Coronavírus

Vacinação no DF avança com novas doses

O GDF espera receber mais de 111 mil unidades de imunizantes. Com a remessa, será possível atender pessoas com 48 anos, professores da rede pública e particular, rodoviários, garis e gestantes e puérperas sem comorbidades

Samara Schwingel
Ana Isabel Mansur
Rafaela Martins
postado em 23/06/2021 23:13
 (crédito: Arquivo Pessoal)
(crédito: Arquivo Pessoal)

O Governo do Distrito Federal (GDF) vai estender a vacinação contra a covid-19 a novos grupos e dar seguimento a imunização dos públicos que tiveram a aplicação suspensa. O anúncio foi feito pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), a partir da expectativa de receber, entre hoje e amanhã, 111.030 doses de vacinas — CoronaVac (64 mil), Pfizer (28.080) e Janssen (18.950). Entre os grupos que serão contemplados, estão pessoas com 48 anos ou mais sem comorbidades, professores da educação pública e particular, população de rua, vigilantes e funcionários do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), rodoviários, gestantes e puérperas sem comorbidades e profissionais das Forças Armadas.

Os brasilienses com 48 anos ou mais vão poder marcar a vacinação a partir de segunda-feira, e o atendimento está previsto para começar no dia seguinte. Serão 30 mil vagas para essa população. A expectativa para, finalmente, ser imunizada contra a covid-19 toma conta da rotina de Isabel Oliveira, 48 anos. A dentista revela que, antes mesmo de a marcação começar, vai se sentar à frente do computador para garantir uma das vagas. “Espero por isso há muito tempo”, conta a moradora de Taguatinga, que afirma estar aberta a receber qualquer um dos imunizantes disponíveis. “A melhor vacina é a que tem. Eu não me importo com a marca, me importo com a aplicação”, destaca.

Desde ontem, os trabalhadores da limpeza urbana do DF estão sendo imunizados contra a covid-19. O objetivo do GDF é aplicar 300 doses por dia, até amanhã. A capital federal conta com 3.724 profissionais da categoria. O governador Ibaneis Rocha afirmou que os profissionais da educação pública do DF voltarão a ser vacinados no sábado. A imunização dos colaboradores da rede particular, porém, não tem data certa para ser retomada. A Secretaria de Saúde (SES-DF), em nota, informou que o grupo deve ser vacinado na próxima semana.

Educação
Samuel Fernandes, diretor do Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF), acredita que, antes de o retorno ao ensino presencial ser definido, é preciso garantir a devida vacinação de todos os profissionais da educação. “E os professores que ainda dependem da segunda dose, o governo vai antecipar a aplicação para antes do início das aulas? A expectativa para o retorno presencial é muito grande, mas precisa ser com segurança”, questiona Samuel, ressaltando que a demora para imunizar os colaboradores da educação reflete no retorno presencial das atividades.

Segundo a Secretaria de Educação, no total, 50 mil profissionais devem receber as vacinas, entre professores efetivos e temporários, da carreira de assistência, merendeiras, copeiras, do pessoal da limpeza e da vigilância. A professora Michelle Malaquias, 32 anos, está entre os trabalhadores que não foram vacinados. Professora de atividades, ela atua na Coordenação Regional de Ensino de Planaltina. No ano passado, a docente lecionou de forma presencial em regime de escalas e, neste ano, está totalmente no teletrabalho. “A expectativa é muito grande, estamos nessa luta há muito tempo. Eu tive covid-19 e estou recuperada há mais de 40 dias, então a expectativa aumenta bastante”, revela a educadora, que não precisou ser internada, mas sofreu com sintomas mais severos da doença.

Indefinição
Apesar de a vacinação dos professores da rede particular não ter data para ser retomada, o professor Rodrigo de Paula, diretor jurídico do Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinproep-DF), enxerga a previsão de imunização de maneira positiva. “No entanto, precisamos acelerar a imunização. A categoria está trabalhando presencialmente desde setembro. Tivemos vários casos de covid-19, inclusive de falecimento, entre professores. Pedimos pela continuidade (da vacinação), sem interrupções”, afirma.

A presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF), Ana Elisa Dumont, estima que cerca de 9 mil colaboradores da rede particular de ensino estão vacinados e que restam entre 17 mil e 20 mil profissionais. “Qualquer imunizante é bem-visto, não temos defendido vacina X, Y ou Z. Acreditamos no papel coletivo de combater a doença e, agora, não é hora de escolher vacina, é momento para se vacinar. Queremos todos os profissionais da educação imunizados, porque a educação é um serviço essencial”, defende a presidente.

Rosalmilda Feitosa, 38 anos, é professora do ensino fundamental do Centro Educacional Católica de Brasília não vê o momento de receber a primeira dose dos imunizantes. “Estamos na expectativa e ficamos ansiosos com tantas promessas. As aulas presenciais estão acontecendo desde o início do ano. Muitos colegas foram contaminados, porque muitos alunos e famílias não avisam quando há algum caso, então ficamos à mercê, mesmo”, relata a profissional, que contraiu covid-19 em março. “Passei um dia internada e precisei tomar soro e medicação. Tenho sequelas até hoje, muita dor nas costas e dor de cabeça todos os dias”, conta a professora.

Transparência
Ontem, a força-tarefa de enfrentamento à covid-19 do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) recomendou que a Secretaria de Saúde (SES) cumpra os direcionamentos do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação sem incluir novas categorias profissionais na imunização no DF. Segundo o órgão, o objetivo é garantir que os princípios da universalidade e do acesso igualitário à saúde sejam cumpridos e impedir a criação injustificada de privilégios para determinados grupos.

O MPDFT também pediu que a secretaria assegure a publicidade e transparência das decisões do comitê gestor da vacinação e das pautas de distribuição de vacinas encaminhadas pelo Ministério da Saúde. “Há uma ansiedade da sociedade em ser vacinada. Queremos que as pessoas sejam informadas (das decisões)”, explica o coordenador da força-tarefa do MPDFT, procurador de Justiça José Eduardo Sabo. O Correio entrou em contato com a SES, mas até o fechamento desta edição não obteve posicionamento da pasta.

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602 casos em 24h


Nas últimas 24 horas, o Distrito Federal registrou 602 casos e 17 vítimas da covid-19. No total, são 425.125 ocorrências da doença e 9.146 vidas perdidas. Os dados são da Secretaria de Saúde (SES-DF). As pessoas consideradas recuperadas somam 407.909 (96%). A média móvel de mortes está em 18,6, valor 11,4% inferior do que o registrado há 14 dias, em 9 de junho. Na comparação com a mesma data, a mediana de casos caiu 5% e registrou 797. A taxa de transmissão da doença no DF está em 0,99. A taxa de ocupação de leitos de UTI para covid-19 na rede pública é 74,54% — dos 452, 161 estão com pacientes, 55 vagos, dois aguardando liberação e 234 bloqueados. Nas unidades particulares, a ocupação é de 83,47% — são 299 leitos, sendo que 202 estão ocupados, 40 vagos e 57 bloqueados. Setenta pacientes aguardam por uma vaga em UTI, dois deles com suspeita ou confirmação de covid-19

Vacinômetro

1.551.870

Doses recebidas pelo DF


920.065

D1 aplicadas


332.905

D2 aplicadas


7.185

D1 aplicadas ontem


882

D2 aplicadas ontem


199.428

Total de doses em
estoque (D1 e D2)


39,83%

População acima de
18 anos vacinada com D1


14,41%

População acima de
18 anos vacinada com D2


2.309.944

Total de pessoas acima
de 18 anos no DF


Fonte: Secretaria de
Saúde do Distrito Federal

Como agendar


» Acessar o site www.vacina.saude.df.gov.br.

» Fornecer os dados pedidos, como nome completo, CPF, endereço,
e-mail e telefone.

» Escolher data, local e horário de atendimento.


» Levar o comprovante de agendamento e documento de identidade no dia da vacinação.

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