Crônica da Cidade

Viver muito com qualidade

Severino Francisco
postado em 21/06/2021 22:04

Há cerca de cinco anos, passei por uma fase difícil no campo da saúde. Sentia-me fragilizado, sem ânimo para levantar-me da cama, com dificuldade para escrever. Acordava meio tonto e com letargia. Tive dengue em 2014, no período da Copa do Mundo no Brasil, e senti sintomas muito semelhantes.

No entanto, não me entrego facilmente, tenho o espírito aguerrido. Continuava a enfrentar todas as tarefas cotidianas, aos trancos e barrancos. Consultei-me com alguns médicos, fiz exames clínicos, mas eles não detectaram nenhuma alteração significativa.

De minha parte, continuei debilitado, com um quadro de desânimo e com a pressão, quase sempre, muito baixa. Os familiares, as amigas e os amigos percebiam, claramente, que eu não estava bem, pois, em condições normais de saúde, tenho muita disposição, sou agitado e inquieto. Procurei um outro médico, sem indicação, em um centro que estava na lista do meu plano de saúde, o doutor Júlio Fernandes.

Ele é jovem, está na faixa dos 40 anos, nasceu no Rio de Janeiro e formou-se pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). É simpático e bem-humorado. Mas, ao ver o índice de homocisteína, um aminoácido encontrado no plasma do sangue, o doutor Júlio arregalou os olhos e pingou um ponto de exclamação no ar. Porque o índice normal da homocisteína é de 5 a 15 pmol/L. E o meu estava altíssimo, 198. Nesse patamar, o risco de doenças cardiovasculares é alto.

O destino me empurrou para o médico certo, pois ele era atento a esse aspecto da minha saúde. Logo, providenciou medicamentos e suplementos alimentares para regular a homocisteína. Com o tratamento, paulatinamente, recuperei a saúde. E nada mais importante e sagrado em nossa vida do que a saúde. É o ponto de partida para qualquer projeto.

Pois bem, o doutor Júlio acaba de lançar o livro Longevidade e qualidade de vida. Em uma primeira mirada, a relativa magreza do volume pode iludir os incautos. É um livro, a um só tempo, conciso e denso, dirigido aos especialistas e ao leitor mortal, como é o meu caso. A obra é fruto de muitos anos de estudo e de experiência clínica sobre o envelhecimento e a qualidade de vida.

Nos últimos 100 anos, apesar das condições desiguais, ocorreu um impressionante aumento da expectativa de vida, com o desenvolvimento da medicina, a descoberta da imunização, o uso dos antibióticos e a democratização do acesso à assistência médica, observa o doutor Júlio. “Como resultado, a maioria das pessoas agora vive muito além das idades em que a maioria estaria morta no passado, inimagináveis 70 anos (média atual), contra 35 anos na Antiguidade (como na Grécia Clássica), e 50 anos na média mundial em 1950”.

O desafio que o doutor Júlio enfrenta no livro não é nada fácil: como viver mais com qualidade de vida. Ele não acena com soluções mágicas. Em sintonia com as pesquisas da ciência, apresenta uma visão realista dos problemas, analisa o desenvolvimento dos tratamentos da medicina, discute prós e contras de medicamentos, avalia o peso da alimentação na saúde, chama a atenção para a relevância de hábitos saudáveis e propõe alternativas.

Cada capítulo traz uma lista com sugestões de artigos científicos para leitura. Apesar de ter encontrado alguma dificuldade em entender aspectos moleculares e celulares, por ser um leitor mortal, valeu a pena o esforço. A pandemia nos ensinou que temos de nos alfabetizar, minimamente, em questões de ciência. O livro do doutor Júlio é muito esclarecedor e realista sobre o que é preciso saber e fazer para viver muito com qualidade. Esse é um dos desafios de nosso tempo.

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