Obras

Viaduto da Epig: moradores do Sudoeste impedem ação de escavadeira

Operários da Novacap trabalhavam com uma escavadeira na obra do viaduto da Epig, mas foram impedidos por moradores. Comunidade é contra via expressa na Avenida das Jaqueiras

Em protesto, moradores do Sudoeste impediram, nesta quinta-feira (26/8), que operários da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) trabalhassem com uma escavadeira na obra do viaduto da Estrada Parque Indústrias Gráficas (Epig). A construção vai passar pela interseção entre o Parque da Cidade e o Sudoeste.

Segundo a servidora pública Giselle Foschetti, 51 anos, moradora da Quadra 105, onde estava a máquina, os operários presentes no local informaram que iriam começar a extrair a vegetação. "Eles falaram com clareza. Se eles não tivessem sido interrompidos, teriam já derrubado parte da vegetação aqui na frente da 105, que é o que o secretário de Obra se comprometeu a não fazer”, critica.

Embora seja resistente à obra, Giselle enfatiza que os moradores são contra os impactos na área verde da Avenida das Jaqueiras, onde será construída uma via expressa do viaduto com seis faixas de rolamento. A Secretaria de Obras e Infraestrutura do Distrito Federal (SODF) informou que vai preservar 95% das árvores da Quadra 105, conforme prevê o projeto da obra.

"Não consigo entender o Poder Público não vir conversar com os moradores. Já não conversou no começo. Não houve um diálogo com quem é mais afetado com essa obra. E agora, de novo, eles não querem o diálogo conosco. Lembrando que a gente é contra as intervenções no Sudoeste e no Parque da Cidade. A gente é contra as dimensões enormes desse viaduto e realmente queremos discutir o assunto com profundidade com o GDF, porque a população do DF vai ser bastante impactada por essa obra", afirma a moradora.

No momento, os moradores se revezam em escalas para irem ao local onde as retroescavadeiras estão. A ideia é tentar impedir o trabalho dos operários na área verde. "O movimento está sendo ao longo do dia todo. Temos uma escala de moradores para evitar, se necessário, com o próprio corpo a ação das retroescavadeiras", conclui Giselle.

Saiba Mais

 

Procurada, a Secretaria de Obras e Infraestrutura do Distrito Federal (SODF) — que administra a obra — diz que a supressão vegetal em andamento somente foi iniciada após autorização concedida pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram), mediante Autorização de Supressão Vegetal (ASV).

“Essa supressão está sendo realizada principalmente na região do Parque da Cidade e envolve a retirada, em sua grande maioria, de árvores consideradas exóticas. Os espécimes considerados nativos do cerrado serão objeto de compensação florestal, conforme legislação ambiental vigente e determinação do Ibram. Ou seja, todas as árvores nativas que forem retiradas serão devidamente compensadas.”, diz a pasta.

A SODF esclarece, ainda, que “após a finalização da obra será implementado importante projeto paisagístico de arborização em torno do viaduto com densidade maior do que a atualmente existente.”

Reprodução/Redes sociais - Moradores do Sudoeste impediram que operários retirassem área verde da Quadra 105
Reprodução/Redes sociais - Moradores do Sudoeste impediram que operários retirassem área verde da Quadra 105
Reprodução/Redes sociais - Moradores do Sudoeste impediram que operários retirassem área verde da Quadra 105
Reprodução/Redes sociais - Moradores do Sudoeste impediram que operários retirassem área verde da Quadra 105
Reprodução/Redes sociais - Moradores do Sudoeste impediram que operários retirassem área verde da Quadra 105

MPDFT

Para determinar a suspensão das obras do viaduto da Estrada Parque Indústrias Gráficas (Epig), na interseção entre o Parque da Cidade e o Sudoeste, a 4ª Promotoria de Justiça de Defesa da Ordem Urbanística (Prourb) ajuizou uma ação civil pública, nessa quarta-feira (25/8), com pedido de tutela de urgência. A obra pretende integrar o futuro Corredor de Transporte Público do Eixo Oeste.

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) pediu à Justiça do DF que seja designada uma audiência pública para debater amplamente a proposta e que as obras fiquem suspensas até o julgamento definitivo da ação, sob o risco de danos irreversíveis aos cofres públicos, ao meio ambiente e ao patrimônio cultural do Distrito Federal.

A intenção do MPDFT é garantir que as decisões relacionadas à obra contem com a participação social, que abrange não apenas os habitantes do Sudoeste e dos bairros interligados. O órgão público sugere diálogo também com usuários do Parque da Cidade, associações dedicadas à promoção da mobilidade urbana e associações de proteção do meio ambiente. Além disso, a Prourb afirma que há evidências de irregularidades no procedimento de aprovação da intervenção viária.

Confira um vídeo do local: