PISTÃO SUL

Atropelamento de ciclistas: jovem que morreu em Taguatinga é 5ª vítima do ano

De janeiro a 30 de julho, cinco ciclistas morreram atropelados nas vias do Distrito Federal. Vítima mais recente foi atingida por um ônibus, na noite de quinta-feira (29/7)

Luana Patriolino
postado em 31/07/2021 06:00
O empresário Fillipe Santarém, 24 anos, tinha o pedal como paixão -  (crédito: Reprodução/Redes Sociais)
O empresário Fillipe Santarém, 24 anos, tinha o pedal como paixão - (crédito: Reprodução/Redes Sociais)

Apaixonado por ciclismo, Fillipe Santarém, 24 anos, foi mais uma vítima do tráfego de Brasília. O empresário, proprietário de uma rede de postos de combustível, foi atropelado por um ônibus na noite de quinta-feira, enquanto pedalava de bicicleta no Pistão Sul, em Taguatinga. Apesar de receber atendimento, ele não resistiu. O jovem se tornou a quinta vítima a morrer dessa forma neste ano, na capital federal, segundo dados do Departamento de Trânsito (Detran-DF).

Onze militares do Corpo de Bombeiros atuaram por mais de 40 minutos, na tentativa de reanimar Fillipe. Contudo, a equipe do Serviço do Atendimento Móvel de Urgência (Samu) confirmou a morte no local. A vítima teve traumatismo craniano e uma parada cardiorrespiratória.

Na internet, o empresário demonstrava o amor pelo ciclismo. Quatro horas antes do acidente, Fillipe havia postado um vídeo no Instagram — plataforma em que tinha mais de 100 mil seguidores. “Pedalar no frio não é bom não, viu? Mas bora, bora. Foco, foco”, falou aos espectadores.

Amigo de Fillipe, o advogado Daniel Nascimento, 40, lamentou a morte precoce. “Eu o conheci em uma loja de bicicletas em Taguatinga. Sempre foi muito alegre e prestativo. As pessoas gostavam dele, porque era muito comunicativo. Ele transmitia felicidade para todos que estavam próximos”, comentou. Daniel, que também anda de bicicleta, considera as vias do DF perigosas: “Somos muito atrasados nessa questão de ter pistas para bikes. O Pistão Sul é um dos piores lugares para se pedalar. Brasília era para ser exemplo nesse tipo de transporte. Infelizmente, são poucos os espaços que temos para isso. E, quando existem, muitas vezes, são mal iluminados e podem ser perigosos”.

Taguatinga não tem ciclovias. Em abril, o Governo do Distrito Federal anunciou que construirá uma pista para quem pedala nessa área, com 44km de extensão. O objetivo é ligar o Pistão Norte ao Sul. A iniciativa partiu da Gerência de Elaboração e Aprovação de Projetos (Geapro), a partir de dados da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad) e estudos sobre o mapa das pistas para bicicletas em Águas Claras, Ceilândia e Samambaia.

Velocidade

Em 2020, 19 ciclistas morreram nas vias urbanas do Distrito Federal. O número diminuiu pouco em relação ao verificado em 2019 — quando houve 22 vítimas. Na avaliação da coordenadora de comunicação da Rodas da Paz, Ana Júlia Pinheiro, reduzir a velocidade nas pistas pode ajudar a diminuir as mortes no trânsito. “Se o limite fosse de 50 km/h, o motorista teria condição de reagir e não matar. Um ônibus pesa 14 toneladas. Não se pode colocar uma coisa com esse peso a 60 km/h”, criticou.

A representante da organização não governamental (ONG) lamenta a quantidade de ciclistas mortos anualmente: “O que a Rodas da Paz quer é se alinhar a campanhas da OMS (Organização Mundial da Saúde), da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) e da ONU (Organização das Nações Unidas), pela redução de velocidade em todo o mundo, como forma de frear essa epidemia de óbitos no trânsito. É inaceitável termos cinco vítimas só por bicicletas (de janeiro a julho, no DF)”, destacou Ana Júlia.

Mortes de ciclistas no trânsito do Distrito Federal nos últimos 10 anos

2011 — 36
2012 — 34
2013 — 27
2014 — 22
2015 — 36
2016 — 19
2017 — 22
2018 — 19
2019 — 22
2020 — 19
2021 — 5 (até julho)

Fonte: Detran-DF

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