Os crimes de Lázaro

Fazendeiro acusado de auxiliar fuga de Lázaro diz que não o conhecia

"Nunca vi esse cara", declarou Elmi Caetano Evangelista, que se diz injustiçado. Investigações apontam que ele teria oferecido abrigo ao fugitivo por cinco dias em sua propriedade

Darcianne Diogo
postado em 13/08/2021 06:00
O fazendeiro Elmi Caetano Evangelista, 74 anos, foi preso por policiais penais do Distrito Federal -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
O fazendeiro Elmi Caetano Evangelista, 74 anos, foi preso por policiais penais do Distrito Federal - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

O fazendeiro Elmi Caetano Evangelista, 74 anos, preso por ajudar na fuga de Lázaro Barbosa, 32, afirmou, em entrevista à Record TV, que foi injustiçado e negou que conhecia o criminoso. O idoso foi preso em 24 de junho e indiciado pela Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO) pelos crimes de favorecimento pessoal — por ter auxiliado a fuga de Lázaro — e posse ou porte ilegal de arma de fogo. Em julho, ele teve a prisão revogada pela Justiça e responde em liberdade. Procurado por 20 dias acusado de matar uma família em Ceilândia, Lázaro foi morto em confronto com a polícia em 28 de julho, em Águas Lindas (GO).

As investigações da PCGO apontaram que Elmi teria oferecido abrigo para Lázaro por, pelo menos, cinco dias em sua fazenda, no distrito de Girassol, em Cocalzinho (GO). A versão também foi confirmada pelo então caseiro dele, Alain de Santana, 33, que, em entrevista ao Correio na época, contou que o idoso chamava Lázaro para almoçar e relatou ter visto o assassino na chácara por mais de duas vezes, sendo que, em uma delas, foi ameaçado pelo fugitivo.

Alain também chegou a ser preso com o patrão, mas foi liberado em audiência de custódia, pois a Justiça entendeu que ele não tinha a intenção de abrigar Lázaro, mas que era uma vítima. Durante a entrevista à Record TV, Elmi Caetano disse que ele e a família estão sendo “massacrados”. “Sou um coitado, aposentado, não consigo nem pagar um caseiro”, contou.

O idoso negou, ainda, que conhecesse Lázaro e tivesse dado abrigo a ele. “Nunca vi esse cara, nunca, nunca, nunca. Não conhecia. Via através da foto que vocês colocaram na televisão, só. Nunca conheci.” Ele negou, ainda, que soubesse da movimentação de Lázaro na chácara. “Eu nunca sabia disso. Sofri, tô sofrendo, não tô dormindo, não tô comendo direito, não tenho condição de nada, de viver. Todo mundo que eu vejo, eu fico com medo”, complementou.

Soltura

Elmi foi preso por policiais penais do Distrito Federal. Segundo as investigações, ele tentou fugir, mas foi alcançado pela equipe. À época, a polícia informou que o fazendeiro impediu a entrada da polícia na chácara para as buscas por Lázaro.

Em 16 de julho, Elmi teve a prisão revogada pela Justiça e deixou o presídio público de Águas Lindas de Goiás. Como determinado pela Justiça, o idoso usa tornozeleira eletrônica. A informação foi confirmada ao Correio pela defesa do fazendeiro. A decisão foi assinada pela juíza Luciana Oliveira de Almeida Maia da Silveira. No texto, ela disse não ver perigo na soltura do fazendeiro, que é idoso e tem residência fixa, e ressaltou que a simples suspeita, sem provas de que armas e munições encontradas com Lázaro pertencem a Elmi, não seriam suficientes para respaldar o prolongamento da prisão.

“A prisão deve ser substituída por medida mais branda, especialmente por se tratar de réu idoso, com residência fixa, ocupação lícita e sem outras passagens pela seara criminal. Ainda, há nos autos documentos que indicam certa fragilidade na saúde de Elmi, o que deve ser sopesado, considerando que ainda persiste a pandemia do coronavírus”, diz a decisão.

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