PANDEMIA

Covid-19 pode deixar sequelas no fígado nos casos graves, diz hepatologista

Liliana Mendes, hepatologista do Hospital Sírio-Libanês em Brasília, falou sobre os impactos da pandemia nas doenças hepáticas e sobre hepatites virais

Cibele Moreira
postado em 14/07/2021 16:53 / atualizado em 14/07/2021 16:58
A hepatologista Liliana Mendes foi a entrevistada do CB Saúde nesta quarta -  (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
A hepatologista Liliana Mendes foi a entrevistada do CB Saúde nesta quarta - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

No mês de conscientização e luta contra as hepatites virais, a médica hepatologista do Hospital Sírio-Libanês em Brasília e supervisora da residência médica em hepatologia do Hospital de Base, Liliana Mendes, destaca os principais avanços em relação à infecção que ataca principalmente o fígado. Em entrevista ao programa CB.Saúde, uma parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília, a médica pontuou à jornalista Carmen Souza as implicações que as hepatites causam ao corpo humano. 

Liliana explica que a hepatite é uma inflamação do fígado e que a pessoa pode adquiri-la de diversas maneiras. A mais comum é a hepatite A, que não dá sequelas e não leva à cirrose. "Em seis meses, a pessoa fica curada. Os sintomas mais frequentemente nos casos agudos são náuseas, vômitos, amarelo nos olhos e na pele", explica a médica. 

A hepatite do tipo B pode causar sequelas no fígado, como cirrose e câncer de fígado. "Ela tem uma via de contágio por via sexual e por via sanguínea. São pessoas que são expostas ao sexo desprotegido, a sangue contaminado com compartilhamento de agulhas. Existe também a transfusão que foi uma grande causa de hepatites C no passado", destaca Liliana Mendes. 

A hepatite C é a mais grave e que leva mais pacientes à cirrose e ao câncer de fígado. Para conscientizar a população sobre essas doenças, foi instituído, em 2010, o julho amarelo. "A gente tem essa campanha para trazer a situação de pesquisa, diagnósticos e de possíveis tratamentos para evitar sequelas. Já que as hepatites podem cronificar, principalmente os tipos B e C, e dar causas de cirrose silenciosas", ressaltou a hepatologista. 

Liliana reforçou o canal de informação disponível para toda a população. O canal de ligação 0800 882 8222 tira dúvidas sobre as doenças hepáticas, além de orientar o local mais próximo para a pessoa realizar o teste em uma unidade básica de saúde.

Um dos grandes desafios nessa pandemia é que muitos pacientes hepáticos pararam de fazer o acompanhamento da doença nos hospitais. "Nós perdemos um pouco o acompanhamento. Os pacientes procuram menos, por medo da covid. Quem tem cirrose precisa fazer o exame de ultrassom para acompanhar a evolução de seis em seis meses", pontuou Liliana. 

Outro ponto que a pandemia implicou foi o surgimento de pacientes que se recuperaram da covid-19, mas tiveram como sequelas problemas no fígado. "Na primeira onda a gente notava alterações no fígado sem muito impacto, a não ser em pacientes cirróticos. Mas hoje, a gente está tendo uma outra realidade, porque uma das vias de entrada da covid é por uma célula que está no ducto biliar, que vai entrando no fígado. Então, algumas pessoas que têm apresentado covid na forma grave, que foram intubados, tiveram problemas no fígado. Não são todos, é uma minoria, mas tem ocorrido", afirmou a médica. 

Veja a entrevista completa: 

 

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