Os clubes do futebol brasileiro têm uma fórmula consolidada para chegar às semifinais da Libertadores. A regra de três é quase infalível. Funcionou em oito das últimas nove edições: entregue a prancheta aos técnicos Renato Gaúcho, Cuca ou algum estrangeiro e comece a sonhar com o título continental (veja quadro). Toda norma tem exceção. De 2013 para cá, a aplicação só falhou em 2014, quando nenhum time do país esteve entre os quatro melhores.
O Atlético-MG foi campeão em 2013 com Cuca, atual vice do torneio pelo Santos. O Grêmio levou a taça sob a batuta de Renato Gaúcho em 2017 e esteve na semi em 2018 e 2019. O português Jorge Jesus guiou o Flamengo ao bi em 2019; e o compatriota dele, Abel Ferreira, que está novamente na semi, brindou o Palmeiras com a taça em 2020. O uruguaio Diego Aguirre esteve com o Inter na semi de 2015 e o argentino Edgardo Bauza a bordo do São Paulo, em 2016.
O Flamengo aderiu à regra de três. Eliminado nas oitavas de final na versão anterior da Libertadores sob o comando de Rogério Ceni, o clube aplicou a “Fórmula Renato Gaúcho” na tentativa de retornar à semifinal. Venceu o Olimpia por 4 x 1 na partida de ida, em Assunção, e pode até perder por três gols de diferença, hoje, às 21h30, no Mané Garrincha, para ostentar presença no G-4 da América do Sul pela quinta vez. A partida novamente terá público no estádio. Até o início da noite de ontem, 11 mil ingressos foram retirados para o acesso à arena.
No que depender da ambição de Renato Gaúcho, a regra de três funcionará como ciência exata na Libertadores. Ele e o Flamengo estão virtualmente classificados. Cuca e o Atlético-MG defendem vantagem contra o River Plate, no Mineirão (leia matéria abaixo). Um técnico estrangeiro está na semifinal à frente de um time brasileiro — Abel Ferreira (Portugal), do Palmeiras, levou a melhor, ontem, contra Hernán Crespo (Argentina) no clássico diante do São Paulo.
“A gente conseguiu um bom resultado lá (em Assunção), é lógico que não passamos ainda de fase, temos uma boa vantagem, mas vamos esquecer a vantagem, como se o jogo no Paraguai tivesse sido 0 x 0”, advertiu Renato Gaúcho depois da vitória por 2 x 0 contra o Sport no domingo pelo Campeonato Brasileiro, controlado a euforia do time e da torcida.
O comandante rubro-negro virou especialista em Libertadores. Pode chegar às semifinais pela quarta vez em cinco edições. Levou o Grêmio ao título em 2017 e foi eliminado nas versões de 2018 e 2019. Ficou pelo caminho nas quartas, em 2020, pelo tricolor gaúcho, mas está prestes a figurar novamente entre os quatro em 2021. Desbancou o Defesa y Justicia nas oitavas e defenderá vantagem enorme diante do Olimpia. Renato ainda acumula na bagagem um vice pelo Fluminense (2008) e o título como ponta-direita do Grêmio (1983).
A experiência de Renato Gaúcho é imprescindível para o Flamengo. O desafio é manter o time focado depois do triunfo por 4 x 1, e obcecado pelo gol. Como mostrou a reportagem de ontem do Correio, o time tem 96 gols e pode chegar a 100 na temporada nesta semana. Nem o atual campeão europeu Chelsea foi tão ofensivo em 2020/2021: 99 gols.
O Olimpia desembarcou ontem à noite, em Brasília, sem técnico. O uruguaio Sérgio Orteman pediu demissão depois da derrota por 3 x 0 para o Cerro Porteño, no clássico paraguaio. A diretoria do clube externou insatisfação com a arbitragem de vídeo e as denúncias de injúria racial do Flamengo na partida de ida. O presidente Miguel Brunnotte disse que Arrascaeta “deveria ser preso” depois do lance acidental com Salazar e achou o apito “vergonhoso”.
Imunizado contra o velho clima de Libertadores, Renato Gaúcho tratou de acalma os ânimos. “A gente continua respeitando o rival, como foi no Paraguai. Não sei por que estão fazendo essa tempestade em copo d’água. A arbitragem esteve muito bem lá. Deu o pênalti, voltou atrás no cartão vermelho do Filipe (Luís), pois era para ter acontecido isso, por isso temos o VAR. O lance do Arrascaeta foi sem querer”, argumentou.
O Flamengo desembarcou no fim da tarde de ontem em Brasília com pequenos problemas. O lateral-direito Isla sentiu dores na coxa e não veio. Rodrigo Caio faz trabalho de reequilíbrio muscular e está fora do jogo. Thiago Maia, Gustavo Henrique e Renê testaram positivo para covid-19 e estão em quarentena.
Anunciado como reforço, Kenedy também está em isolamento antes da apresentação oficial. A boa notícia de ontem é a concordância do Manchester United pelo empréstimo de Andreas Pereira. O clube inglês e o brasileiro discutem a questão salarial.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.
Em vantagem, Galo revê a Massa no estádio Mineirão
Belo Horizonte — Quase um ano e meio se passou, mas ainda parece um roteiro de ficção científica. O avanço devastador de um vírus ceifou vidas, ressignificou relações, abalou economias, fez crescer as desigualdades e modificou severamente todas as atividades sociais. Com o esporte, não foi diferente: os estádios lotados deram lugar a melancólicas arquibancadas vazias. Em Belo Horizonte, este cenário vai mudar — ainda que os efeitos da pandemia sigam presentes. Hoje, o Mineirão ouvirá novamente as vozes de torcedores. Cerca de 18 mil alvinegros acompanharão o jogo entre Atlético-MG e River Plate.
A última vez da torcida atleticana no Mineirão foi em 7 de março de 2020, quando o time derrotou o Cruzeiro, por 2 x 1. Cerca de 50 mil pessoas acompanharam o triunfo. De lá para cá, passaram-se 529 dias e 89 partidas.
A bola rola às 21h30 para um duelo que tem clima de decisão. Há uma semana, o Galo foi ao Monumental de Núñez, em Buenos Aires, e venceu a partida de ida por 1 x 0, com gol do meia Nacho Fernández. O “Cérebro” foi expulso na Argentina e, por isso, será ausência no gramado, mas reforço na torcida. Será o primeiro contato do argentino com os alvinegros no estádio. Nacho foi contratado em fevereiro. Assim como ele, outros 35 jogadores inscritos na Libertadores não jogaram com o apoio nas arquibancadas.
O volante Jair admitiu que o assunto toma conta das conversas no vestiário. "Eu falo que a torcida do Galo é f... demais. Desculpa a palavra, mas é uma torcida que, quando o estádio está lotado, nos incentiva. A massa... não tenho nem palavras para explicar”, disse.
Técnicos dos clubes brasileiros nas semifinais
Últimas oito edições
» 2013Atlético-MG* (Cuca)
» 2014Nenhum brasileiro
» 2015Internacional (Diego Aguirre-URU)
» 2016São Paulo (Edgardo Bauza-ARG)
» 2017Grêmio* (Renato Gáucho)
» 2018Grêmio (Renato Gaúcho) e Palmeiras (Luiz Felipe Scolari)
» 2019Flamengo* (Jorge Jesus-POR) e Grêmio (Renato Gaúcho)
» 2020Palmeiras* (Abel Ferreira-POR) e Santos (Cuca)
*Conquistou o título da Libertadores