Entrevista Christiane Braga / subsecretária de Planejamento em Saúde

"O que nos falta é a vacina"

Representante da Secretaria de Saúde afirma que se o GDF tivesse mais doses, vacinaria toda a população do Distrito Federal em um mês. Para ela, a pasta tem estrutura, colaboradores e pontos de vacinação suficientes para uma imunização em massa

 Talita de Souza
postado em 22/06/2021 21:09
 (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

A subsecretária de Planejamento em Saúde da Secretaria de Saúde, Christiane Braga, afirmou em entrevista ao jornalista Alexandre de Paula, no CB.Poder — programa do Correio em parceria com a TV Brasília — que o Distrito Federal teria toda a população adulta vacinada em apenas um mês, caso o quantitativo de doses de imunizantes não fosse limitado. Para ela, a SES-DF tem estrutura, colaboradores e pontos de vacinação suficientes para uma imunização em massa.

“Nós faríamos isso com bastante tranquilidade. Infelizmente, o que nos falta é o insumo, que é a vacina. Por isso, acabamos fazendo essa dinâmica de priorização”, declara Christiane. Apesar da capacidade citada pela subsecretária, o DF tem enfrentado um recebimento menor de doses do que o previsto. Christiane afirmou que não há mais previsões de chegada de vacinas para esta semana, além das doses únicas da Janssen.

Para ela, essa redução impactará na imunização dos professores, grupo prioritário que espera a vacinação há semanas. “A previsão era de 37 mil doses para o DF, mas é provável que receberemos bem menos”, declara.

Para julho, a pasta espera vacinar 190 mil pessoas com a segunda dose da AstraZeneca. Na segunda, o DF recebeu 96 mil doses do imunizante.

A ampliação de faixa etária foi acompanhada pela obrigatoriedade do agendamento. Esse modelo é o melhor? Não pode ser prejudicial para quem não tem acesso às tecnologias?
O agendamento é a melhor forma porque nós controlamos a distribuição das doses, assim, a pessoa chegará ao local de vacinação e encontrará a vacina, sem risco de não tê-la, como vemos em outros estados. Outra vantagem é podermos distribuir as doses em vários pontos do DF. Em alguns estados, percebemos a concentração de pontos de vacinação, o que gera uma fila imensa e não há garantia de recebimento de doses. Em resumo, se houvesse uma quantidade considerável de vacinas, não precisaríamos do agendamento. Mas como é uma quantidade restrita e são muitos grupos prioritários, precisamos fazer esse direcionamento.

Mas há grupos vulneráveis que têm dificuldade no acesso às tecnologias. O que tem sido feito para auxiliar essas pessoas?
O agendamento começou apenas eletrônico. Mas logo abrimos para as Unidades Básicas de Saúde (UBS) agendarem as pessoas que vão até elas presencialmente. Agora, trabalhamos em uma terceira opção, que é direcionada a grupos com dificuldades de acesso ao celular e até mesmo meios de comunicação, geralmente em assentamentos e zonas rurais. Definimos oito pontos de vulnerabilidade extrema e vamos iniciar um plano de comunicação que é feito em um carro de som que passa pela comunidade para falar sobre a vacinação e os locais de vacinação. Acho que esse é o caminho.

Como funciona a divisão das doses e como é decidida a forma que elas serão usadas?
Quando o Ministério da Saúde envia as doses para nós, envia também um briefing do que podemos usar. Por exemplo, mandam um lote e definem: “São todas de 1ª dose para comorbidades”. Então, temos que aplicar esse quantitativo para esse grupo, mas quando alcançamos um volume satisfatório de vacinação desse grupo, temos autonomia para repassar as doses para outro grupo prioritário. Esse repasse é feito por um estudo de um grupo interno da secretaria e que permite que abastecemos a vacinação de todos os grupos — que hoje são comorbidades, grávidas e puérperas, bancários, garis, entre outros — de forma contínua.

Alguns estados começaram o cadastro na ‘xepa’. Esse modelo de vacinação ocorre no DF?
A xepa ocorre com o uso da CoronaVac. Esse imunizante nos obriga a usarmos todo o frasco, que tem 10 doses, em até 48 horas. No começo, não precisávamos nos preocupar, porque poderíamos aplicar as doses restantes no outro dia. Mas há uma situação específica que nos obrigava a lidar com a xepa: as doses que ficavam nas UBS, que fecham no fim de semana. Isso gerou um transtorno gigantesco, porque dava o horário de fechamento do posto, e as pessoas faziam filas enormes para pegar nove doses que sobraram e ficavam revoltadas quando não conseguiam. Foi um momento de pânico para nós, gestores. Então, definimos que quem teria direito à xepa seria quem trabalhava no ponto de vacinação, como as forças de segurança que acompanham as doses. Mas, com os outros fabricantes não temos essa condição de uso em 48 horas e, por isso, não há xepa no DF que demande distribuição. A xepa da CoronaVac hoje é destinada aos trabalhadores do local ou é redirecionada para drive-thrus, que funcionam nos fins de semana. Então, não adianta ir aos postos atrás de vacina, porque não existe essa possibilidade.

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Imunizantes para professores

Com a chegada de 1,5 milhão de doses da vacina da Janssen ao Brasil, ontem, o Distrito Federal deve receber ainda nesta semana os imunizantes da empresa estadunidense Johnson & Johnson. A previsão do Ministério da Saúde é de que a definição da quantidade de doses para cada ente federativo seja feita hoje. A ideia da Secretaria de Saúde (SES-DF) é usar os imunizantes da Janssen nos profissionais de educação da rede pública, mesmo com o atraso na entrega.

“Quando as doses são liberadas para distribuição, os planos de voos são definidos, e os lotes chegam aos estados em até 48 horas”, informou o ministério, em nota. Quando a previsão de envio era de 3 milhões de vacinas até 15 de junho, a expectativa era de que o DF recebesse 36,2 mil doses. Com o atraso de uma semana, porém, não se sabe se a quantidade será mantida.

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) notificou, ontem, 16 mortes e 690 casos por covid-19. Com a atualização, o total de óbitos na capital federal é de 9.129, e as infecções pela doença somam 424.523, das quais 406.811 (95,8%) são pacientes considerados recuperados. Segundo os dados do boletim epidemiológico, a média móvel de casos está em 838, o que representa redução de 1,76%, em relação ao número de 14 dias atrás. Quanto às mortes, em comparação ao mesmo período, o índice é de 19,29 — queda de 11% em relação à média móvel de 8 de janeiro.

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