Gastronomia

Astral de bar e pratos cubanos

Bodega de la Habana tornou-se referência da comida típica da ilha caribenha, na Vila Planalto. Apesar de beber da tradição, o menu é moderno e contemporâneo, assinado pelo nativo Miguel Padilla, experiente chef que atua no Brasil há quase 10 anos

» Liana Sabo
postado em 02/07/2021 22:56
 (crédito: Su Maestri/Divulgação)
(crédito: Su Maestri/Divulgação)

Num ambiente colorido e aconchegante instalado na Vila Planalto, as referências ao mais famoso Prêmio Nobel da Literatura nascido nos Estados Unidos, que escolheu Cuba para viver, emocionam até mesmo quem nunca foi leitor de Hemingway, tamanha a força da cena gastronômica cubana que faz da Bodega de la Habana um espaço único em Brasília. Nasceu no Jardim Botânico, em um local pequeno e escondido, antes que o fundador, Miguel Padilla, tivesse a chance de trazer a grife para o centro da cidade, em 2018.

“O chef Leandro Nunes, com quem eu trabalhei no Liv Lounge, me falou que estava cansado à frente do Jambu e queria passar o ponto da Vila Planalto, então abri, lá, outra Bodega de la Habana e, por meio ano, tomei conta das duas casas”, lembra o chef-restaurateur, que estudou engenharia até o terceiro semestre. “Eu não sabia fritar um ovo”, confessa Padilla, que trocou o curso pela gastronomia, a fim de obter mais rapidamente na área de turismo e serviços um emprego que o sustentasse. Por oito anos trabalhou na rede hoteleira Meliá, em Havana, capital de Cuba.

Em agosto de 2011, o cubano chegou ao Brasil por Goiás, para visitar o pai, veterinário contratado por uma empresa de Formosa que comercializa carne de frango. No fim do ano, veio a Brasília e deu início à carreira, começando por um restaurante italiano, Famiglia Pomodoro, na 404 Sul, que se transformou na Pizza César. Ainda passou pelas cozinhas de duas grifes: Mercure e Gero, trabalhando no café da manhã e no almoço de uma e no jantar de outra. Quando conseguiu uma poupança, o futuro empresário da gastronomia abriu o próprio negócio. Atuando quase que solitariamente, Miguel Padilla, de 38 anos, é, ao mesmo tempo, cozinheiro, garçom, sommelier e único protagonista de uma culinária que tem fortes raízes criollas, africanas e também espanholas, devido à colonização da ilha, onde predominam feijão, arroz, mandioca, milho, banana e produtos suínos.

Preços camaradas
O cardápio é tão surpreendente, e os pratos tão saborosos, que o comensal jamais se limita a uma única visita. “Ele volta sempre”, atesta o chef, familiarizado com a clientela. Ainda assim, Padilla está convencido de que se estivesse radicado em uma quadra comercial, a freguesia seria mais numerosa. De toda forma, impera um astral de bar, no qual os petiscos superam em quantidade os pratos principais. Além de três saladas na entrada, há outras nove identificadas como aperitivos, a começar por matajíbaro, que são bolinhos crocantes de banana-da-terra e pancetta suína com molho de abacate e pimentões, por R$ 25.

O mesmo binômio de banana nativa e carne suína está presente em muitas sugestões, como puerquito asado (R$ 36) acompanhado de chicarritas, que são chips de banana-da-terra e batata-doce com molho de abacate e pimentões (R$ 22). Os chips também escoltam a vaca frita, na qual a carne bovina vem desfiada e selada na chapa, guarnecida de cebola, ervas, alface e tomate (R$ 45). Já a batata-doce, conhecida por boniato, acompanha minutillas, que são lascas de peixe fritas e crocantes ao molho de abacate e pimentões (R$ 35).

Preços camaradas se estendem aos pratos principais, dos quais o mais pedido é a deliciosa rabada, que vem em forma de medalhões grelhados, sem osso e cozidos no próprio molho e geleia de pimenta. Acompanham arroz moros e cristianos, que são arroz e feijão (R$ 56). Se você gostou da descrição do prato, peça pelo nome: rabo encendido. Já o filé de tilápia vem grelhado com bacon e muçarela em crosta de pão, orégano e alho ao molho de cebola e ervas, acompanhado de purê de batata-doce e redução de laranja (R$ 45).

Também tem almôndegas de tambaqui; costela à moda do chef, cozida no próprio molho; pato com arroz cremoso e raspas de laranja caramelizadas; e cordeiro cozido na cerveja escura com ervas aromáticas. Antes de escolher o vinho ou a cerveja, mergulhe nos drinques cubanos que foram a inspiração (ou perdição) do autor de O velho e o mar e outras grandes obras, conhecido em Havana por Papá. Em sua homenagem, surgiu o Hemingway Especial com rum, limão, xarope de toranja e açúcar (R$ 19,90). Outra boa pedida é o mojito de gim, limão, hortelã, água tônica e açúcar (R$ 19,90). No final, é só concordar que Cuba traz sabores deliciosos. Reservas pelo telefone: 99964-1011.

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  • Costela cozida no próprio molho
    Costela cozida no próprio molho Foto: Su Maestri/Divulgação
  • Tilápia sobre purê de batata-doce
    Tilápia sobre purê de batata-doce Foto: Su Maestri/Divulgação
  • Rabo encendido, a clássica rabada
    Rabo encendido, a clássica rabada Foto: Su Maestri/Divulgação
  • Miguel Padilla, chef e dono da Bodega de la Habana
    Miguel Padilla, chef e dono da Bodega de la Habana Foto: Su Maestri/Divulgação

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