SAÚDE

Professor de imunologia fala sobre combinação de vacinas e excesso de doses

"Qualquer vacina é melhor que estar desprotegido, mas é necessário cautela e respeito as doses necessárias", explica o professor de imunologia

Em entrevista para Carmen Souza ao CB.Saúde, programa feito pelo Correio em parceria com a TV Brasília, o diretor científico da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia do DF e professor da UnB Otávio Nóbrega explica vários prós e contras em tomar doses distintas e repetitivas. Para ele, o efeito dos imunizantes precisa ser esclarecido: “as vacinas não foram feitas para evitar que as pessoas adoeçam mas para não permitirem que as pessoas necessitem se hospitalizar e, em alguns casos, que cheguem a óbito”, ressalta.

A antecipação da segunda dose surgiu na Inglaterra como medida de segurança para a população atingir a imunização máxima antes que surjam novas variantes do vírus. O governo de São Paulo está querendo fazer o mesmo, porém ainda não há estudos que comprovem a eficácia. Segundo o professor, novas variantes podem surgir no país e isso é preocupante pois há escassez de vacina e novas cepas podem diminuir a eficácia da vacinação. 

No Rio de Janeiro, ficou decidido que gestantes poderiam misturar doses. Para aquelas que tomaram o primeiro imunizante da Astrazeneca, a recomendação é que tomem a segunda dose de outro laboratório. A decisão foi tomada após um caso de trombose que resultou em óbito de uma gestante. Para Nóbrega, com exceção das grávidas, a recomendação é para que não haja troca dos imunizantes.

O professor alerta a população para o excesso de doses. Tomar mais do que a quantidade recomendada pelos fabricantes pode causar o efeito contrário ao desejado com a vacinação. “Doses elevadas e repetitivas, ao invés de estimularem os nossos linfócitos podem, na verdade, determinar que esses linfócitos cometam morte, ou seja, morte celular programada[...]. Qualquer vacina é melhor que estar desprotegido, mas é necessário cautela e respeito às doses necessárias”, detalha o especialista. Ao matar a célula, o indivíduo fica desprotegido, o que pode levar ao óbito.

Para o professor, é muito provável que, ao longo dos anos, a covid-19 se torne uma doença sazonal. Já se discute, inclusive, a possibilidade de uma terceira dose para grupos prioritários, mas ele ressalta que será necessário ter disponibilidade dos imunizantes para não deixar outra parte da população desprotegida, sem nenhuma dose.