Pandemia / Segundo Ibaneis Rocha a vacinação vai seguir o esquema implementado

Campanha de imunização tem foco em doses de reforço e em não vacinados

De acordo com Ibaneis Rocha (MDB) a vacinação vai seguir o esquema implementado no início do ano para aplicação do reforço. GDF afirmou que não vai comprar imunizantes e, dessa forma, o avanço depende do envio pelo Ministério da Saúde

Samara Schwingel
Pedro Marra
postado em 29/09/2021 06:00 / atualizado em 29/09/2021 23:26
José Eduardo Lins, 54 anos, levou os filhos Enzo, 12, e Bernardo, 13, para se vacinarem.
José Eduardo Lins, 54 anos, levou os filhos Enzo, 12, e Bernardo, 13, para se vacinarem. "Fico mais seguro para andar nos lugares", disse Bernardo - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Depois da ampliação da vacinação contra a covid-19 aos adolescentes de 12 anos, última faixa etária autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a receber doses dos imunizantes, o Governo do Distrito Federal (GDF) se organiza para as próximas etapas, que devem focar na aplicação de segundas doses e terceiras doses, ou o reforço. Segundo o governador Ibaneis Rocha (MDB), o Executivo local não pensa em comprar vacinas diretamente e vai seguir dependente das entregas e das determinações do Ministério da Saúde.

"Não. Vou seguir o PNI (Plano Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde)", disse Ibaneis, quando questionado sobre a compra de vacinas. Em agenda realizada nessa terça-feira (28/9), em São Sebastião, o governador detalhou a continuidade da campanha de imunização. "Vamos seguir o mesmo esquema que foi adotado no começo da vacinação. Primeiramente, os profissionais de saúde, e, depois, a população, de acordo com a idade", adiantou. Também na agenda, Ibaneis reforçou ser contra o passaporte de vacinação. "As restrições que teremos são as do decreto, que dizem respeito a estar vacinado para entrar em shows e eventos. Mas, o passaporte para entrar em restaurantes e ambientes não pretendo implantar", reforçou.

Em relação à continuidade da vacinação, o secretário de Vigilância em Saúde do DF e presidente do Comitê de Vacinação contra a covid-19, Divino Valero, reitera que a segunda dose e a imunização de quem ainda não se vacinou são prioridades. "O foco é convencer as pessoas a continuarem vacinando, para chegarmos a uma boa imunidade comunitária", afirma. Apesar disso, não há um planejamento concreto. "Vamos ter doses disponíveis e tentar uma busca dos não vacinados, mas não podemos obrigar ninguém", completa.

Divino destaca que a Secretaria de Saúde (SES-DF) vai ficar atenta ao comportamento do novo coronavírus. "Acreditamos que, ano que vem, veremos uma redução gradativa no número de casos diários, mas ainda é cedo para dar certeza", defende. Apesar do otimismo, o secretário de Vigilância em Saúde do DF afirma que a pasta vai continuar com o acompanhamento de variantes e com as medidas não-farmacológicas de prevenção. "Monitoramento é uma obrigação da SES e de todo o sistema de saúde. A vacina é fundamental, mas continuar com a prevenção é imprescindível para vencer a pandemia", alerta.

Preocupações

Infectologista e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Dalcy Albuquerque explica que a imunidade de rebanho, que seria alcançada quando 70% da população total completasse o ciclo vacinal, não é mais válida para covid-19. "É um vírus que tem muitas mutações, e as vacinas não respondem da mesma forma a todas as variantes. É por isso que vemos, agora, a necessidade de uma dose de reforço", argumenta.

Atualmente, podem receber a dose de reforço, no DF, idosos com 80 anos ou mais e imunossuprimidos graves com mais de 18 anos — que se encaixam no grupo de comorbidades. A aplicação da terceira dose possibilitou que a farmacêutica Natália Lopes de Freitas, 23 anos, acompanhasse o avô, Rubens Lopes Gonçalves, 80, na UBS 1 da Asa Sul para ele tomar o reforço. Emocionados, os dois comemoraram. "Perdi um primo e um sobrinho para a covid-19. Quem não quer tomar a vacina, não tem juízo", protesta Rubens. A prima de Natália e neta de Rubens, Isabela Lopes Borges, 13, estava junto e recebeu a primeira aplicação.

O infectologista Dalcy esclarece que, quando o DF chegar a 70% da população total com o ciclo completo, pode haver redução de casos graves e da circulação do vírus, o que deve inibir o surgimento de variantes. "Isso depende muito, também, do comportamento da população. A pandemia não acabou, não temos nem perto de 70% dos 3 milhões de habitantes imunizados e precisamos seguir com os protocolos de prevenção", completa.

A vacinação dos adolescentes com 12 anos ou mais começou com grande movimento, nessa terça-feira, no DF. Nesta quarta-feira (29/9), a Secretaria de Saúde disponibilizou 35 locais de atendimento a esse público e 28 para maiores de 18 anos. Nessa terça, o servidor público José Eduardo Lins, 54, levou os filhos, Enzo, 12, e Bernardo

 

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  • Rubens, 80 anos, tomou a terceira dose. A neta dele, Isabela, 13, estava junto e recebeu a primeira aplicação
    Rubens, 80 anos, tomou a terceira dose. A neta dele, Isabela, 13, estava junto e recebeu a primeira aplicação Foto: Ed Alves/CB/D.A Press
  • Rubens, 80 anos, tomou a terceira dose. A neta dele, Isabela, 13, estava junto e recebeu a primeira aplicação
    Rubens, 80 anos, tomou a terceira dose. A neta dele, Isabela, 13, estava junto e recebeu a primeira aplicação Foto: Ed Alves/CB/D.A Press

Surto próximo do fim

O Lar dos Velhinhos Maria Madalena, no Núcleo Bandeirante, após passar por surto de covid-19, tem apenas um idoso em isolamento e não registrou mais nenhum óbito pela doença. Foram 41 infectados, sendo 35 residentes e seis colaboradores. Dois idosos morreram. O estado de saúde do único interno que ainda está em isolamento é estável. A casa segue com os cuidados não-farmacológicos de prevenção e aguarda a aplicação da terceira dose, marcada para 5 de outubro.

Média móvel cresce no DF

"A média móvel de casos da covid-19, no DF, vinha em queda, por conta do crescimento agressivo e positivo das pessoas vacinadas com duas doses, e jovens recebendo a primeira aplicação. Quando temos um movimento em determinada direção — como queda — algum evento precisa acontecer para reverter a situação observada. A média móvel de casos parou de cair e começou a subir cerca de seis dias atrás — tempo médio de apresentação de sintomas — depois das manifestações em 7 de setembro. Esse aumento tem sido constante há 15 dias, e a média está subindo cada vez mais, podendo chegar a níveis ainda mais altos. O crescimento não é instantâneo, mas acontece em forma de onda. Os infectados diretamente nas manifestações causaram uma pequena modificação instantânea no número — o cálculo parou de cair imediatamente após os protestos —, mas a ascensão a longo prazo é maior e capaz de reverter a tendência de queda, devido à infecção dos contatos próximos dos contaminados nas manifestações — transmissões secundárias e terciárias —, comportamento que favoreceu a disseminação do vírus."

Breno Adaid, pesquisador do Centro Universitário Iesb e doutor em administração e pós-doutor pela Universidade de Brasília (UnB) em ciência do comportamento

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