LIBERTADORES

Regra de três

Renato Gaúcho, Cuca ou técnico estrangeiro: Brasil põe em xeque fórmula quase infalível aplicada nas últimas oito edições para ter ao menos um time na semifinal. Receita pode funcionar em dose tripla neste ano

Marcos Paulo Lima
postado em 18/08/2021 00:13 / atualizado em 18/08/2021 00:14
 (crédito: Pedro Souza/Atlético MG)
(crédito: Pedro Souza/Atlético MG)

Os clubes do futebol brasileiro têm uma fórmula consolidada para chegar às semifinais da Libertadores. A regra de três é quase infalível. Funcionou em oito das últimas nove edições: entregue a prancheta aos técnicos Renato Gaúcho, Cuca ou algum estrangeiro e comece a sonhar com o título continental (veja quadro). Toda norma tem exceção. De 2013 para cá, a aplicação só falhou em 2014, quando nenhum time do país esteve entre os quatro melhores.

O Atlético-MG foi campeão em 2013 com Cuca, atual vice do torneio pelo Santos. O Grêmio levou a taça sob a batuta de Renato Gaúcho em 2017 e esteve na semi em 2018 e 2019. O português Jorge Jesus guiou o Flamengo ao bi em 2019; e o compatriota dele, Abel Ferreira, que está novamente na semi, brindou o Palmeiras com a taça em 2020. O uruguaio Diego Aguirre esteve com o Inter na semi de 2015 e o argentino Edgardo Bauza a bordo do São Paulo, em 2016.

O Flamengo aderiu à regra de três. Eliminado nas oitavas de final na versão anterior da Libertadores sob o comando de Rogério Ceni, o clube aplicou a “Fórmula Renato Gaúcho” na tentativa de retornar à semifinal. Venceu o Olimpia por 4 x 1 na partida de ida, em Assunção, e pode até perder por três gols de diferença, hoje, às 21h30, no Mané Garrincha, para ostentar presença no G-4 da América do Sul pela quinta vez. A partida novamente terá público no estádio. Até o início da noite de ontem, 11 mil ingressos foram retirados para o acesso à arena.

No que depender da ambição de Renato Gaúcho, a regra de três funcionará como ciência exata na Libertadores. Ele e o Flamengo estão virtualmente classificados. Cuca e o Atlético-MG defendem vantagem contra o River Plate, no Mineirão (leia matéria abaixo). Um técnico estrangeiro está na semifinal à frente de um time brasileiro — Abel Ferreira (Portugal), do Palmeiras, levou a melhor, ontem, contra Hernán Crespo (Argentina) no clássico diante do São Paulo.

“A gente conseguiu um bom resultado lá (em Assunção), é lógico que não passamos ainda de fase, temos uma boa vantagem, mas vamos esquecer a vantagem, como se o jogo no Paraguai tivesse sido 0 x 0”, advertiu Renato Gaúcho depois da vitória por 2 x 0 contra o Sport no domingo pelo Campeonato Brasileiro, controlado a euforia do time e da torcida.

O comandante rubro-negro virou especialista em Libertadores. Pode chegar às semifinais pela quarta vez em cinco edições. Levou o Grêmio ao título em 2017 e foi eliminado nas versões de 2018 e 2019. Ficou pelo caminho nas quartas, em 2020, pelo tricolor gaúcho, mas está prestes a figurar novamente entre os quatro em 2021. Desbancou o Defesa y Justicia nas oitavas e defenderá vantagem enorme diante do Olimpia. Renato ainda acumula na bagagem um vice pelo Fluminense (2008) e o título como ponta-direita do Grêmio (1983).

A experiência de Renato Gaúcho é imprescindível para o Flamengo. O desafio é manter o time focado depois do triunfo por 4 x 1, e obcecado pelo gol. Como mostrou a reportagem de ontem do Correio, o time tem 96 gols e pode chegar a 100 na temporada nesta semana. Nem o atual campeão europeu Chelsea foi tão ofensivo em 2020/2021: 99 gols.

O Olimpia desembarcou ontem à noite, em Brasília, sem técnico. O uruguaio Sérgio Orteman pediu demissão depois da derrota por 3 x 0 para o Cerro Porteño, no clássico paraguaio. A diretoria do clube externou insatisfação com a arbitragem de vídeo e as denúncias de injúria racial do Flamengo na partida de ida. O presidente Miguel Brunnotte disse que Arrascaeta “deveria ser preso” depois do lance acidental com Salazar e achou o apito “vergonhoso”.

Imunizado contra o velho clima de Libertadores, Renato Gaúcho tratou de acalma os ânimos. “A gente continua respeitando o rival, como foi no Paraguai. Não sei por que estão fazendo essa tempestade em copo d’água. A arbitragem esteve muito bem lá. Deu o pênalti, voltou atrás no cartão vermelho do Filipe (Luís), pois era para ter acontecido isso, por isso temos o VAR. O lance do Arrascaeta foi sem querer”, argumentou.

O Flamengo desembarcou no fim da tarde de ontem em Brasília com pequenos problemas. O lateral-direito Isla sentiu dores na coxa e não veio. Rodrigo Caio faz trabalho de reequilíbrio muscular e está fora do jogo. Thiago Maia, Gustavo Henrique e Renê testaram positivo para covid-19 e estão em quarentena.

Anunciado como reforço, Kenedy também está em isolamento antes da apresentação oficial. A boa notícia de ontem é a concordância do Manchester United pelo empréstimo de Andreas Pereira. O clube inglês e o brasileiro discutem a questão salarial.



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Em vantagem, Galo revê a Massa no estádio Mineirão

Belo Horizonte — Quase um ano e meio se passou, mas ainda parece um roteiro de ficção científica. O avanço devastador de um vírus ceifou vidas, ressignificou relações, abalou economias, fez crescer as desigualdades e modificou severamente todas as atividades sociais. Com o esporte, não foi diferente: os estádios lotados deram lugar a melancólicas arquibancadas vazias. Em Belo Horizonte, este cenário vai mudar — ainda que os efeitos da pandemia sigam presentes. Hoje, o Mineirão ouvirá novamente as vozes de torcedores. Cerca de 18 mil alvinegros acompanharão o jogo entre Atlético-MG e River Plate.

A última vez da torcida atleticana no Mineirão foi em 7 de março de 2020, quando o time derrotou o Cruzeiro, por 2 x 1. Cerca de 50 mil pessoas acompanharam o triunfo. De lá para cá, passaram-se 529 dias e 89 partidas.

A bola rola às 21h30 para um duelo que tem clima de decisão. Há uma semana, o Galo foi ao Monumental de Núñez, em Buenos Aires, e venceu a partida de ida por 1 x 0, com gol do meia Nacho Fernández. O “Cérebro” foi expulso na Argentina e, por isso, será ausência no gramado, mas reforço na torcida. Será o primeiro contato do argentino com os alvinegros no estádio. Nacho foi contratado em fevereiro. Assim como ele, outros 35 jogadores inscritos na Libertadores não jogaram com o apoio nas arquibancadas.

O volante Jair admitiu que o assunto toma conta das conversas no vestiário. "Eu falo que a torcida do Galo é f... demais. Desculpa a palavra, mas é uma torcida que, quando o estádio está lotado, nos incentiva. A massa... não tenho nem palavras para explicar”, disse.


Técnicos dos clubes brasileiros nas semifinais

Últimas oito edições

» 2013Atlético-MG* (Cuca)
» 2014Nenhum brasileiro
» 2015Internacional (Diego Aguirre-URU)
» 2016São Paulo (Edgardo Bauza-ARG)
» 2017Grêmio* (Renato Gáucho)
» 2018Grêmio (Renato Gaúcho) e Palmeiras (Luiz Felipe Scolari)
» 2019Flamengo* (Jorge Jesus-POR) e Grêmio (Renato Gaúcho)
» 2020Palmeiras* (Abel Ferreira-POR) e Santos (Cuca)

*Conquistou o título da Libertadores

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