Internada há 50 dias na unidade de terapia intensiva (UTI) do hospital DF Star para tratar da covid-19, a consultora legislativa Fabiana Queiroz, 46 anos, não resistiu e morreu na manhã de ontem após sofrer uma parada cardíaca. Ela estava recuperada da infecção pelo novo coronavírus. O velório será hoje, das 8h às 10h, seguida da cerimônia de cremação, no Cemitério Jardim Metropolitano, em Valparaíso (GO). “Só a vacina salva, a Fabi é testemunha”, destaca o marido dela, o jornalista Gabriel Garcia, 38.
Por isso, as cinzas de Fabiana serão colocadas aos pés de um ipê na Asa Norte, região onde morava. Com a chegada da seca, as flores dessas árvores desabrocham na cidade. “Vão florescer como a Fabi floresceu para a vida”, diz Gabriel. O casal ficou junto por nove anos.
O jornalista Paulo Fona, ex-secretário de Imprensa do Governo do Distrito Federal (GDF), também se manifestou. “Fabiana é um espírito que veio nos dar alegrias e amor. Sagaz, inteligente, refinada, Fabi tem um coração do tamanho do mundo”, homenageou.
Fabiana nasceu em Goiânia (GO). Mudou-se para o Distrito Federal com a família aos 3 anos. “Brasília, para ela, tem um significado muito especial, uma cidade muito florida, achava o céu espetacular”, lembra Gabriel. “Quando estava consciente (no hospital), me disse: ‘Gabs, quando eu sair daqui, eu quero duas coisas: primeira é dar uma volta por Brasília, que tanto amo, e segunda é comer a pipoca que você faz, que é deliciosa”. O segredo, ele conta, era uma pitada de açafrão.
Fabiana se formou em letras português-espanhol pelo UniCeub. Ela fez carreira como consultora legislativa no Senado. Afeita às palavras, redigiu discursos de inúmeros parlamentares. “Como a Fabi era intelectual, ela lia, em média, de quatro a cinco livros por mês”, destaca Gabriel. “Ela foi professora de espanhol por muito tempo, morou em Barcelona por um ano e meio, o idioma para ela era uma paixão”, ressalta o viúvo.
Outro hobby de Fabiana eram as viagens. No passaporte, ostentava o carimbo de mais de 35 países, como Espanha e China. “Ela era muito livre e corajosa. Antes de a gente se conhecer, viajou muito sozinha”, detalha Gabriel. “Mas sempre falava: ‘meu quadradinho preferido no mundo é Brasília’”, completa.
Antes da doença, o casal tinha um plano ambicioso. “Nossa meta era em 5 anos conhecer 50 países”. Por isso, os dois pretendiam comprar um avião pequeno para rodar pelo mundo durante um ano sabático, depois que a pandemia terminasse. Gabriel conseguiu a licença para pilotar. Fabiana tinha feito cinco das 45 aulas necessárias para obter a carteira de piloto privado (PP). “O mundo é pequeno para a gente, não tem idade para a gente realizar nossos sonhos”, era o que ela dizia ao marido, ele conta.
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