Suspeito de matar a ex-mulher, o analista de sistemas Osmar de Sousa Silva, 36 anos, foi preso, ontem, por agentes da 13ª Delegacia de Polícia (Sobradinho). Imagens de uma câmera de segurança mostram que ele disparou brutalmente contra a ex-companheira, a dentista Thaís da Silva Campos, 27. O crime ocorreu no domingo. O casal manteve uma união estável por cerca de 5 anos e teve uma filha de 3. Há 5 meses, eles se separaram, mas Osmar não aceitou o fim do relacionamento, conforme investigação da Polícia Civil do DF. Ele confessou o crime.
O homem tinha passagem por Lei Maria da Penha — por ameaça contra outra mulher — em 2016, registrada na 6ª DP (Paranoá). A família de Thaís esteve na 13ª DP, ontem, para depor. “Ela (Thaís) nunca chegou a registrar nenhuma ocorrência, nunca levou ao conhecimento do Estado nenhum fato”, informou ao Correio o delegado-chefe da 13ª DP, Hudson Maldonado.
Na noite de domingo, Osmar fingiu que entregaria a filha para a vítima antes de cometer o assassinato. A criança tinha sido deixada na casa do irmão, em Planaltina. Ele disparou por cinco vezes contra a ex-companheira e fugiu. O Corpo de Bombeiros foi acionado, mas, ao chegar ao local, a dentista estava morta.
O carro dele foi encontrado no mesmo dia e levado para exame pericial. Na tarde de ontem, Osmar estava na 31ª DP (Planaltina), acompanhado do advogado, preparando-se para se apresentar. Equipes da 13ª DP faziam monitoramento e rastreamento da região e conseguiram localizá-lo antes que se entregasse. Há um mandado de prisão temporária, por 30 dias, expedido pela Justiça contra Osmar. Ele foi interrogado na tarde de ontem.
No depoimento, o suspeito disse que fez uso de bebida alcoólica durante todo o domingo e justificou que somatizou uma série de pensamentos negativos com relação ao relacionamento. Ele argumentou que vários fatos o induziram a cometer o crime e afirmou que estava arrependido, alegação contestada pelo delegado. “Foi um crime mesmo premeditado, considerando, inclusive, que ele já tinha comprado a arma já fazia alguns meses”, acrescentou o policial.
Casos
A morte da dentista foi o 14º feminicídio de 2021 no Distrito Federal, o quarto registrado em junho. O assassinato anterior também se deu em Sobradinho.
Tentativa
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) procura por um homem suspeito de tentativas de feminicídio e de homicídio, ocorridos, ontem, em Ceilândia. A Delegacia de Especial de Atendimento à Mulher 2 (Deam 2) divulgou que Gleycivan Nascimento Silva, 34 anos, também é alvo de dois mandados de prisão em aberto, expedidos pela Justiça do Maranhão. Ele atirou contra a ex-companheira e o namorado dela. Os dois seguiam hospitalizados até o fechamento desta edição, e o estado da mulher era grave. A PCDF disponibiliza um canal virtual de denúncia, o site oficial da corporação: www.pcdf.df.gov.br/servicos/197. Há ainda o Disque-Denúncia 197, com a ligação gratuita. O sigilo é garantido.
Onde pedir ajuda?
Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência — Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República
Telefone: 180 (disque-denúncia)
Centro de Atendimento à Mulher (Ceam)
» De segunda a sexta-feira, das 8h às 18h
» Locais: 102 Sul (Estação do Metrô), Ceilândia, Planaltina
Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam)
» Entrequadra 204/205 Sul - Asa Sul
Telefones: (61) 3207-6172
Disque 100 — Ministério dos Direitos Humanos
Telefone: 100
Programa de Prevenção à Violência Doméstica (Provid) da Polícia Militar
Telefones: (61) 3910-1349
(61) 3910-1350
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Marinésio condenado a 37 anos de prisão
O Tribunal do Júri de Planalti na condenou Marinésio Olinto, 45 anos, a 37 anos de prisão, em regime fechado, pelo assassinato da advogada Letícia Curado. O julgamento, que começou às 9h, culpou o réu por homicídio quintuplamente qualificado, por feminicídio, motivo torpe, meio cruel, dissimulação e crime praticado para assegurar a impunidade de outro crime. Por se tratar de violência contra a mulher, o caso tramita em segredo de Justiça e, por isso, a sessão foi restrita.
Familiares de Letícia acompanharam o julgamento ontem. A mãe dela, Kênia Sousa, carregava uma foto da filha e disse que o crime ainda machuca muito. “Eu morri junto com minha filha, e até hoje não sei encontrar meu espaço neste mundo sem Leticia. Ela é minha razão de viver. A dor que eu tenho só não é maior do que o amor que tenho por ela”, lamentou.
Marinésio está preso na Penitenciária do Distrito Federal 1 (PDF1) desde maio do ano passado, quando foi condenado pelo estupro de uma adolescente. Em 23 de agosto de 2019, a advogada Letícia Curado esperava o ônibus em uma parada entre o Vale do Amanhecer e a DF-230, em Planaltina. Ela estava a caminho do trabalho, no Ministério da Educação (MEC). Marinésio Olinto, 45 anos, passou de carro pela parada onde Letícia estava e mentiu ser motorista de transpore clandestino. Dentro do veículo, ele tentou estuprá-la, mas Letícia reagiu. Diante da negativa, o homem a estrangulou, e ela morreu asfixiada, e o desaparecimento deixou a família consternada. Letícia deixou o marido e um filho, hoje com cinco anos.
Marinésio escondeu o corpo da vítima dentro de uma manilha e ainda roubou pertences como uma necessaire, um relógio e um pendrive. Os objetos foram encontrados dentro do automóvel dele. Por isso, além do homicídio, ele responde pelos crimes de tentativa de estupro, furto e ocultação de cadáver.
» Colaboraram Ana Maria da Silva e Rafaela Martins