HUB 49 anos de história

Este mês é comemorado o aniversário de inauguração do HUB. A unidade desempenha um importante papel na manutenção da saúde pública do DF

Edis Henrique Peres
postado em 18/08/2021 20:20 / atualizado em 20/08/2021 11:53
HUB abriu as portas em 1972 e, nesta pandemia, ajudou a desenvolver a CoronaVac  -  (crédito: Secom UnB/Divulgação)
HUB abriu as portas em 1972 e, nesta pandemia, ajudou a desenvolver a CoronaVac - (crédito: Secom UnB/Divulgação)

O aniversário de 49 anos do Hospital Universitário de Brasília (HUB), comemorado em agosto, reúne diversas histórias de superação e de luta. Reconhecido não apenas como um importante suporte de atendimento à comunidade da capital, e de moradores de outras unidades da Federação, o hospital tem um papel importante na formação de novos profissionais da área de saúde. Inaugurado em 1972, o HUB passou por diversos marcos e, recentemente, atuou no desenvolvimento da CoronaVac, vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo Instituto Butantan. O HUB, desde 2014, integra a rede de hospitais da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

“O HUB é primordial para o cenário de ensino e de pesquisa, além de ter um papel de oferecer um serviço de qualidade, principalmente, os de alta complexidade. A pandemia, por exemplo, alterou bastante a nossa organização e tivemos um esforço muito grande de adequação para receber os pacientes. Chegamos a ter 40 leitos para pacientes com covid-19, sendo 20 específicos da UTI (unidade de terapia intensiva). Também ampliamos a nossa capacidade de diálise, para liberar leitos mais facilmente e atender os pacientes que não estavam com a covid-19”, conta Elza Noronha, superintendente do hospital.

O esforço da unidade, segundo Elza, foi fundamental para permitir que o Hospital Regional da Asa Norte (Hran) pudesse focar no atendimento de pessoas contaminadas com o Sars-CoV-2. “Recebemos um fluxo muito grande na maternidade de pacientes que iriam para o Hran. Por isso, tivemos que mobilizar e desmobilizar rapidamente as nossas equipes, porque no ápice da crise sanitária atendemos os contaminados com covid-19, mas depois precisamos desmobilizar tudo para receber aqueles que ficam desassistidos com a pandemia”, explica.

Elza acrescenta: “Somos um dos centros de pesquisadores que avaliaram a vacina (Coronavac), em parceria com o Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Brasília e o Butantan, isso mostra a importância da unidade. E também, durante a pandemia, tivemos muita participação de voluntários, pessoas da comunidade que apareceram com doações e mobilização, se oferecendo para trabalhar ou ajudar de alguma forma. Isso nos mostrou que a população reconhece o nosso trabalho”.

  • Hospital Universitário de Brasília (HUB), os 49 anos da unidade e algumas histórias vivenciadas pelos trabalhadores que se dedicam ao HUB. Dr. José Alfredo Lacerda de Jesus, foi médico na maternidade.
    Hospital Universitário de Brasília (HUB), os 49 anos da unidade e algumas histórias vivenciadas pelos trabalhadores que se dedicam ao HUB. Dr. José Alfredo Lacerda de Jesus, foi médico na maternidade. Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • Orgulho de uma carreira. Valdiva Soares  da Costa, trabalha no banco de sangue
    Orgulho de uma carreira. Valdiva Soares da Costa, trabalha no banco de sangue Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • Elza Ferreira Noronha, superintendente do HUB: na luta contra a pandemia
    Elza Ferreira Noronha, superintendente do HUB: na luta contra a pandemia Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • Hospital Universitário de Brasília (HUB), os 49 anos da unidade e algumas histórias vivenciadas pelos trabalhadores que se dedicam ao HUB. Fernando Henrique Vieira Lacerda, chefe da unidade de patrimônio.
    Hospital Universitário de Brasília (HUB), os 49 anos da unidade e algumas histórias vivenciadas pelos trabalhadores que se dedicam ao HUB. Fernando Henrique Vieira Lacerda, chefe da unidade de patrimônio. Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • Parceria: Adão de Rezende (d) e João Carlos dos Santos  trabalham no protocolo
    Parceria: Adão de Rezende (d) e João Carlos dos Santos trabalham no protocolo Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • HUB abriu as portas em 1972 e, nesta pandemia, ajudou a desenvolver a CoronaVac
    HUB abriu as portas em 1972 e, nesta pandemia, ajudou a desenvolver a CoronaVac Secom UnB/Divulgação
  • Uma bela história: Dr. José Alfredo Lacerda de Jesus foi médico na maternidade
    Uma bela história: Dr. José Alfredo Lacerda de Jesus foi médico na maternidade Marcelo Ferreira/CB/D.A Press

Dedicação

Muitas pessoas foram essenciais ao longo da trajetória do HUB, como Antônio Rodrigues da Silva, 72 anos, que se dedicou por 48 anos ao hospital. “Trabalhava como agente de cinefotografia e microfilmagem, no apoio didático de palestras, aulas e eventos nos auditórios. O hospital foi a minha segunda casa, gostava do que eu fazia. Lá construí amizades, só tenho lembranças boas”, conta. Antônio, atualmente aposentado, se mudou para Alto Paraíso de Goiás, mas mantém o contato com muitos dos funcionários do hospital. “Confesso que me emocionei quando saí, porque gostava demais. Principalmente de saber, que mesmo sendo de um setor diferente do da saúde, eu conseguia ajudar as pessoas. Acho que isso era o mais importante, saber que a gente fazia a diferença, de alguma forma”, avalia.

Com 15 anos de trabalho no hospital, Ana Raquel Siqueira de Sousa, 34, encarregada da limpeza e moradora do Riacho Fundo 2, também destaca a importância da dedicação e da empatia com o próximo. “Entrei no HUB com 18 anos, foi meu primeiro emprego e aprendi muito desde que entrei. É um lugar que nos amadurece, porque é ao mesmo tempo um ambiente com muito sofrimento e muita felicidade. A gente encontra pessoas perdendo quem ama, e ao mesmo tempo, pessoas vencendo doenças”, revela. Ana opina que a vivência no hospital a ensinou a dar mais valor à vida.

“Hoje eu aprendi a lidar melhor com o imprevisto, e valorizar o que tenho. Logo quando entrei, por exemplo, tinha uma criança de 4 anos com fogo selvagem (pénfigo foliáceo) que, mesmo sofrendo muito, sempre estava alegre, brincando, feliz com todo mundo. Fiquei muito comovida com ela. Hoje também aprendi a lidar melhor com todo o sentimento que o hospital contém, antes, acabava me abalando e chorando com os pacientes. Ainda fico triste, mas consigo ser um ponto de apoio, pegar uma água, oferecer uma palavra, um abraço. Ser forte por ele”, destaca.

Maria Teodora Xavier, 54, é servente de serviços gerais há 27 anos do HUB. Moradora de Planaltina de Goiás, ela destaca a importância do hospital para a vida pessoal. “Foi com o HUB que eu criei meus filhos, que comprei minha casinha, que fiz muitas amizades. Lá temos atendimentos muito bons e tratamentos importantes. O HUB faz parte da vida da gente”.

 

Legado

Para Valdiva Soares Manzan, 62, moradora do Valparaíso, e funcionária há 34 anos da administração do Banco de Sangue do HUB, a história que mais a marcou no Hospital é de sua juventude. “O meu pai fez um tratamento no hospital durante a minha adolescência. E tinha uma árvore, uma Figueira, de frente ao ambulatório. Ela era enorme e as pessoas ficavam debaixo dela enquanto esperavam a consulta.Todo mundo aproveitava a sombra da árvore, ela era muito importante. Infelizmente, embora os moradores da L2 e todos tivessem se reunido para pedir pela permanência da Figueira, ela teve que ser cortada para a construção do UCA (Unidade da Criança e do Adolescente). Era debaixo da figueira que a própria equipe do hospital marcava os encontros, assembleias e reuniões. Era uma árvore histórica do DF”, narra.

Professor da Universidade de Brasília (UnB) e médico pneumologista do HUB, Ricardo Martins tem uma relação de 41 anos com o hospital. Sua trajetória começou ainda como estudante de medicina da UnB. “Em 1980 eu era estudante da Faculdade de Medicina, depois fiz residência aqui, fiz meu mestrado e hoje sou professor do quadro efetivo da universidade. Como trabalho com a disciplina prática, fico muito tempo no hospital. O HUB começa a ser parte integrante do curso praticamente após o quarto semestre. Ou seja, no segundo ano de faculdade o aluno já vai para o hospital conhecer a realidade vivenciada pelos profissionais”, explica.

Contudo, a experiência ofertada pelo HUB não se restringe aos profissionais da área de saúde. “Os estudantes de diversos cursos da UnB passam por aqui, como de engenharia, arquitetura, jornalismo, pedagogia e administração. Qualquer área da universidade possui algum vínculo com o hospital. Esse processo é muito importante para a formação do profissional e isso sem dúvida é um dos motivos que torna a faculdade de medicina da UnB uma das melhores do país”, pontua Ricardo.

De pai para filho

O hospital também é palco para histórias de famílias. José Alfredo Lacerda de Jesus, 64, professor da Faculdade de Medicina da UnB e médico pediatra neonatologista, se dedicou por 40 anos ao hospital. O filho de José, Fernando Henrique Lacerda, 36, também prestou concurso para o HUB e trabalha há sete anos na unidade de patrimônio do hospital. “Passei no concurso público e desde fevereiro de 2014 estou aqui. Mas minha história sempre passou pelo hospital, quando era pequeno, meu pai vinha trabalhar e me trazia. Eu ficava em alguma sala próximo a onde ele atendia. Meu trabalho hoje é na área administrativa, mas fico muito feliz de ajudar a comunidade, tanto de estudantes, como de pacientes, e fazer parte dessa equipe”, destaca Fernando.

José Alfredo Lacerda, o pai de Fernando, conta que a própria história também foi construída com o hospital. “Comecei a frequentá-lo como
paciente, ainda em 1972, quando foi inaugurado. Também fui residente de pediatria da UnB e morei no prédio destinado aos estudantes. Sou de uma geração que foi formada com o sentimento de justiça social e creio que a medicina pública, o serviço para a comunidade, principalmente nesse período de pandemia, mostrou a importância de ser essa assistência para a saúde das pessoas”.

O professor destaca o carinho com o HUB. “Tudo que sei hoje devo à Universidade de Brasília e ao HUB. Nesse sentido, ser professor da universidade é uma forma de retribuir o que me foi dado, que foi a possibilidade de estudar em uma universidade pública. E vemos como a UnB se destaca porque muitos ex-alunos nossos vão para outras instituições de renome, como a USP (Universidade de São Paulo). Hoje também temos muitos alunos de fora, de outros estados que vêm para o DF estudar na UnB. Isso também enriquece a vivência cultural dos estudantes”, finaliza.

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Linha do tempo / Confira alguns marcos da história do HUB

1972
Inaugurado como Hospital do DF Presidente Médici

1977
Realizado o primeiro transplante renal do Centro-oeste.

1979
Passou a ser administrado pela UnB.

1987
Passou a ser chamado Hospital Docente Assistencial (HDA) e foi integrado à rede de serviços do DF, sendo o 38º hospital universitário brasileiro.

1990
Cedido formalmente à UnB pelo Inamps; passou a se chamar Hospital Universitário de Brasília; houve perda de funcionários e o financiamento era oscilante.

2001
Criado o Programa de Transexuais.

2006
Criado o Centro de Transplantes, hoje chamado de Unidade de Transplan]tes.

2008
Criado o Centro de Saúde Auditiva e realizado o 1º implante coclear do Centro-Oeste.

2009
Inaugurado o Centro de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon).

2010
Implantada a Residência Multiprofissional; inaugurados os serviços de Telemedicina e o prédio da Unidade de Saúde Bucal/Farmácia Escola.

2013
Assinado contrato de gestão entre UnB e Ebserh; realizado concurso público nas áreas administrativa, médica e assistencial; criado o Ambulatório de Saúde Indígena.

2016
Inaugurados o Laboratório de Hemodinâmica e a Brinquedoteca Renato Russo.

2017
Assinado novo contrato de prestação de serviços com a
SES-DF; elaborado o Plano Diretor Estratégico 2017-2021; recebidos os certificados Número de Notificações em Tecnovigilância (GDF) e Padrão Ouro da Rede Global de Bancos de Leite Humano (Ministério da Saúde e Fiocruz).

Fonte: Ministério da Educação

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