Eixo capital

Ana Maria Campos
postado em 26/06/2021 23:17
 (crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
(crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Como dois irmãos podem ser tão diferentes?

Apesar do nome quase repetido, Luis Ricardo Fernandes Miranda e Luis Cláudio Fernandes Miranda têm estilos opostos. O servidor do Ministério da Saúde é discreto, desprovido de vaidades, adota um discurso técnico. Parece conhecer a área que chefia, de importação e logística. Impressionou os senadores na CPI da Covid pela simplicidade. Chegou no Senado do jeito que desembarcou da viagem aos Estados Unidos, onde esteve para cuidar do desembaraço das vacinas Janssen, doadas pelo governo norte-americano. Sem terno e de camisa jeans. É concursado em cargo de nível médio, que disputou com 60 mil pessoas, e vive com um salário líquido de R$ 6.593,92, mais uma verba indenizatória de R$ 1.299,00, segundo o último contracheque disponível no sistema de transparência do governo federal, referente a fevereiro de 2021. O deputado usa ternos extravagantes e caros, dirige um Porsche Cayenne, fez a vida e a carreira política como YouTuber. Gosta de aparecer. Luis Ricardo chegou de peito aberto. Luis Miranda usava colete à prova de balas e carregava uma Bíblia. A dobradinha foi explosiva na última sexta-feira, em depoimento na CPI da Covid.


Derrotas sucessivas

O deputado Luís Miranda (DEM-DF) perdeu, ontem, mais uma. Ele queria integrar a Mesa Diretora da Câmara, fez campanha para ver Arthur Lira (foto) (PP-AL) na presidência, mas não conseguiu o objetivo. Fez um acordo para levar a relatoria da Reforma Tributária. Mas Lira indicou os deputados Celso Sabino (PSDB-PA) e Luiz Carlos Motta (PL-SP) para as relatorias dos dois projetos da reforma que tramitam na Casa. Antes disso, já havia sido negada a ele a presidência da Comissão Especial da Reforma Administrativa. Sem contar que a emenda que Miranda apresentou para assegurar a assistência de saúde para policiais civis foi vetada pelo presidente Jair Bolsonaro.


Irmãos contra irmãos

O líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR), está preparado para uma eventual ofensiva do relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), sobre a emenda de sua autoria na MP 1.026/2021 que facilita a importação da vacina Covaxin. Depoimento dos irmãos Miranda o colocaram no olho do furacão em relação à suspeita de irregularidades na negociação para compra do imunizante. Com a MP, um imunizante poderia ser avalizado mesmo sem estudo em fase 3 concluído no Brasil, desde que tivesse registro prévio emitido por autoridades sanitárias fora do país. Barros se baseia no argumento de que outros dois deputados — ambos da oposição — Orlando Silva (PCdoB-SP) e Renildo Calheiros (PCdoB-PE) apresentaram a mesma emenda. Este último, aliás, irmão do relator da CPI, Renan Calheiros.


Medo de grampo

Sabe qual é o grande temor entre governistas? Que o deputado Luís Miranda (DEM-DF) e o irmão, Luis Ricardo Miranda, tenham gravado alguma conversa com o presidente Jair Bolsonaro... O parlamentar afirmou na CPI, sob o compromisso de dizer a verdade, que não gravou. Mas...pode ser uma proteção.


Dos games para a CPI

Luis Ricardo, o garganta mais famoso da atualidade, é um gamer quase profissional. Difícil derrotá-lo no Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO). Talvez por isso ele tenha tirado de letra o depoimento na CPI da Covid. A série de jogos eletrônicos que ele curte, aliás, é quase uma sequência de bombardeios de senadores tentando atacar e defender o governo. São batalhas de terroristas e contra-terroristas, explodindo bombas e prevenindo-os dos ataques.


Juntos

Para quem acha que o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), e o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), estão brigados, uma pista. Os dois chegaram juntos, no mesmo carro, confabulando, no lançamento do Plano Safra 2021/2022 ao Palácio do Planalto, na última terça-feira.


Missão dada, missão sendo cumprida

O presidente Jair Bolsonaro deu uma missão à deputada Bia Kicis (PSL-DF) que está sendo bem cumprida: aprovar no Congresso a Proposta de Emenda Constitucional que cria o voto impresso nas eleições. A largada foi a aprovação do projeto por 33 votos a 5, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Se a matéria vingar, Bia pode se tornar a candidata de Bolsonaro ao Senado.


De bem com os comerciantes

O governador Ibaneis Rocha (E) (MDB) recebeu, na semana passada, uma homenagem especial da Fecomercio-DF, entidade que representa o setor, fundamental na geração de emprego e renda no DF. Ibaneis disse que estava grato pelo prestígio mesmo em tempos de lockdown por causa da pandemia. Veio, assim, a boa notícia para a categoria: pontos defendidos, como ampliação do horário de funcionamento do comércio, foram atendidos.


Mandou bem

A Universidade de Brasília (UnB) está entre as 500 melhores do mundo nas áreas de ciência política, ciências da terra, clínica médica, ecologia, odontologia e saúde pública. A avaliação é do Ranking Global de Temas Acadêmicos (Global Ranking of Academic Subjects – Gras), da Universidade Jiao Tong de Xangai.


Mandou mal

O presidente Jair Bolsonaro fez um gesto para que uma menina de 10 anos retirasse a máscara de proteção contra covid-19 enquanto fazia um discurso de boas-vindas ao político em evento com várias autoridades no Rio Grande do Norte. E, para piorar, tirou a máscara de uma criança ao carregá-la no colo em meio a uma aglomeração.


A pergunta que não quer calar….

Corrupção na saúde deveria ser considerada crime hediondo?


Enquanto isso...
Na sala de Justiça

O IDP promove amanhã, a partir de 10h, o webinar “Democracia, mídia e combate à corrupção: experiências comparadas Brasil e Itália”. Participam do seminário o ministro Gilmar Mendes, professor do IDP, a desembargadora do TRF2 Simone Schreiber e o professor Fausto Vecchio, da Università degli Studi di Enna, na Itália.


Só papos

“Que presidente é esse que tem medo de pressão de quem está fazendo algo errado? De quem desvia dinheiro público das pessoas morrendo na p*** desse covid?”

Deputado Luís Miranda (DEM-DF)


“Passamos de escândalos de corrupção quase que diários — ou ao menos semanais — para dois anos e meio sem nada de corrupção”

Deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP)

 

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