PANDEMIA

Taxa de transmissão do coronavírus no DF fica acima de 1 e segue em alta

Índice ficou acima de 1 pelo terceiro dia consecutivo. Para integrantes do governo local, resultado era esperado, devido ao retorno das férias. No entanto, eles não descartam impacto da disseminação da variante Delta para o aumento. Nessa quinta-feira (5/8), DF registrou 12 mortes

Samara Schwingel
postado em 06/08/2021 06:00
Secretário de Saúde Osnei Okumoto cobra respeito às medidas não farmacológicas: nova cepa é mais contagiosa -  (crédito: Acácio Pinheiro/Agência Brasília)
Secretário de Saúde Osnei Okumoto cobra respeito às medidas não farmacológicas: nova cepa é mais contagiosa - (crédito: Acácio Pinheiro/Agência Brasília)

Pelo terceiro dia seguido, a taxa de transmissão do novo coronavírus no Distrito Federal ficou acima de 1. Nessa quinta-feira (5/8), segundo boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde, o índice estava em 1,03 — cada grupo de 100 pessoas infectadas pelo vírus pode transmiti-lo para, em média, outras 103. Para o Executivo local, a variação era esperada, devido ao retorno das férias para grande parte da população. Apesar disso, representantes do governo não descartam que a variante Delta, com 75 casos confirmados no DF, tenha afetado a taxa.

No início da semana, havia 57 casos registrados da cepa e 109 sob investigação. Desses, 18 tiveram resultado confirmado, enquanto 23 foram descartados. O secretário de Saúde, Osnei Okumoto, informou ao Correio que há 68 casos em acompanhamento, sendo 49 de funcionários do Hospital de Apoio de Brasília (HAB) e 19 de pacientes internados em unidades de saúde da rede pública.

Em coletiva nessa quinta-feira (5/8), no Palácio do Buriti, o chefe da pasta afirmou que, na próxima semana, deve sair o resultado de um novo sequenciamento genético feito pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-DF). “Teremos, na terça-feira (10/8) que vem, o resultado do sequenciamento genético de mais 95 ou 100 amostras”, declarou. Em relação ao número de vítimas, não houve mudanças: duas pessoas que tiveram o material biológico testado, com resultado que confirmou a infecção pela variante Delta, morreram por causa da doença.

Em relação ao aumento da taxa de transmissão, o secretário-chefe da Casa Civil, Gustavo Rocha, presente à coletiva, afirmou que a variação ficou dentro das previsões feitas pelo governo local. “Muita gente viajou e retorna de outros estados agora. Havia previsão de aumento da transmissibilidade”, afirmou. No entanto, Osnei comentou sobre a possibilidade de a variante Delta ter impactos para o resultado: “Não havendo obediência às medidas não farmacológicas, haverá, sim, uma capacidade de transmissão maior, pois esse vírus (variante Delta) é de 30% a 60% mais transmissível”.

Alerta

Breno Adaid, pesquisador do Centro Universitário Iesb e pós-doutor pela Universidade de Brasília (UnB), afirma que o índice acima de 1 impacta diretamente para o número de novos casos. “A taxa de contágio é sempre calculada entre um dia e outro, no caso da covid-19. E ela é exponencial, mesmo que se mantenha estável acima de 1. Ou seja, atualmente, todo dia, temos 3% a mais de casos em relação ao dia anterior”, calcula.

Entre quarta (4/8) e quinta-feira (5/8), o Distrito Federal registrou 665 novos casos de covid-19 e 12 mortes provocadas pela doença. No total, há 453.192 notificações de infecção e 9.689 óbitos confirmados desde o início da crise sanitária. Com a atualização, a média móvel de casos chegou a 646,57 — 18,6% a mais do que o registrado 14 dias antes. O indicador referente às vítimas ficou em 12,86, demonstrando queda de 2,13% em relação ao mesmo período.

A infectologista Ana Helena Germoglio avalia que o surgimento da Delta, somado às flexibilizações e à baixa cobertura vacinal no DF, pode gerar uma explosão de casos e hospitalizações. “Só temos pouco mais de 20% da população totalmente imunizada. Países que estão com essa cobertura mais avançada registraram casos graves de infecção pela cepa, e isso deve servir de alerta para nós”, considera.

Na quinta-feira (5/8), segundo dados do InfoSaúde — portal da Secretaria de Saúde do Distrito Federal —, a rede pública operava com ocupação de 57,22% nos leitos em unidades de terapia intensiva (UTIs) destinados ao tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus. Das 224 vagas, 103 estavam ocupadas, 77 livres e 44 bloqueadas. Na rede privada, a taxa era de 74,61% nas 263 UTIs, que tinham 144 pessoas internadas, 51 sem pacientes e 68 bloqueados.

Vacinação

Nesta sexta-feira (6/8), o DF continua a vacinação de pessoas com 30 anos ou mais, além de adolescentes dos 12 aos 17 anos com comorbidades. Na quinta-feira (5/8), a Secretaria de Saúde ampliou o número de doenças consideradas na lista, que passou de 19 para 40. Além disso, a pasta abriu 5 mil vagas para agendamento desse público. A população deve acessar o site vacina.saude.df.gov.br para se cadastrar. No dia do atendimento, será necessário apresentar relatório médico ou outro documento que comprove a condição informada, além de documento de identificação com foto e cartão de vacinação.

Nos próximos dias, o Executivo local aguarda um novo lote de vacinas. Apesar da expectativa, os integrantes do governo não sabem quantas chegarão. “Com essa nova remessa, vamos avançar, e muito. Não vou falar para qual idade, porque dependemos do número de doses”, ressaltou Gustavo Rocha. Até o momento, 1,4 milhão de pessoas se vacinaram com, ao menos, uma dose no DF, o que corresponde a 49,46% da população total. Na quinta-feira (5/8), 23.917 indivíduos receberam a primeira dose; 7.401, o reforço; e 598, imunizantes de aplicação única.

DIMENSÃO

1,03
Taxa de transmissão no DF

1,4 milhão
De pessoas vacinadas com a primeira dose

631,5 mil
Imunizadas com a segunda ou a dose única

49,46%
Da população recebeu, ao menos, a primeira dose

20,69%
Do total de habitantes completou o ciclo vacinal

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