A Secretaria de Educação finalizou, ontem, o cronograma de retorno presencial da rede pública, com a volta de 50 mil alunos das Escolas de Natureza Especial, dos Centros Interescolares de Línguas e dos Centros de Ensino Especial. Anteriormente, haviam retornado ao presencial, em regime escalonado, 45.915 crianças da educação infantil (sendo 45.587 na pré-escola); 150.575 alunos dos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º); 124.262 dos anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º); e 87.710 jovens do ensino médio. Agora, o desafio dos educadores é avaliar o nível de aprendizado dos alunos e realizar intervenções pedagógicas para suprir possíveis defasagens.
A secretária de Educação do DF, Hélvia Paranaguá, visitou, ontem, o Centro de Ensino Especial (CEE) n° 2, em Ceilândia, e participou da atividade educativa inicial. Para ela, “é uma alegria perceber que a rede pública está voltando à normalidade, cumprindo todos os protocolos exigidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS)”. “Se os estudantes regulares estavam ansiosos, imagina os alunos especiais. A gente fica muito emocionado de ver isso. A Universidade de Brasília doou máscaras para o ensino, a escola foi reformada e está cumprindo todas as medidas de segurança. Além disso, os próximos passos da Secretaria são monitorar o nível de aprendizado e aplicar intervenções pedagógicas, para que o aluno recupere o tempo perdido”, disse a secretária.
Para Maria da Cruz, mãe da aluna Maria Clara, portadora do Transtorno do Espectro Autista (TEA), ver a filha na escola novamente é um alívio. “Ela não aguentava mais ficar em casa. Já estava ansiosa e não conseguia aprender direito. Semana passada, eu estava saindo com ela todo dia, pegando ônibus, e isso já estava animando ela. Minha expectativa é de que tudo fique bem, que minha filha desenvolva o aprendizado e que a gente possa vencer tudo isso junto”, complementa.
A pedagoga Catarina de Almeida explica de que forma essa retomada pode ser realizada, priorizando a saúde mental e física dos estudantes. “Um sujeito, para aprender, precisa estar em condições de aprendizagem. A escola precisa oferecer isso para que ele possa se desenvolver. É necessário acompanhar e avaliar o que eles aprenderam e o que não aprenderam. Como estão as condições físicas e psicológicas desses alunos? Cada um chegará em um ritmo diferente. Desenvolver atividades evolve um trabalho intersetorial entre saúde, educação e proteção”, ressalta a especialista.
Covid-19
Desde o retorno das atividades presenciais nas escolas do Distrito Federal, em 5 de agosto, pelo menos 89 pessoas testaram positivo para o novo coronavírus. Entre os casos, 23 são de professores, 17 de estudantes, dois de merendeiras, dois de vigilantes e um de secretário escolar, além de sete faxineiras. Os dados são da Secretaria de Educação (SEEDF).
Ainda que a pandemia não tenha acabado, o vice-diretor do CEE n° 2, Itamar Assenço, destaca que o espaço está pronto para receber os estudantes. “O ensino regular voltou, e estávamos aguardando nossa vez. Nosso público é o estudante, temos de focar na qualidade da educação. A expectativa é enorme, a escola está arrumada, reformada, e tudo foi feito com muito carinho e cuidado”, disse.
O vice-diretor também falou sobre o receio de alguns pais sobre a volta do ensino presencial. “A gente respeita a situação dos responsáveis. A educação especial foi a única modalidade que teve a opção do pai continuar com o estudante, no ensino remoto. Os que optaram por vir ao presencial, demonstrarão que a escola está segura, que conseguimos manter o distanciamento social, e espero que logo mais esses pais possam optar também pelo atendimento híbrido”, falou.