JUSTIÇA

Policial que atirou em jovem em bar não vai responder por tentativa de homicídio

Juiz ressaltou que as versões são conflitantes e que o sargento da Polícia Militar deverá ser julgado por outro crime

Luana Patriolino
postado em 30/06/2021 22:02
 (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - 2/4/2018)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - 2/4/2018)

A Justiça decidiu que o sargento da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Adailton Portela dos Santos, 53 anos, não vai responder pelo crime de tentativa de homicídio. O militar atirou em um jovem de 21 anos durante uma briga em um bar, no Riacho Fundo 2, em dezembro de 2019. O PM deverá ser julgado por outro crime (ainda não definido) e fora do Tribunal do Júri.

Na defesa, a vítima alegou à Justiça que foi agredido com soco e baleado pelo policial após chamar um conhecido de “viado”, em tom de brincadeira, e o sargento achar que o nome era direcionado a ele. Ele afirmou que o PM apontou a arma para a cabeça dele e disse que iria matá-lo.

Em depoimento, o policial afirmou que o rapaz estava cantando música contra PM e ele se identificou como policial, mas o jovem teria começado a xingar. Segundo o militar, depois de virar as costas, sentiu um tapa e a briga começou. Durante a confusão, o policial percebeu que estava sangrando porque foi atingido por uma tesoura. Ele contou que atirou quando o rapaz subiu nele.

Na decisão, o juiz Atalá Correia, da Vara Criminal e do Tribunal do Júri do Riacho Fundo, entendeu que, “após a instrução probatória, não restou evidenciada a ocorrência de crime doloso contra a vida”. Ele pontuou que “é certo que houve uma contenda e luta corporal entre acusado e vítima, havendo duas versões conflitantes”, disse. “A vítima, de forma isolada, alega que ‘o acusado ainda colocou a arma na cabeça dele, disse que iria matar, puxou o gatilho, mas não havia balas’. Porém, quando da apreensão da arma, constatou-se que haviam ainda 18 munições não deflagradas e apenas duas deflagradas”, ressaltou.

“Ademais, o local onde ocorreram os fatos era público (lanchonete) e a situação foi presenciada por várias pessoas, sendo que nenhuma das testemunhas ouvidas ratificou a versão exposta pela vítima. Muito pelo contrário, a testemunha Sigilosa T.B.G. confirma que estava presente e ouviu apenas dois disparos, o que se coaduna com a versão do denunciado e com o auto de apreensão de objetos”, concluiu.

O policial militar ficou preso por oito meses, entre dezembro de 2019 e agosto de 2020 e, atualmente, segue trabalhando na corporação em funções administrativas.

O caso

No dia 16 de dezembro de 2019, o policial militar Adailton Portela dos Santos foi acusado de ter tentado assassinar um jovem de 21 anos no Riacho Fundo 2. Segundo consta no processo do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), o sargento, o filho dele e um outro homem teriam "dado uma surra na vítima e, em dado momento, teria sacado a sua arma de fogo e efetuado quatro disparos em seu desfavor, vindo a atingi-la com dois deles". O crime aconteceu por conta de uma briga em um bar.

 

 

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