunda dose de imunizantes contra a covid-19. Para especialistas, é necessário investir em comunicação e na busca ativa, a fim de atingir a imunização adequadas

Samara Schwingel
postado em 13/06/2021 06:00
Vacinação no estacionamento do Mané Garrincha -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
Vacinação no estacionamento do Mané Garrincha - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Em estoque na Rede de Frio Central do Distrito Federal, há cerca de 98,7 mil doses de vacinas contra a covid-19 para a aplicação da segunda dose. O governo local adotou uma postura de armazenar essas vacinas a fim de evitar que falte imunizante para o reforço de quem recebeu a primeira dose na capital federal. Porém, de acordo com dados da Secretaria de Saúde, na última semana, o número de aplicações diárias da segunda dose sofreu quedas significativas.

Em pelo menos quatro dos últimos sete dias, o valor ficou abaixo de mil doses administradas (Veja Número de aplicações por dia). A estratégia da pasta é remanejar as doses que estão prestes a vencer. Para especialistas, é preciso investir em comunicação e na busca ativa.

Interlocutores da Secretaria de Saúde afirmam que a pasta está ciente da situação e explicam que a estratégia para evitar desperdícios consiste no remanejamento de doses. Os gestores do Comitê de Operacionalização da Vacinação entram em contato com os responsáveis por cada posto de vacinação e apuram quais e quantas vacinas destinadas à segunda dose estão próximas da data de vencimento. A uma semana do prazo, a pasta remaneja a vacina que não foi procurada e a aplica como primeira dose nos grupos prioritários da campanha.

Além disso, a secretaria estaria apostando em apelos nas redes sociais e orientação à população. Segundo eles, após receberem a primeira dose, as pessoas são orientadas sobre a importância a segunda aplicação. Porém, os gestores da pasta já teriam descartado a ideia de realizar uma busca ativa às pessoas que não tomam o reforço no prazo, pois não há mão de obra suficiente.

A estratégia é a mesma para moradores do DF e para as 125 mil pessoas de outros estados que se vacinaram contra o novo coronavírus na capital. Para a infectologista da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal Valéria Paes, o GDF deveria pensar mais em investir na busca ativa de quem deixa de tomar a segunda dose. “Acredito que talvez seja necessário reforçar a comunicação, pois há vacinas que têm três meses de intervalo entre as doses e, assim, a pessoa pode esquecer de se vacinar. Se fosse possível, o GDF pode convocar essas pessoas ou investir em busca ativa para evitar essa situação”, diz.

Consciência

Apesar do abandono por algumas pessoas, outras apresentam preocupação com a imunização. Ricardo Santiago, 41 anos, é educador físico e tomou as duas doses da CoronaVac por conta da profissão. “Como dou aulas para pessoas de quatro a 85 anos, me preocupava em estar totalmente imunizado para garantir a segurança dos meus alunos”, conta.

Mesmo depois de receber as duas aplicações, Ricardo segue com protocolos de segurança sanitária. “Uso e cobro o uso de máscara, higienizo materiais a todo tempo e dou aula ao ar livre. Sem dar mole para o vírus”, diz.

A fisioterapeuta Maria Elza Alves, 44, também se vacinou pela profissão e recebeu a segunda dose em 17 de maio. Apesar de agora estar com uma imunidade maior contra a doença, ela conta que ainda se cuida como antes. “Nunca cheguei a ficar neurótica, mas fui me vacinar no dia marcado para a segunda dose e sigo usando máscara e álcool em gel”, conta. Ela afirma que tem consciência de que ainda pode se infectar com o vírus, mas que os sintomas serão mais leves.

A infectologista Valéria Paes reforça que, apenas com a segunda dose, as pessoas podem se considerar imunizadas contra o novo coronavírus. A especialista destaca que um possível abandono vacinal pode ter impacto no combate à pandemia. “O abandono vacinal pode ter um impacto no número de mortes e casos, porque as pessoas podem adoecer de forma grave e ocupar hospitais e UTIs”, completa.

Educação

O governo local aguarda a chegada de 36,2 mil doses da vacina Janssen, da Johnson & Johnson, para iniciar a imunização dos profissionais de educação da rede pública. A expectativa é que a remessa chegue entre hoje e amanhã. A vacina é a única em aplicação na capital federal que funciona em dose única. Mas, como serão entregues próximas ao vencimento, as secretarias de Saúde e Educação organizarão uma força-tarefa para aplicar todas as doses do laboratório nos profissionais.

De acordo com a Secretaria de Educação, a vacinação contra a covid-19 para todos os funcionários da rede pública de educação deve começar na quarta-feira. A intenção do GDF é completar o atendimento a esse público até 23 de junho.

O procedimento para a convocação desses profissionais será o mesmo adotado até agora. As escolas avisarão por e-mail sobre o dia e lugar que deverão comparecer. A lista com o nome dos convocados para vacinação será publicada no site da Secretaria de Educação. Além disso, os gestores da Saúde estudam a possibilidade de destinar os pontos por drive-thru exclusivamente para esse público durante o período que durar a “megaoperação”.

Onde vacinar

Postos abertos hoje (9h às 17h)

Pontos gerais: Taguaparque; Uniplan, Águas Claras; Sesc Ceilândia; Parque da Cidade (estacionamento 12); Torre de TV; Iguatemi Shopping (Lago Norte).

Profissionais da educação com nome na lista: Taguaparque; Sesc Ceilândia; Parque da Cidade (estacionamento 12); Torre de TV.

Exceções: Gestantes e puérperas com comorbidades devem procurar o
drive-thru no Parque da Cidade (estacionamento 12).

Palavra de especialista

Duas doses para a imunização

“Todas as pesquisas iniciais feitas com as vacinas que estão sendo aplicadas no DF foram baseadas na dupla aplicação, ou seja, no uso das duas doses. A vacinação com apenas uma dose de vacina, apesar de conferir uma certa imunidade, não garante toda a proteção que a gente pretende atingir com as campanhas. Então, para considerar o paciente imunizado é preciso que ele tenha tomado a segunda dose. Quanto mais pessoas estiverem com vacinação incompleta, mais chances há de se aumentar o número de casos e de mortes pela covid-19, além de manter o índice de circulação viral no pico, o que favorece o surgimento de novas variantes, por exemplo. E, desse jeito, vamos demorar mais tempo para voltar a ter a tão sonhada vida normal. Por isso, reforço, a melhor vacina é a que está disponível agora e é preciso buscar a segunda dose. Precisamos sempre investir em campanhas, busca ativa, o que for preciso para conscientizar a população.” Ana Helena Germoglio, infectologista.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação