Eixo capital

Ana Maria Campos
postado em 13/07/2021 23:03
 (crédito: Reprodução/Instagram)
(crédito: Reprodução/Instagram)

Às vésperas da volta às aulas presenciais, Ibaneis troca secretário de Educação

A professora Hélvia Paranaguá vai assumir a Secretaria de Educação do DF no lugar de Leandro Cruz. A mudança deve ser publicada na edição desta quarta-feira no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF). Ela tem experiência na gestão em educação. Exerceu cargos na pasta em governo de Joaquim Roriz na época em que a titular da pasta era a ex-deputada distrital Eurides Brito. Segundo pessoas próximas a Ibaneis, a intenção é colocar na linha de frente da educação, num momento de volta das aulas presenciais, alguém com mais experiência na gestão da saúde do DF. O retorno está previsto para 02 de agosto.


De longe

O ato de nomeação será assinado pelo governador em exercício do DF, Paco Britto (Avante), mas a decisão foi tomada por Ibaneis Rocha (MDB), que acompanha o dia a dia do governo mesmo nas férias. Leandro Cruz deixa o comando da pasta, mas deve permanecer no governo Ibaneis, como assessor especial ou outro cargo.

 

Quase conterrâneos

Adivinha o nome da cidade natal de Hélvia Paranaguá: Corrente (PI). O município onde Ibaneis Rocha passou a infância e destinou equipamentos na pandemia.

 

Rafael Prudente será governador
do DF por quatro dias

O governador em exercício Paco Britto (Avante) vai abrir um espaço para que o presidente da Câmara Legislativa, Rafael Prudente (MDB), assuma o Palácio do Buriti por três dias. No cargo desde o último a última sexta-feira, Paco enviou um comunicado à Câmara, em que comunica a licença entre 15 e 18 de julho, sem vencimentos. Como o governador Ibaneis Rocha (MDB) está de férias, caberá a Prudente assumir a cadeira mais importante da administração pública por quatro dias. O parlamentar ganha um ar de quem poderá concorrer ao Senado ou mesmo ao GDF, caso Ibaneis tenha outros planos.


À QUEIMA-ROUPA

Presidente da Associação Nacional dos Advogados Públicos Federais (Anafe), Lademir Rocha

 

Ao propor a reforma administrativa, o governo espera tornar o Estado mais eficiente com um custo menor. É possível?
Não nos parece. A PEC não assegura isso. Sua proposição não foi acompanhada de estudos, dados e projeções que permitam avaliar como ela propõe realizar o incremento da eficiência, eficácia e efetividade dos serviços públicos no Brasil. Ao contrário, estudo elaborado pela assessoria técnica do Senado indica que os efeitos tendem a ser contrários ao projetado, na medida em que há uma fragilização dos mecanismos de freios e contrapesos, necessários para que haja alinhamento entre a conduta dos agentes e servidores públicos e o interesse público. Há claro favorecimento à captura do Estado por interesses econômicos e políticos de curto prazo, direção oposta ao do incremento de uma “governança republicana” e do atendimento das necessidades da população.

Qual é o diagnóstico que o senhor faz do serviço público brasileiro?
Os serviços públicos têm um desempenho assimétrico. De um lado, estão aquém das necessidades da população, em termos de universalização, equidade e integralidade. De outro, eles configuram uma “rede de proteção social”, a única a que têm acesso parcelas significativas da população. Em momentos de crise, eles se tornam ainda mais necessários. Vimos isso na crise econômica que se prolonga há seis anos e na recente pandemia. Essa “contradição” se explica pelas restrições orçamentárias que tornam cada vez menos efetivos e universais os serviços prestados ao povo e, de outro, pelo papel estrutural dos serviços públicos na viabilização do acesso a direitos que dependem de prestações dadas pelo Poder Público: saúde, educação, segurança.

Quais são, na sua visão, os pontos mais preocupantes da PEC?
A PEC deixa a desejar tanto no que se refere à “governança dos meios”, como no que toca à realização dos fins dos serviços públicos. Ou seja, fragiliza o sistema de freios e contrapesos e as garantias institucionais indispensáveis à realização do interesse público, e não aponta para o incremento da universalização, da equidade e da integralidade dos serviços públicos. Há problemas específicos, também. Destaco a criação de cargos de liderança e assessoramento, com atribuições estratégicas, gerenciais e mesmo técnicas, talvez a mudança mais regressiva sugerida pela PEC 32/2020.

Acredita que a reforma vai tratar com justiça os servidores das carreiras típicas de Estado?
A PEC 32/2020 sequer apresenta uma concepção consistente de carreiras típicas de Estado, remetendo essa matéria a leis complementares. Fragiliza a proteção institucional dos ocupantes de cargos típicos e retira a estabilidade dos não típicos. Isso favorece o clientelismo e o tráfico de influência.

Quais áreas precisam ser valorizadas?
É preciso avançar na equidade geral dos serviços públicos. Atualmente, quem está mais próximo à prestação dos serviços à população recebe salários comparativamente menores. Uma forma de reduzir a diferença iníqua envolveria conjugar formas de remuneração básica com formas de remuneração variáveis, conforme objetivos institucionais mensuráveis (incremento da segurança, desempenho educacional, redução da mortalidade, por exemplo).

Situações recentes de servidores concursados que tiveram coragem de denunciar irregularidades certamente não ocorreriam com o fim da estabilidade. Acha que essa regra pode mudar com a reforma administrativa?
Sim. Cito duas situações entre tantas. A PEC muda a estabilidade dos atuais servidores públicos ao abrir espaço para a avaliação de desempenho por meio de lei ordinária e, portanto, por meio de simples medida provisória. Ademais, ela permite que funções técnicas e estratégicas venham a ser realizadas por pessoas indicadas por critérios eminentemente políticos. Essas pessoas podem vir a avaliar os servidores públicos estáveis. Portanto, isso aponta para a fragilização da proteção institucional dos servidores públicos efetivos.

Teremos uma guerra nos tribunais após a aprovação da PEC?
Caso ela seja aprovada nos termos em que foi apresentada ou com mudanças periféricas, não tenho dúvida de que a discussão prosseguirá nos tribunais. Mas quero crer que haverá sérias dificuldades políticas em aprová-la nas bases em que foi proposta. A recessão não é pouca e à medida em que a população recebe informações sobre o conteúdo e sobre as possíveis consequências das proposições, o caminho para a aprovação da Contrarreforma Administrativa se torna mais difícil.

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