O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), será secretário de Saúde interino por alguns dias. A decisão foi tomada após Osnei Okumoto ser exonerado, ontem, do cargo. Segundo interlocutores, Ibaneis quer ver os problemas da pasta “de perto”. Como chefe do Executivo Local, ele pode acumular funções e, por isso, não precisará de nomeação. A saída de Osnei será oficializada hoje, em publicação no Diário Oficial do DF, e ele deve seguir para a presidência da Fundação Hemocentro de Brasília.
O ortopedista Alberto Aguiar Santos Neto, concursado da Secretaria de Saúde desde 2013, chegou a aceitar o convite para o comando da secretaria, mas voltou atrás, alegando motivos familiares. O GDF anunciou, então, que o secretário de Governo, José Humberto Pires, assumiria temporariamente. Porém, minutos depois, o Correio confirmou que o governador decidiu ficar no comando da pasta até que ele aponte um novo nome para a Saúde do DF. Enquanto estiver interinamente no comando da pasta, Ibaneis contará com o auxílio dos secretários André Clemente (Economia) e José Humberto Pires (Governo), além do presidente do Instituto de Assistência à Saúde dos Servidores do Distrito Federal (Inas-DF), Ney Ferraz.
Esta é a segunda vez que Okumoto é exonerado do comando da Saúde do DF. A primeira informação é de que a saída foi em comum acordo com o governador. Em 16 de março de 2020, a exoneração foi publicada no Diário Oficial como sendo a pedido. No entanto, em agosto do mesmo ano, o governador Ibaneis Rocha chamou Osnei de volta para o cargo, após o antecessor, Francisco Araújo, ser alvo da Operação Falso Negativo e, então, exonerado do comando da pasta.
A saída de Osnei foi anunciada no mesmo dia em que os brasilienses foram informados de que não haverá, por ora, ampliação da campanha de vacinação contra a covid-19. Isso porque, apesar de o Distrito Federal ter recebido mais 25.150 doses de vacinas para primeira aplicação, segundo o secretário-chefe da Casa Civil, Gustavo Rocha, apenas 5,8 mil doses são do laboratório Pfizer/BioNTech — único autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a ser aplicado em menores de 18 anos. Hoje, o DF segue vacinando as pessoas de 17 anos ou mais.
Além disso, Gustavo Rocha afirmou, ontem, em coletiva, que a aplicação do reforço, a terceira dose, em idosos pode impactar no atendimento dos adolescentes. Segundo ele, os adolescentes não estão oficialmente incluídos no Plano Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde e, por isso, não serão prioridade em relação ao grupo com 70 anos ou mais e imunossuprimidos — públicos-alvo da aplicação de reforço, que devem receber, prioritariamente, por determinação do ministério, a Pfizer. “Tudo vai depender da quantidade de doses que vamos receber. Pode ser que isso afete a vacinação de adolescentes. Mas a Secretaria de Saúde vai unir esforços para que esse impacto seja o menor possível”, detalhou Gustavo.
Além disso, Rocha afirmou que a Secretaria de Saúde aguarda receber ordens oficiais da pasta federal para planejar o atendimento da dose de reforço. Até o momento, 1.992.774 pessoas foram vacinadas com, pelo menos, uma dose; 746.395 com duas; e 56 mil com a Janssen, vacina de dose única. Ontem, a Secretaria de Saúde registrou 7.882 aplicações de primeira dose (D1), 12.385 de segunda dose (D2) e 94 de vacinas de dose única. Da população total de 3.052.546, cerca de 65,25% receberam uma dose e 26,19% estão com o ciclo vacinal completo.
Delta
Também durante a coletiva de ontem, os representantes do GDF atualizaram os dados de infecção da variante Delta na capital federal. De acordo com o secretário-adjunto de Gestão em Saúde, Artur Brito, o último sequenciamento genético realizado pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-DF) identificou mais 48 casos da cepa. Sendo assim, o total chega a 173.
“Das 98 amostras analisadas, 48 deram positivo para Delta e 50 para Gama (antiga P1). A Delta corresponde a 41% dos casos sequenciados”, detalhou Artur. Segundo ele, não houve atualização no número de mortes. “Quatro pessoas morreram em decorrência da infecção da variante, outros quatro infectados morreram, mas por causa de doenças prévias, e dois óbitos estão em investigação”, esclareceu.
Nas últimas 24h, o DF registrou 546 casos e 17 óbitos por covid-19. No total, são 466.840 infecções e 9.983 mortes desde o início da pandemia. Com a atualização, a média móvel de casos chegou a 702,14, valor 15,37% maior que o registrado há 14 dias. A mediana de mortes chegou a 15, com variação de 14,15% em comparação com o mesmo período. A taxa de transmissão do vírus está em 0,99.
Na rede pública, ontem, a ocupação dos leitos de unidades de terapia intensiva estava em 62,12%, sendo que dos 173 leitos, 82 estavam com pacientes, 50 vagos e 31 bloqueados. Na rede particular, a taxa era de 77,47%. Das 200 UTIs, 142 estavam ocupadas, 43, livres e 15, bloqueadas. Na fila de espera por um leito havia três pessoas com suspeita ou confirmação de infecção pela covid-19.
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Jovens quebram frascos de vacina
Dois adolescentes, de 16 e 17 anos, quebraram, ontem, 24 doses de vacina da Pfizer/BioNTech no posto de imunização do Centro Olímpico de Planaltina. Segundo testemunhas, os jovens aguardavam na fila pela vacina, quando o mais novo foi informado de que não estava contemplado no público-alvo da campanha. Com a notícia, os adolescentes derrubaram os recipientes que continham os antivirais. O menor de 16 anos foi apreendido e conduzido à Delegacia da Criança e do Adolescente (DAC) 1. Quando a Polícia Militar chegou ao local, o outro rapaz, de 17 anos, havia fugido. Em nota, a Secretaria de Saúde confirmou a perda das doses do imunizante. “Nesse incidente, foram perdidos quatro frascos de vacina, (que) correspondem a 24 doses (da Pfizer)”, diz o texto.